quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Na Corda Bamba também é cultura


Whaterhouse




Odilon Rendon



Matisse




Mairie Laurecin


Roubado de Leo Hallal!

Algumas respostas

Incrivemente Fragmentos Alheios me deram algumas possíveis respostas hoje para as perguntas de ontem:

"Entre a raiz e a flor há o TEMPO."(Drummond)

"Um homem não pode fazer o certo numa área da vida, enquanto está ocupado em fazer o errado em outra. A vida é um todo indivisível."
(Mahatma Gandhi)


"A liberdade é a possibilidade do isolamento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo."
(Fernando Pessoa)


Fonte: Blog Fragmentos Alheios

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Crise dos vinte e tantos anos


Dinheiro. Conhecimento. Sucesso. Inteligência. Estabilidade. Casamento. Filhos. Diversão. Amigos. Dinheiro. Sucesso. Estabilidade. Felicidade. Satisfação. Nossa, é muita coisa a alcançar ao mesmo tempo antes de chegar aos 30.
Casar ou comprar uma bicicleta? Investir na carreira a longo prazo ou ganhar dinheiro a curto?
Viajar ou sair de casa? Procurar um bom emprego ou ficar naquilo que se gosta?
Investir a curto ou a longo prazo? Metas? Objetivos? Plano de carreira? Lazer ou trabalho? Dá pra manter os dois e estabilizar o futuro?
Sair de casa e construir a própria vida ou ficar em casa pra juntar dinheiro?
Juntar dinheiro: pra sair de casa, viajar de férias pro nordeste ou fazer um curso na europa?
Morar sozinho ou dividir com alguém?
Morar sozinho?
Fazer cursos ou outra faculdade? Mestrado ou especialização? Carreira acadêmica ou profissional?
Procurar ou deixar aparecer? Relaxar ou correr atrás?
Estudar no exterior ou fazer carreira no Brasil?
Se estabilizar, ganhar dinheiro, ou sair por aí procurando novas coisas?
Ufa! cansei!

domingo, 18 de janeiro de 2009

Muletas

Ando me despedindo das muletas. Andar pelos próprios pés e só por eles é liberdade que dá gosto. Felicidade enorme. Sensação de grandeza, completude, infinito de possibilidades. Me despedi. Eu. Não foram elas que me abandonaram. Fui tirando aos poucos, andando devagarinho, pé ante pé. Quando vi já estava correndo. Mas era só uma primeira tentativa, coloquei-as novamente e esperei outra oportunidade de tirá-las.Tentei mais uma vez. Corria melhor e mais veloz. Resolvi então me despedir totalmente, colocar no armário, no fundo de uma gaveta. Espero não precisar mais delas. Andar lado a lado é melhor que andar de muletas.
É bom saber que elas continuam na gaveta, mas que eu, podendo andar de pé, não preciso mais delas. Posso andar, pular, dar cambalhota, correr, saltar, fazer estripulias. São inúmeras possibilidades sem elas. Com elas, eram poucas.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Responder por si

Tomar decisões é um ato de extrema coragem. Pode-se perguntar daqui, pedir um conselho ali, mas no final de tudo, a decisão é sempre nossa. Ato de coragem decidir sem saber o que há de vir, sem saber se há arrependimento ou confirmação da decisão tomada.
Ser o único responsável pelas decisões tomadas pode ser tão libertador quanto amedrontador. Se é livre para se ir aonde se quer, mas sem saber aonde pode chegar o caminho arriscado.
Alguns preferem abdicar de tal liberdade tamanho o medo de não estarem tomando o melhor caminho. Perguntam demais, deixam que outros os digam o que é melhor, se eximindo da responsabilidade e da liberdade. Outros preferem ter toda a liberdade mesmo sabendo do risco de se tomar todas as decisões sozinhos. No final, somos os únicos responsáveis e sofredores das consequências das decisões que tomamos. O poder de deter essa responsabilidade é tão nosso quanto o corpo em que vivemos.
Assim como o corpo é nosso, o caminho, a estrada, o que pode vir dela e onde ela deve chegar são nossos, propriedades e deveres nossos. Assim também como nós somos o retrato delas, das escolhas, das decisões, dos caminhos tomados.
Talvez não seja mais tão assustador quanto engrandecedor. Ter o poder de decidir por si mesmo nos dá a rédea da vida. Pro bem ou pro mal. Sempre sabendo que podemos consertar, voltar a tras, mudar, reorganizar. Nascemos sozinhos, crescemos sozinhos, morremos sozinhos e principalmente, decidimos sozinhos.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Um pouco de Clarice

“Está sempre numa situação pelo menos de semi-crise. Ela aplica intensidade ao que não a merece. A tudo empresta uma paixão que exorbita do motivo da paixão. E a frivolidade se manifesta ao dar importância às espumas da vida. Uma vez uma coisa alcançada, ela não a deseja mais.”
In: "Sopro de Vida"


“Coisas que aprendi...
Você não acha que cada uma de nós poderia escrever pelo menos um folhetozinho, se não um livro (as felizardas), sobre as coisas que foi aprendendo na vida?
O que é que você aprendeu, por exemplo? Em aprender, vale tudo. Eu, por mim, não aprendi muito – e isso é porque valorizo cada fiapo de ensinamento que os dias foram me dando. E valorizo sobretudo o que aprendi à minha própria custa. Não é por vaidade, acho que é porque doeu mais aprender desse modo, custou mais caro q a gente esquece menos.Que é que você aprendeu, por exemplo, a respeito de conselho? Quero dizer dar conselhos?Aprendi que ouvir quem tem um problema é quase mais importante do que aconselhar. Enquanto a pessoa vai falando – e sabendo que alguém ouve realmente – ela própria vai se esclarecendo. Sem falar que desabafa também.Outra cosia que aprendi sobre o mesmo assunto, se você disser à pessoa que ela está “completamente errada”, você a coloca na mesma hora na defensiva, o que também significa “disposição de não aceitar”. E você que está com a melhor boa vontade do mundo em querer ajudar só consegue é criar uma infeliz animosidade.Conheço uma pessoa que descobriu um jeito muito bom de “contrariar”. Depois que ouve o maior absurdo responde pensativamente: “É, sim. Mas por outro lado... etc.” e então diz com suavidade o que realmente lhe parece."
(In: Correio Feminino) - Retirado do Blog "Fragmentos Alheios"

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Diálogo infantil

Professora tenta explicar aos alunos o que significa sogra.
- A sogra é a mãe do marido ou da esposa. Por exemplo: João, quando você se casar a mãe da sua esposa será a sua sogra.
Enquanto isso, Maria interrompe dizendo:
- Eu não vou me casar nunca!
A professora continua a explicação:
- Ou então, quando Maria se casar, quer dizer, quando eu me casar, a mãe do meu marido será minha sogra.
Maria interrompe mais uma vez:
- VOCÊ AINDA NÃO SE CASOU??????????? POR QUE??- pergunta espantada
Enquanto a professora, desconcertada, pensava em uma resposta sensata para dar a menina que não quer se casar, João respondia por ela:
- É porque você trabalha e tem faculdade, não tem tempo de ficar em casa, ?

Pano rápido!

domingo, 4 de janeiro de 2009

Aquilo de guardar

Tentava puxar o fio para chegar ao final da linha e descobrir então o motivo. Aquilo que já havia sentido mas não sabia o que era. Era sentimento recorrente, mas que há tempos não fazia mais parte de si. Nunca entendeu o que levava ele, talvez em alguns momentos tenha achado que entendia. Mas não. Agora era questão de honra entender o que lhe causava aquilo.
Sabia com todas as certezas que a razão poderia lhe dar, que havia sido uma noite suprema. Cheia de entendimentos e clarezas, amizade pra toda vida. Sabia que talvez não houvesse ninguém no mundo que lhe visse com tanta clareza, que lhe olhasse tão fundo, que pudesse enxergar sua alma e descobrir seu reflexo. Talvez ninguém desenrolasse tão fácil os fios emaranhados dentro dela. Pensou em ficar só nisso, desenrolando seus fios, ouvindo os fios dele que pareciam tão lisos, linhas retas. Mas não ficou. Nunca haviam estado tão próximos. Nunca tinha visto de tão perto sua alma. A dele e a sua. Tinha medo do que dizia, por isso às vezes preferia só ouvir. Receava sua alma não interessar tanto a ele quando a dele a ela. Ouvia e percebia que ele era sim de carne e osso, assim como ela. Com dores e desamores, paixões e reações. Já achou, antes, que ele era de outro mundo. Talvez fosse maneira de se proteger inventando que moravam em mundos diferentes. Mas não, moravam na mesma galáxia, falavam e entendiam as mesmas coisas, mas ele ainda parecia, de algum jeito, estar um plano acima. Talvez fosse só parecesse.
Encantou-se com o abrir de sua alma. Da dele. Não achava que fosse merecedora de conhece-la tão de perto. Ele parecia saber e entender de todos os seus males, dizia serem um só, mas não dizia o que era. Ela sabia que era dela a responsabilidade de tudo. De descobrir e desfazer os males, ou o mal.
Pode ter sido a melhor conversa vivida, tempo que não se passava, poderia ficar ali uma eternidade entre a luz vinda da rua e o gato na janela. Podia ser daí o motivo daquilo. Querer eternizar o momento. Querer fazer perdurar aquilo que já tinha passado.
Continuava então a batalha com aquilo. Batalha sendo perdida. Por mais que pensasse com a mente dele, mente que pensa no agora, que vê que a beleza do momento não precisa ser perpetuada, tem de ser vivida. Por mais que tentasse se encaixar na alma dele, não conseguia. Aquilo continuava pulsando, como veia.
Ainda era uma questão de honra, depois da noite vivida, tirar aquilo de dentro de si.Para que outras como aquela pudessem acontecer, mais clarezas, mais troca. Não queria mais aquilo. Queria ficar com a beleza vivida, deixar fluir e não querer guardar pra si. Mas queria. Tinha a péssima mania de querer perpetuar tudo. De guardar dentro de um pote para que não fugisse e pudesse recuperar no momento que lhe desse vontade.
Apesar de serem do mesmo mundo, não eram da mesma matéria, não eram feitos um para o outro, e ela sabia disso. Mas a proximidade daquela noite desconcertou os relógios. De novo.
Queria acertar o seu e voltar a ser como era antes. Ponteiros acertados. Hora certa, segura.
Sabia que já havia sentido aquilo antes, que era situação recorrente, mas precisava entender para se libertar. Era matéria de perpetuação? Ou medo de ser tão livre como ele? Ainda não conseguia desembolar os fios.
Mas ninguém desenrolava seus fios tão bem quanto ele.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Palavras e foguetes

As palavras saíram como um foguete rumo a seu alvo destrutivo. Iam com toda força e ânsia de destruir tudo, não deixar pedaço sobre pedaço. Era movido pela raiva, não há aplacamento nem condescendência. As palavras haviam saído e não voltariam mais. Assim como o foguete. Atingiram seu alvo, chocaram, destruíram, fizeram justiça.
Precisava acabar com todo o motivo de sua dor. Precisava extinguir tudo aquilo que ameaçava sua existência e a impedia de viver com dignidade. Era uma guerra, uma luta na selva pela sobrevivência. Era como se a existência do outro lhe tirasse a vida, lhe ameaçasse os dias, lhe tirasse a paz. Era preciso se defender.
Mirou seu alvo com todos os seus foguetes, que assim como as palavras não voltaram atrás. Mas não havia porque. Ela não queria voltar atrás. Tinha sede de vingança, ódio escondido, macabro, precisava exterminar qualquer um que fosse que a ameaçasse; afinal, era a sua sobrevivência, sua existência que estava em risco. Assim como uma leoa defende sua vida e sua cria dos predadores, ela precisava defender a sua. E como todo bicho, pra se defender, atacava.
Não sabia de onde, do fundo, começava isso. Sabia da sua dor, do seu medo e do culpado de tudo isso. Precisava acabar com ele, antes que ele acabasse com ela. Era matar ou morrer.
Mas não era bicho. Era gente. E como gente que tem alma, sofre com as palavras ditas, com os foguetes que não voltam. Não gosta de caçar, de exterminar, o faz por sobrevivência, mas essa lhe custa a dor de matar, dor de culpa, dor de sofrimento do outro. Por alguns momentos não diferencia a sua dor do outro, suas vidas estão misturadas, enlameadas, indissociadas. E ferindo o outro em busca de vida, acaba ferindo-se, sangrando.
Era preciso saber onde começava. Era preciso dissociar, clarear, limpar, fazer duas vidas separadas. Era preciso compreender e sentir que aquela vida, separada da sua, não ameaça sua existência. Era preciso separar, desintoxicar, desaglutinar. Era preciso não precisar ferir, matar, lançar foguetes, defender a cria.
Era preciso sentir-se única. E assim as palavras não precisariam mais sair como foguetes.