terça-feira, 22 de abril de 2008

Cuidando do Jardim

Botar a semente
Cuidar da terra
Molhar o chão
Alimentar a alma

Cuidar do jardim
Molhar as plantas
Acalmar as palavras
Renovar a terra

Deixar respirar a flor
Deixar crescer o espinho
Se machucar cortar
Se doer deixar curar

Cuidar do Jardim
Arar a terra
Procurar as ferramentas
Deixar- se cuidar por elas

Plantar uma rosa
Deixar desabrochar
Vida nova que segue
Ar que entra
Ar que Sai

Deixar respirar a flor
Deixar brotar o grão
Deixar morrer a flor
Deixar respirar o grão

Ar que entra
Ar que Sai

Deixar o tempo seguir
Deixar a vida Fluir
Como quem sai num navio florido
Como quem floresce no mar corrido

Ar que vem
Ar que vai

Deixar a vida seguir
Deixar o tempo fluir
Deixar o ar conduzir
Deixar a vida seguir

E dançar, dançar, dançar....

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Encruzilhada

Direita ou esquerda
Frio ou Quente
Sul ou Norte ou
Leste ou oeste, ou nordeste
Ou Cinza ou Verde
Ou Isto ou aquilo

Mais ou menos?
Qual das portas?
A pesada ou a leve?
A do caminho mais comprido?
Ou a que leva mais mais longe?

Correr ou andar
Chegar cedo
Chegar.

Caminho certo ou busca incerta?
Busca certa ou caminho incerto?
Seria busca se essa fosse certa?
Seria incerto sendo sempre busca?

Siga a seta
Dobre a esquerda
Dobre a direita
Siga a reta

Faça a curva
Tome o atalho
Siga em Frente
Procure o retalho
Tic Tac Tic Tac

Na imensa estrada que nos persegue há sempre uma encruzilhada, não há como fugir.

domingo, 13 de abril de 2008

E convidou-a pra rodar...

Quando se está imerso em algum problema, quando estamos presos lá no fundo do abismo sem enxergar a luz lá fora, se divertir pode ser uma coisa muito complicada e difícil. Em outros momentos ela pode ser muito simples.
Gosto de dançar. Sempre gostei, desde que me lembro dos tempos de mikonos. Houve uma época, aquela em que a gente se acha desengonçada e estranha, em que achava que não sabia dançar. Dançar qualquer música. Dançar junto era coisa de casal e eu ainda era muito nova pra entender o que era uma gafieira. Depois fui crescendo e descobrindo que cada um dança do seu jeito e que o bom de dançar era a gente se integrar com a música e sentir ela lá, bem no fundo. Tão fundo que a gente precisasse botar ela pra fora, assim por todos os poros.
Então eu dançava, dançava dançava. Em festas, casamentos, boates.E os melhores momentos eram aqueles que tocava aquela música que eu mais gostava ! Era tão bom que parecia que dançar e cantar com todas as forças não era suficiente pra demonstrar toda aquela energia.

"Eu perguntava do you wanna dance,
e te abraçava do you wanna dance.
Lembrar você, um sonho a mais não faz mal."

Depois de um tempo eu descobri o forró. E aí vi que dançar juntinho, além de ser muito bom, não era só coisa de casal. A gente ia pra pista e esperava ser tirado pra dançar. Depois que eu descobri o samba ah.... Aprendi a dançar samba, forró e gafieira, não sou uma exímia bailarina, mas o gosto por aquilo era tão grande que eu acabei aprendendo a me deixar levar.
Dançar desse jeito rodopiando no salão é se sentir livre mesmo tendo que estar no rítmo. A gente vai sendo levada pelo parceiro, rodopia, rodopia, deixa o corpo ir embora dentro da música, do tempo, dos passos.
Ontem tive a oportunidade de me divertir simplesmente com o prazer de ser levada. Alguém que me levava, me movimentava até o ponto em que estava tão imersa naquilo sem saber o lugar de cada coisa. Estava inebriada não sei se com o rítimo, os passos ou a música.
Se deixar levar pela música e pelo parceiro é descansar um pouco da responsabilidade que temos no dia-a-dia. Tomar decisões, ir, voltar, caminhar, dar um passo pra frente, dar outro pra trás, cumprir prazos, regras, trabalhar. Ali naquele salão, eu só tinha que me deixar levar, rodopiar, dançar... era só dar a mão deixar o corpo fluir. E isso era tão bom... Sem pensar, pois quando a gente pensa, erra o passo. É só deixar sentir a música, o rítmo e os passos vem .
E a gente rodopia, rodopia, rodopia
Gira, gira...
É como viver sem ter o peso da vida, das escolhas. Claro que as escolhas nos fazem seres autonomos e precisamos delas para viver com individualidade. Mas às vezes elas tornam a vida bem mais pesada e difícil. É nesss momentos que gostaria de estar no salão, ser tirada pra dançar e dançar a noite inteira, como que não tem hora pra chegar...

Ouçam "Valsinha" de Chico Buarque e acho que vão entender o que eu estou dizendo!

domingo, 6 de abril de 2008

"Quero um amor maior
Amor Maior que eu"

sábado, 5 de abril de 2008

Chico Buarque já dizia em "Roda Vida" que tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu, que a vida estancou de repente e outras tantas coisas. A grande mensagem da música é entendermos que tudo passa, alegrias, tristezas, dores... Meu pai me disse outro dia qu e tinha ouvido de um sujeito que a frase mais feliz e a mais triste se concentram numa só: "Tudo Passa" . Tudo que é ruim passa e tudo que é bom também passa.
Ando me deparando com uma certa impaciência quanto à esse tudo passa. Algumas coisas não tem passado e parece que ainda me encontro no mesmo redemoinho de alguns meses atrás.
Uma das coisas que mais me incomoda na vida é o sentimento de solidão. Tenho uma grande tendência a isso. Na verdade todos nascemos e morremos sozinhos. Eu mesma escolhi fazer uma grande viagem sozinha no intuito de me encontrar, de me curtir e de fazer voltar para mim o porto seguro que sempre colocava em outras pessoas.
Infelizmente nem todas as metas da viagem foram cumpridas e eu me encontrei num estágio anterior: mais medo, menos independência, mais recolhimento, menos divertimento.
Ainda nao consegui entender o mecanismo que me fez sozinha no mundo ficar mais dependente dos que estavam aqui. Fato é que hoje trabalho mais, saio menos e não me sinto tão feliz com isso não. Já estou em casa, mas o sentimento de solidão continua batendo forte, assim como se eu tivesse há kilômetros de distância da minha família e dos meus amigos. Ainda escuto a velha frase: "Isso passa, é uma fase." Me pergunto até que ponto é uma fase meio reclusa mesmo ou até que ponto temos que dar um empurrazinho a tal da fase para que ela saia logo de nossas vidas. Ando tentando dar o tal empurrão, mas ela parece que teima, quer ficar, não desiste !
As vezes eu me canso e vou deixando ela me levar... vou ficando em casa, deixando passar os dias. As vezes brigo, choro e esperneio mandando ela ir embora logo! Mas, como dissemos no início do Post é mesmo uma roda viva e por mais que eu empurre ela roda sozinha e vai levando a tristeza pra lá.
Bom, vamos ver em quanto tempo a roda viva leva ela pra lá...