sábado, 29 de dezembro de 2012

De almas coladas.

Ando até ti
Passos calmos
Longa espera

Estás diante de mim
Longos passos
Tenra espera

Aproxima-se como flor que brota no deserto
Abre-tes como mão que se estende a quem tem frio.
E acato.
E  procedes.

Mãos calmas e quentes
Corpo frio e dormente
Te recebo feito cama
Vens a mim de corpo em chamas.

E assim, como dois corpos juntos, almas ligadas entre si.
Dizemos adeus cada um segue seu fim.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Sim

Não sei se cabes
Não sei se saber
Não gosto de acabes
Não sei por onde entrares

Desaperto os cintos
Desabotoo os botões
Pra que enfim sejas simples
Pra que enfim sejas um sim.

De certo não soube
Pra onde enfim fores
De onde viestes
Que o caminho soubestes.

Pedes espaço
Te clamo um abraço
Do fato que não tem fim
Do abraço te digo um sim.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Poema do amor da tarde

O amor desperta o melhor de mim
As cores mais brilhantes
Os risos mais largos
Os passos mais ousados

O amor me desmancha os desprazeres
Me faz sorrir ao meio dia
Me embala ao longo do tempo. 

O amor me espalha pelo mundo
Me resgata lá do fundo
Faz pontinhos coloridos.

Sabe-se lá amor de quem
Amor que é de ninguém.
Não importa
É o amor que me convém. 

sábado, 10 de novembro de 2012

Corpo quente

Corpo quente
Terreno fértil
Vago como quem busca
Corpo que se atém a sede.

Corpo que o dia amanhece
Terreno de sede padece
Clamo de te desejar
Aguardo sem tanto esperar.

Tenho sede
Sede seca
Seca e quente
Corpo corrente.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

À espera

Tempo curto
Noite esguia
Em parte estremeço
Em parte me guias

Tu és de poucas palavras
Meus verbos a torto se alargam
De ti sigo seca aos pedaços
De mim segues plena aos percalços.

Tempo extenso
Noite vagueia
À espera das suas letras
À espera do seu tempo

Tempo que custa a passar
Espera se recusa a calar
Palavras que em mim não se calam
Palavras em que a ti custam falar.


domingo, 21 de outubro de 2012

Alma em cansaço

Se o espaço te invade
No enquanto se parte
Pedaço de alarde
Alvoroço metade

Se queimas e em parte ardes
Se tilinta mantendo o alarde
Não escapo porém do fato
Não descanso nem cedo um pedaço

Se em mim invades do topo ao passo
Se em mim manténs o espaço fechado
Não compro nem mato o que é crasso
Não comungo nem ato o desato

Queimas por dentro até cansar
Cansa por tanto de divagar
Divaga até o corpo parar
Para pra alma poder descansar.


quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Sapato perdido 2


Sapato perdido
Espaço encontrado
Gira-se no vão do retrato
Momento ainda não falado.

Perde-se no instante do trem
O passo que aperta e se esparsa
Anda, nas batidas
Corre querendo ficar.

Encontros e desencontros de almas perdidas
Talvez nunca encontradas no poder ser da vida.
Sentido não traçado, do corpo não esperado
Calça-se o sapato que antes nunca havia cabido.

Aperta o passo
Mesmo com o sapato apertado
Sofre de perto calado.

Oferece-se em flor
Não compreende o que pode ser amor
Sentimento escondido
Talvez já traçado
Talvez já perdido
Talvez ...

Sapato Perdido


Sapato perdido
Caminho encontrado
Manhã tão esperada
Corpo de pernas coladas

Sapato encontrado
No tempo perdido
Espaço engatado
No instante infinito

Sapato estendido
Antes escravo restrito
Da vida que havia prometido
Agora se alarga ao mundo.


terça-feira, 28 de agosto de 2012

Fim

É quanto que passa
Espanto que fica
Momento que esparsa
Sonhar esquecido

É o tempo que escassa
O passo vencido
Convém-me a raça
Entre estremecido

É passo que espalha
O vento que cala
Adormeço na sala
O amor estendido

Silêncio resvala
No canto se cala
Calor que se apaga
Num canto perdido.




sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Volta


Voltou pra casa
Voltou pro quarto esperado
Pra terra firme, apesar de distante

Ao som de um acorde se transportou no tempo
Se revirou no espaço
Como se fosse possível
O caminho através de uma só lembrança.

Voltou pra casa como depois de um dia longo
De um dia árduo
Como depois de batalhas perdidas

Voltou pra casa pra dormir uma só noite
Dormir pra descansar
Descansar recuperar sarar
As feridas das batalhas perdidas.

Voltou como num instante
Um instante eterno
Eterno de colo aconchegante
Mesmo que só em alma
Mesmo que fora do corpo.


segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Metade

Querer por tanto
Querer por um meio
Me queres em parte
Só posso com parte inteira

Não lido com gota metade
Não gosto de meia verdade
Da faca tenho piedade
No poço que esconde a saudade

Te ofereço corpo inteiro
Percalço sem freio
Espaço sem meio

Te ofereço peça única
Lugar vazio
Espaço aberto
Sorriso largo

Mas tens apenas o meio...

terça-feira, 31 de julho de 2012

Ordem

Primeiro o espasmo
O estrago
O espanto
O escrasso

Depois o medo
o nervoso o incomodo
o sintoma.

Chega a primavera e flores,
amores, as cores sem a dores.

Depois em paz adormeço
Ando nas nuvens
Vejo sonho bom

Pra no final das contas
dos pontos, dos contos,
jorgar na arte, tudo aquilo que se abate
tudo que nem faz parte
do prumo que não tem dono.

sábado, 10 de março de 2012

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Menino cor

Vive enclausurado
Enjaulado, limitado.
Vive fazendo força pra sair pelo mundo
Tomar seu rumo
Ir lá no fundo
buscar o que é seu.

Quer cruzar espaços
Sair do laço
Encontrar seu abraço.

Ora consegue fugir
Ora consegue sair
E como menino travesso
Enche o peito de cor
Transborda os olhos sem se opor.

Menino travesso
Volte já pro seu assossego
Rumo ao quarto, menino levado
Que o tempo é de espera
E a sua quimera ainda não é hora certa.

Tem paciência rapaz pequenino
Quem um dia chega o tempo
Em que te dou a chave da vida
Em que te deixo sair pela esquina
Em que te deixo cruzar o oceano.

Sem tempestade, não faça alarde.
Que tens de sair de mansinho
Como aquele que dorme no ninho
Como quem não acorda o vizinho.

Sossega que os olhos hão de encher devagarinho
E que o peito há de se abrir como janela em dia de sol
Pra se encher de cor
Pra que possas enfim dar todo o seu amor.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Gosto das cores e dos traços leves de Monet e Chagall. Suas cores azuis e esverdeadas acalmam as cores quentes e fortes que se debatem dentro de mim dia e noite.
O romantismo de Chagall me leva a lugares sempre sonhados e quase nunca alcançados. Talvez um dia, mas esse era um mero sonho inconcluído.
Monet parece passar pela vida com a tranquilidade de quem sabe que tudo vai dar certo no final. Vivendo um dia de cada vez, pintando a cada hora do dia com uma cor diferente.
Sobra neles o que talvez falte em mim. Cores largas, tintas leves.
Meu corpo é pesado, minha alma quente e estreita.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Não sou livre.
Sou escrava dos meus próprios sonhos.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Desdependência

Como pode
músculo que pulsa
pro corpo respirar
desatinar feito crina
disparar feito cavalgada?

Como pode músculo que respira
se distrair com o vento
sair feito um doido
pairar feito um anjo?

Como pode músculo que é vida
de repente se cria
Num instante se recria
Num minuto reverbera?

Como pode
Horas sim outras também
Saltitar como menino
Rodopiar feito peão
esquecendo que é mesmo um coração?

Como pode se deixar assim
Se alargar sem fim
Se desdepenender de mim?

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Sempre

Às vezes bate,
Às vezes espera
Às vezes leve
Num instante acelera.

às vezes passo
as vezes calmo
às vezes pranto
às vezes falto

ás vezes vibra
às vezes seca
às vezes cansa
num minuto se encerra.

às vezes isso
às vezes nunca
às vezes sinto
às vezes surda

às vezes esqueço,
por vezes, adormeço.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Vivo como pranto intenso que corre.

Olhos sorrisos

O espaço sentido
Riacho percorrido
Riso acometido

O chão que se foge
Esperança de norte
Sem amor escondido

Os olhos que brilham
de leve cintilam
o que o corpo padece

É com os olhos cerrados
Com o corpo comprido
Com os passos erguidos

Que canto no dia
O sonho não dantes vivido.  

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Acaso

Do acaso fez se o espaço
Radiante no abraço
Milhares de setas rumo ao laço.

Do acaso fez -se um instante
Puro e inebriante
Soberbo e borbulhante.

Devaneios

Me encontro num mundo
onde os pés pairam acima do chão
Onde o sorriso se abre antes que se chegue ao não
Onde o peito explode de imensidão
Onde a alma inebria sem dor nem vão.

Me encontro num mundo
Acima do norte
Por debaixo da sorte
Sem astro, sem morte.

Me encontro num mundo
Onde lágrimas são flores
Sorrisos são amores
Espaços são multicolores

Me encontro num mundo assim
Sem mais nem porquê
Sem aspas nem laquê

Me e encontro assim
Borbulho sem fim
Mais que inteiro
E digo sim.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Tempo distante

Te amaria de qualquer jeito
Mesmo que não soubesse o instante
Mesmo que não houvesse o presente

Te amaria de qualquer jeito fosse Paris,
Roma ou cidade com chão de giz.

Te amaria naquele instante
Pelo vidro cintilante
Café e vinho
Mundo distante.

Te amaria por uma semana
um mês, um ano ou o que fosse bastante.

Te amaria como te amei
Entre passos,
pedaços, percalços.
Entre pontes e torres
Quadros e vagões
Perdido de mim num dia nublado

Te amaria como te amei naquele instante.
Sem dúvida, sem dor, sem tempo distante.