sábado, 10 de dezembro de 2011

Impedimento

Queria por pra fora
E não consegue
Uma dor que não se mede
Um espaço que não se cede.

Queria estar contente
Mas não consente
Espaço pra alegria
Dor de quem tem alma ferida.

Queria estar sã
E não insana
Dor que apunhala e mesmo resvala
Na falta que o tempo deixou.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Resquícios

Se hoje eu partisseFicariam os rabiscos na mesa
As perguntas no ar
As dúvidas sobre os pés.

Se hoje eu partisse
Sobrariam os planos
Os anos, os sonhos.

Se hoje eu partisse
Levaria daqui vários mundos
Mundo de gente vivida,
Vida repartida entre os dias.

Se hoje eu partisse
O que de mim ficaria?
O coração doce, a disposição inerte?
As muitas palavras, os muitos escritos, os poucos não ditos?

O som da voz, dos passos, dos gritos?
Do choro sempre sentido?
Ou as palavras tenras, o ouvido manso, o coração de carne?

Se hoje enfim eu partisse, que parte de mim persistisse?

domingo, 27 de novembro de 2011

Quis muito
Teve uma gota.
Gota que não sacia a sede
Sede de pele seca.

domingo, 20 de novembro de 2011

Enquanto o sonho não vem.

Quando o sonho é distante
Se contenta com a realidade
Não deixa de viver o sonho
Não mata a fé na realidade

Quando não acha o que procura
Foge pro bom
Pro distante
Pro sonhado.

Sonhando em um dia achar lugar
Lugar que igual ao sonho não há.
Sonho tomado de vida .
Vive porque precisa sonhar.

Quando o daqui não basta
Pega emprestado dali.
Um pouquinho, só enquanto o amor não vem.
Uma espera, só pra sonhar que tem.

Viver tal como se é
Ser feliz só com o que se tem
Não impede de sonhar
Sonho esse que nunca vem.

É o sonho que alimenta,
É a vida que faz sonhar.
Vivendo na terra firme.
Sonhando em um dia encontrar.

Peça guardada num canto.
Canto vazio de espera.
Espera que o tempo adormece.
Enquanto o sonho não vem.

domingo, 13 de novembro de 2011

Invasão

Me deixe quieta parada num canto.
Me deixe perdida sonhando na esquina.
Me deixe levantar um muro tão alto
Me deixe largada queimando no asfalto.

Me deixe ao relento que eu preciso do vento
Me deixe a deriva que clamo pela brisa
Me deixe ao largo que eu preciso de espaço
Me deixe no chão que eu não preciso de mão.

Não bata na porta
Não entre no vão
Não peça saída
Não puxe minha mão.

Que eu bato a porta
Tranco o portão
Fecho a saída
Encolho a mão.

sábado, 12 de novembro de 2011

Porta Fechada

 Me encolher
Como papel amassado
Caco quebrado
Roupa molhada.

Manter tudo grudado
Como papel queimado
Vidro estilhaçado
Casal enamorado.

Quero o canto do quarto
O berço engradeado
O sono velado.

Espaço apertado
Corpo fechado
Lábio cerrado
Braço cruzado.

Caco juntado pra ver se cola
Cola cerrada pra ver se junta.

Clamo pelo silêncio da alma.
Slêncio de escola vazia.
Vazio de porta fechada.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Poema pendular

Oscilo entre o doce e o amargo
Entre o escuro e o claro
Entre a pureza e a solidão

Oscilo entre vento, temporal
Cais, mar, âncora e chão
Oscilo entre um lado e outro
Como um pêndulo que não se encontra são.

Oscilo entre vida e destino
Acaso e verdade
Pássaro suspenso
Semente plantada no chão
Oscilo entre paz e dor
Suspiros e louvor

Oscilo porque não posso
Oscilo porque não meço
Oscilo no espaço
Crasso

Oscilo entre mente e corpo
Espaço e pedaço
Cheio e vazio
Perene e Fulgás

Oscilo entre medo e ar
Dessassosego e perdão

Oscilo porque não posso
Não meço, padeço, mereço
Oscilo tentando parar.
Não paro.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Sentidos

Sempre
Nunca
Acaso
Verdade
Senso bom
Sentido ruim

Vida que segue
Acaso que passa
Destino que embassa

Sim e não
Casa abraço
Embaraço do lado
Virado pro chão

Senso de vida
Sentido partido
Caço palavras
Caço sentidos
Pra sentir

Despretenciosamente

Um tempo de mudanças é tempo que se amadurece sem saber como. A gente só se dá conta do que fez, do que sabe, do quanto andou, quando trilha caminhos parecidos. Assim dá pra descobrir a genialidade da vida. Poder passar por diversos caminhos, olhar pra trás e ver os atalhos que pegou, os que deram certo, os que levaram a outros rumos, os que tinham mais espinhos, os que levavam a lugar nenhum...
A delicadeza certeira da vida se mede pelas aprendizagens. É encantador ter a chance de viver várias coisas de formas diferentes, de aprender com os erros, de refazer, reviver, sempre num movimento em espiral. "Um homem não entra no mesmo rio duas vezes." O homem rio já não é o mesmo, o homem também não.
Me orgulho dos meus acertos assim como prezo cada um dos meus erros, cada tropeço, cada queda vivida, sentida, chorada, frustrada. Do chão não passa, já dizia a minha mãe. "Opa, caiu? Ah, foi só um susto" diziam as professoras da escola antes que a criança começasse a chorar pela queda. "Levanta, limpa o joelho e volta a brincar". Que seria da gente se ficássemos parados com medo de levantar, e tornar a cair?
As vezes sinto que a vida nos leva de volta aos mesmos pontos, como se dissesse: "Tenta de novo." E se a gente tenta e ainda não conseguiu daquele jeito, ela espera o susto passar e novamente nos bota frente ao mesmo ponto, dizendo: "E agora, quer tentar de novo?"
As vezes tentar de novo não significa querer acertar, e sim saber tentar. Aliás, me pergunto onde fica o acerto, será que há mesmo um fim a se chegar? Ou o importante é o caminho, o que a gente aprende com ele, os que passam por ele, o que os outros aprendem com a gente. Não é isso que fica? .Tudo é aprendizagem,já dizem por aí...
 "Você um dia vai rir disso tudo, acredite!" "Tudo passa". São frases que a gente tá tão acostumado a ouvir das mães, avós e conselheiras, e que na hora do aperto, a gente diz "Você diz isso porque não é com você." Claro, e justamente por isso. Na hora do temporal a gente quer que passe mesmo. Quer mandar a dor embora, juntar os pedacinhos bem juntinhos pra ver se eles grudam de novo. As vezes a gente consegue, as vezes, não. As vezes em muito tempo, as vezes não. Mas que passa, passa... e a temos a oportunidade divina de olhar pra vida novamente com olhos curiosos, apaixonados, extasiados.Não é a toa que essas frases viraram senso comum. Não é a toa que a maturidade faz bem. Há que se ganhar alguma coisa com o envelhecer do corpo, com a história, com o tempo, com as tempestades. Nem que seja o fato de não dar tanta grandeza pra elas, nem que seja botar um belo casaco e um enorme guarda-chuva pra enfrentar o tempo lá fora. Nem que seja pra se surpreender porque ela passou antes de você descer do onibus e você nem precisou do guarda-chuva.
Crescer é aprender a conviver com os "nao sei" "talvez" da vida... porque no fundo ela tudo mesmo um grande não saber. Não se sabe a hora de nada, não se pode controlar o tempo, o acaso, o destino.  É a vida é uma sucessão de supreender-se, de caminhos que não se sabe onde vão dar, de cruzamentos imprevisíveis, novos atalhos...
Sempre quis entender tudo, explicar o inexplicável e, saber o fim da linha, prever o futuro! Sempre tentando evitar surpresas, boas ou ruins. Assim não me decepcionava, mas também não tinha alegria das boas surpresas! Tentava prever o fim de um caminho, antes de começar  a andar, pra poder escolher se ia mesmo por ele ou se tentava outro mais seguro. Se alguém me falava de um filme, perguntava antes se o final era triste ou feliz, na intenção de decidir se veria ou não. Com isso perdia o meio, o caminho, o processo. Quantas coisas poderia ter aprendido com um simples filme de final triste? Talvez esses sejam esses os melhores...
Viver despretenciosamente é mais leve, mais tranquilo, e também mais difícil.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Tempo e espaço.

O tempo perdido no tempo
O tempo perdido no espaço
O tempo perdido na espera

O caos misturado em passos
Passos pra trás, pra frente
Passos e entre passos
O que fica no meio?

A espera do tempo
Tempo que se move no caos
Tempo que não espera
Espera que não suporta a chegada
Chegada do ponto final.

Medo do tempo
Medido no espaço
Sem passo no claro
Passo que anda no escuro
Passo às cegas, cadarço no chão.

Tropeço, queda, levante, em diante.

É o tempo do passo.
É o espaço do escuro.
Sobre a alma, sente a espera.
Espera que não dá passo.
Espera que não dá tempo.

terça-feira, 8 de março de 2011

Amor guardado

Eu tenho um mundo de amor
Amor que não cabe nos braços
Amor que não cabe dentro em si.

Amor que quer correr e abraçar
Amor que quer viver e se dar
Amor que é maior que o mundo.

Amor que enfrenta a terra, o céu
O limite, o sol, o inverno.

Eu tenho um mundo de amor dentro de mim
Amor destinado
Amor traçado
Amor certo

Amor sem medo de ser piegas
Amor sem medo de se dar
Amor que precisa de espaço
Amor que precisa de tempo.

Eu tenho um mundo de amor pra dar
Pra sorrir
Pra cantar
Pra olhar.

Amor que já não cabe mais em si
Amor que precisa ser dado
Amor que precisa de destino

Não cabe mais dentro em si
Não sabe mais viver dentro
Precisa ir
Ser levado, ser amado.

Eu guardo dentro de mim um amor sem fim
Amor guardado, amor criado, amor que se basta
Amor pra ser dado, que cresce, toma conta.

Amor que precisa do ser amado.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

 "Diz quantos desastres tem na minha mão
Diz se é perigoso a gente ser feliz"

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Arte Extraordiária

O Na Corda Bamba dá uma pausa nos poemas intensos para falar em prosa sobre uma experiência incrível vivenciada há menos de três horas.
Trata-se do filme " Lixo Extraordinário", que conta a história de diversos catadores de lixo (ou catadores de material reciclável, como eles mesmo se entitulam) que participaram das criações de Vik Muniz.
A expressão, a história e até a dor de cada personagem, aliada a vontade de mudar o mundo do artista, nos traz um traço de como podemos entender e exergar a dignidade humana.
Talvez esses, que viviam (digo viviam porque não vivem mais, mudaram de vida) imersos em sujeira, micróbios e expostos a doenças, misturando carne humana com lixo; experimentando de uma qualidade vida que muitos sequer consideram vida. Esses são talvez cidadãos dos mais dignos que já pude ver.
O filme mostra uma vontade de mudar o mundo, misturada com uma mudança de mentalidade, de sensibilidade e autoestima trazida pela arte. E é ela, junto com a dignidade, a personagem principal desse filme.
É a arte a combinação de sons, palavras, gestos, cores, materiais que geram uma reação em cada pessoa. Em certo momento Vik pergunta a Sebastião se alguma coisa deixa de ser arte porque não desperta nenhum sentimento ou  se isso ocorre por falta de conhecimento. A própria discussão dos dois, como na Maiêutica em que o professor tira do aluno o conhecimento que já está dentro dele, leva Tião a chegar a conclusão de que arte necessita sim, de conhecimento para ser apreciada como tal.
A mudança que a arte provoca na vida de cada um, o auto reconhecimento de cada um como ser humano e ser atuante no mundo. Os próprios foram transformados pela arte e foram meio de transformação na vida de diversas outras pessoas, assim como essa que vos fala.
A arte está então em juntar peças diversas de maneira única, juntar mateiriais desconexos de tal forma que outro não faria. Duas pessoas não pintariam o mesmo quadro com as mesmas tintas.
A arte está então na manisfestação interna de cada um, do desejo e não desejo transformado em produto interno. Daquilo que não pode ser exprimido como real total. A arte é o interior de cada um se utilizando de cores, pincéis, argila, palavras, bronze, mármore.
A arte então deixa de ser a mera reprodução para ser a produção única e autônoma de cada indivíduo acerca daquilo que vê, acerca das transformações que faz dentro de si, da maneira como enxerga e vive o mundo.
A arte pode estar em um simples olhar diferente para o céu azul do verão? Ou é necessária uma experiência e um produto concreto e externo para que deixe de ser sentimento e vire arte?
Vik Muniz e seu trabalho com os catadores, junto com obras e obras vistas, olhares e olhares perplexos sobre pinturas, me levaram a toda essa reflexão acerca do que é arte, por que se faz arte e entender que todos sim, somos artistas, a partir do momento em que todos nos expressamos no mundo de alguma forma.
Seria possível viver no mundo sem arte?
Talvez os próprios catadores ainda não tivessem podido experimentar o mundo com arte, talvez não tivessem ainda se dado conta da arte na própria vida.
Tião diz: "Um dia ainda vou comprar meu quadro de volta". Um devaneio talvez para quem o enxergue somente como um catador de lixo que teve uma pequena oportunidade dada por um artista de reconhecimento internacional e que, deslumbrado, teria que voltar a sua vida de pobreza e miséria. Pra mim, Tião é um sujeito pensante, atuante, reflexivo e detentor dos próprios sonhos e do rumo de sua vida.
Definitivamente não foi só o dinheiro das obras que transformou a vida dessas pessoas.
Foi a arte.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Ciclo

Dói
Lateja
Sufoca
Do sufocamento à calma
Da angústia à liberdade do ar

Respira
Aperta de novo
Dói
Lateja
Sufoca

Por um breve momento respira
Esquece
Enternece
Sente o ar

Expira
E aperta
Dói
Lateja
Sufoca

Respira
O ar entra com frieza
Sai com toda leveza

E fora sente o frio de que não sabe
Endurece
Aperta
Dói
Sufoca
Lateja
Lateja esperando pelo suspiro.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Silêncio

Precisa do silêncio
Da calma
Do espaço
Do vão

Precisa do tempo
Tempo de deixar
Tempo de assentar
Tempo pra calar

Precisa da pausa

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Pode-se

Quando bate o vento
Pode-se a porta fechar
Pode-se o trinco cerrar
Pode-se a chave cair

Quando chove
Pode cair tempestade
Pode serenar
Pode ser chuvisco ou granulado

Pode-se o tempo passar
Pode-se passar pelo tempo
Pode-se ficar no instante
Pode-se num instante estar

A porta pode ficar entreaberta
Pode fechar
Pode trancar ou até emperrar
Pode o vento ser leve
Pode a chuva soprar forte

Pode ser brisa
Pode ser maresia
Pode ser tempestade

Há que se entender o poder
Há que se saber esperar
Há que se cumprir o sentir
Há que se deixar de levar

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Venha

Venha quando quiseres
Quando tiveres sede
Quando sentires o chão

Venha com os pés
Mas que sejam os seus
Não os meus a te guiar

Venha de peito aberto
De alma lavada
De rosto tranquilo

Venha por si
Consigo
Com a sorte e a certeza

Venha pelo destino
Pelo traço já feito
Pelo caminho percorrido

Espero
Até o tempo que seja
Tempo em que a minha certeza
Ainda caiba na sua

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Dança

A esperança dança
Rodopia, segue o passo
Até onde a linha alcança

A esperança roda
Faz novelos de lã
Em cima do traço
Sabe que não é vã

A esperança é verde
Colorida, cor pastel
Cor de vento que assopra
Cor de folha que se mexe

Roda, roda roda
Anda pra trás
Movendo pra frente
Como uma dança sem passo certo
Como música de pé de ouvido.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Mais respeito

Mais respeito que eu sou grande
Mais respeito que eu sou forte
Mais respeito que apesar de curto,
Sou firme, intenso, bravo

Mais respeito que corto como faca
Que borbulho como água fervendo
Que aperto como último buraco do sinto

Mais respeito que não vou embora agora
Vim pra ficar
Ficar o tempo que der
Não o tempo que você quiser

Mais respeito que finco o pé
Não me mexo
Fico parado, mesmo se sacudido

Não sou leve como pluma
Não voo como papel no vento
Não vou embora como a água que escorre

Mais respeito que fico
Que faço
Que crio, construo e destruo

Mais respeito que sou teimoso
Mais respeito que sou valente

E se tentares, em vão,
Me tirar do lugar onde estou
Eu grito, eu clamo, eu faço barulho

Mais respeito que vou
Mas vou quando quiser
Quando for a hora de partir.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Músculo vazio

Músculo que pulsa
Vazio que se acumula
Parte que falta
Falta que não cabe

Vazio que não se contém
Buraco rasgado
Miolo arrancado
Aperto calado

Calado que grita
Quer sair
É preso
Não pode falar
Se cala
E pulsa.
E pulsa
E pulsa

Pulsa como quem quer ir embora
Como quem não pode esperar
Como quem quer agora

A não espera
A não demora
O contrário da falta
O vazio completo

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Vale mais que todas as palavras.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Montagem

Aos poucos tudo se volta,
Se encaixa
Se guarda novamente
Se guarda o antigo nas gavetas
Procura-se um lugar para o novo
O desconhecido
O que não havia antes

Há de haver uma gaveta pra guardar
Um espaço pra deixar
Um tempo que espere pra se encaixar

Há de haver recomeço
Reconquista
Retorno

Há que se remontar
Reorganizar
Juntar os cacos pra guardar

Com um quadro
Sem ordem e sem razão
Sem compreensão imediata
Sem ordem direta

Há que se ficar de pé
Remar contra a maré
Se manter fime, mesmo quando não da pé

Procura a gaveta
O espaço
O chão
A linha reta de ontem

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A volta

Precisa da calma de da cama
Do afago e do tato
Do diário e do afeto
Da tranquiliade de um gato

Precisa do rito
Do grito calado
Do respirar não falado
Do mar sossegado

Precisa do chão
Espaço sem vão
Precisa da terra
Lugar de quem erra
Mas volta pro seu lugar

Precisa do que segue
Do que fica
Do que está, estático
Lá parado no meio
Levante, pisante, calçado

Precisa do pão
Do lápis
Do giz e da criança
Relógio que passa
Tempo que permanece