espaço do equilibrista para pensar, refletir e atravessar a corda, que nunca termina, sempre se transforma.
domingo, 1 de dezembro de 2013
Raiva
Do passo que a raiva
Do espaço que não caiba
Do egoísmo escondido
Da falta de amor que é sentido
Me entranho num mundo particular
Sem saída, sem portas, sem ar.
Me espalho por mim mesma
Num círculo sem fim.
Quem é você pra atrapalhar meus sonhos?
Quem é você que entraste aqui pra resolver os seus?
Saia que esse espaço não é seu.
O espaço é meu. O estrago é só meu.
Não pense que mato você de raiva
Não pense que te rasgo por entre a raia
Pense que me esmago por debaixo da saia
Que me contraio pra que aquilo não saia.
terça-feira, 8 de outubro de 2013
Chão
As coisas se constroem em cima do chão
O barro precisa da água pra se endurecer
A casa precisa do chão pra não se esmorecer.
As coisas se constroem assim como o pão.
Massa pra descansar, fermento crescer.
E tempo pra poder ganhar.
Tempo que há de se ter que perder.
As coisas se constroem em cima do chão.
Pedra em cima de pedra
Cal por cima do pó.
Raiz que se entremeia na terra
Folha que nasce do grão.
As coisas se constroem sobre um chão.
Fogo sem brasa, aperto de mão.
Pluma que é leve, levada no vão.
As coisas se constroem pra ficar no chão.
E assim, dia após dia, deixo a porta aberta
Pra que você venha ou não.
Deixo-te livre
Pra construir comigo seu chão escolher outro portão.
O barro precisa da água pra se endurecer
A casa precisa do chão pra não se esmorecer.
As coisas se constroem assim como o pão.
Massa pra descansar, fermento crescer.
E tempo pra poder ganhar.
Tempo que há de se ter que perder.
As coisas se constroem em cima do chão.
Pedra em cima de pedra
Cal por cima do pó.
Raiz que se entremeia na terra
Folha que nasce do grão.
As coisas se constroem sobre um chão.
Fogo sem brasa, aperto de mão.
Pluma que é leve, levada no vão.
As coisas se constroem pra ficar no chão.
E assim, dia após dia, deixo a porta aberta
Pra que você venha ou não.
Deixo-te livre
Pra construir comigo seu chão escolher outro portão.
domingo, 1 de setembro de 2013
Desenho apagado
Na folha quadrada e branca
Desenhou um castelo de madeira
Pintado de branco
Com torres altas
Com portas abertas.
Foi desenhando lagos, patos,
árvores e flores coloridas.
Mas eis que o desenho não cabia no Espaço,
Não cabia no Tempo
Pra Vida, ainda não era hora.
Quem deu ordens de desenhar tantas cosias?
E desatou a desconstruir o que a Vida não tinha pedido.
Foi apagando os traços das torres,
Tirando o azul do lago,
O verde das árvores e arrancando as flores uma a uma.
A Vida não deixou que ficasse uma só grama no papel.
Quem era aquela a lhe desafiar? Colocando flores onde ela queria pedras?
Pintando lagos onde ela queria terra?
Por último a Vida mandou fechar as portas do castelo. E que ela só abrisse quando mandasse.
Afinal, era preciso proteger o castelo e era Ela que dizia quando abrir as portas.
Mas a menina queria abrir todas as portas, os vidros, as janelas. Queria grama e flores coloridas.
Mas com a Vida não se discute. Numa rajada de vento fechou as portas.
E a menina obedeceu, na esperança que o Tempo as abrisse.
Pressa
Quis apertar o passo
Atar depressa o laço
Quis escapar do compasso
Queria ir mais depressa
Sair do espaço
Traçar a linha reta
Esqueceu que não sabia
Daquilo que mais queria
Esqueceu-se que da reta não sabia
Só conhecia linha torta
E chorou por dentro
Com medo dos caminhos tortos
Com medo dos atalhos mortos
Aqueles que não levam a lugar nenhum.
Tinha pressa
Tinha sede
Tinha medo.
Atar depressa o laço
Quis escapar do compasso
Queria ir mais depressa
Sair do espaço
Traçar a linha reta
Esqueceu que não sabia
Daquilo que mais queria
Esqueceu-se que da reta não sabia
Só conhecia linha torta
E chorou por dentro
Com medo dos caminhos tortos
Com medo dos atalhos mortos
Aqueles que não levam a lugar nenhum.
Tinha pressa
Tinha sede
Tinha medo.
sexta-feira, 16 de agosto de 2013
Amo com todo o peito
Amo sem receio
Amo sem medo do seio
Amo pela tela
Te vejo pela janela
Amo sem razão
Amo sem condição
Amo sem mesmo noção
Do tempo que ainda vai passar
Do caminho que queres trilhar
Amo mesmo assim
Porque amo é quando se diz sim
Sem volta e sem sim.
Na simplicidade daquele que é assim
Amo sem receio
Amo sem medo do seio
Amo pela tela
Te vejo pela janela
Amo sem razão
Amo sem condição
Amo sem mesmo noção
Do tempo que ainda vai passar
Do caminho que queres trilhar
Amo mesmo assim
Porque amo é quando se diz sim
Sem volta e sem sim.
Na simplicidade daquele que é assim
Ela em marrom
Ela Ela Ela
O cabelo dela
A pele era dela
O corpo era nela
Ela, sem ela
Com ela muito dela
O marrom algemado
O preto engessado
Ela, não ela
Vista sem ela
O corpo despido
do azul enverdecido
A prata do colo cai
O sono assim se esvai
Era com ela
Sempre com ela
Meu corpo se caía vão
O inverno temeria então
A vida sem ela
O espaço que é dela
O mundo é ela.
Ela. Ela.
O cabelo dela
A pele era dela
O corpo era nela
Ela, sem ela
Com ela muito dela
O marrom algemado
O preto engessado
Ela, não ela
Vista sem ela
O corpo despido
do azul enverdecido
A prata do colo cai
O sono assim se esvai
Era com ela
Sempre com ela
Meu corpo se caía vão
O inverno temeria então
A vida sem ela
O espaço que é dela
O mundo é ela.
Ela. Ela.
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
Há que se ir mais longe
Há que se cruzar mares
Há que se distinguir distante
Há que se opor talvez semelhante.
Há que se ir mais fundo, longe
Há que se procurar destinos
Há que se pulsar vibrante
Há que se alimentar a alma.
Procuro no que não vejo
Não acho aquilo que tanto almejo
Porto seguro onde não há cais
Prova de que não existe a paz.
Parto sem rumo
Buscando a vida aberta
Sem linha reta
Sem aresta, sem meta.
Em busca daquilo que não se vê
Em torno do mundo que ninguém crê.
segunda-feira, 12 de agosto de 2013
Em suspenso
Saio do prumo
Me crio um novo rumo
Distante aquilo costumo
Salto de busca soturna.
Me tirastes da reta
Sem seta, sem âncora,
sem estrada correta
Não busco, apenas caminho
Decidindo na incerteza
Indo pra correnteza
Me tirastes do chão
Levaste-me ao sobressalto
àquilo que não se assenta
àquilo que não se contenta
Algo que não representa.
E sigo na borda, sem rota
Sem ponto fixo pra chegar.
Andando de sobressalto
Flanando, vagando.
sexta-feira, 9 de agosto de 2013
Anseio
Tens o que me falta
Anseias o que em mim retarda
Marchas quando me quedo em falta
Leves liberta-te em pluma
Enquanto voo baixo como chão
És livre e alto
Supondo o não
Destemendo o vão
És fogo aberto
joia simples e rara
Mão seca e espalmada
Liberta, voas num salto
Eu, toda em mim
Me fecho, me escapo
Me quedo
És alma.
Anseias o que em mim retarda
Marchas quando me quedo em falta
Leves liberta-te em pluma
Enquanto voo baixo como chão
És livre e alto
Supondo o não
Destemendo o vão
És fogo aberto
joia simples e rara
Mão seca e espalmada
Liberta, voas num salto
Eu, toda em mim
Me fecho, me escapo
Me quedo
És alma.
domingo, 4 de agosto de 2013
Se no espaço só coubesse um traço
Se no passo só sobrasse um abraço
Se no semblante só tivesse o percalço.
Mesmo assim
Mesmo no fim
Mesmo te amaria.
Te amaria no meio da praça
Jogada na noite
Sofrendo de escapada.
Te amaria de braços abertos
De lenços cobertos
De lençóis entreabertos.
Te amaria de um jeito ou de outro
Caminho esse meio torto
Indo contra a corrente do vento.
Te amaria no espaço da noite
Na contra mão do mundo
No vestido verde que se fecha.
Te amaria no mundo impossível
Naquilo que não é cabível
No espaço que sobra vazio.
Se no passo só sobrasse um abraço
Se no semblante só tivesse o percalço.
Mesmo assim
Mesmo no fim
Mesmo te amaria.
Te amaria no meio da praça
Jogada na noite
Sofrendo de escapada.
Te amaria de braços abertos
De lenços cobertos
De lençóis entreabertos.
Te amaria de um jeito ou de outro
Caminho esse meio torto
Indo contra a corrente do vento.
Te amaria no espaço da noite
Na contra mão do mundo
No vestido verde que se fecha.
Te amaria no mundo impossível
Naquilo que não é cabível
No espaço que sobra vazio.
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