domingo, 31 de maio de 2009

Hipóteses

E se o fio cortar?
Se a corda cair?
E se ela não levantar?
E se o fosso se abrir?

E se o risco for?
E se o balanço subir
E se o fogo queimar
E se o chão se abrir?

E se o tempo não parar
E se o sonho não chegar
Se a vontade persistir
E se a vida não quiser?

E se não puder voltar
E se quiser parar
E se a solidão ficar
E se o barco quebrar

E se?

domingo, 24 de maio de 2009

Fora do lugar

Pavio curto
Mente em pane
Pedra fora do lugar
Mapa sem rumo

Acende o pavio
Queima o pano
Fora de ordem
Fora desordem

Desencaixe
Não encaixa
Sem prumo certo
Sem rumo reto

Relógio que corre desgovernado
Horas sem espaço medido
Intervalos de tempo irregular
Pausa sem tempo contínuo

Assim fico
Assim faço
Assim paro
Como relógio quebrado

Como sem saber pra onde ir
Sem querer ficar por aqui
Quero rumo
Prumo

Hora certa
Gente correta.
Sem incertas
Sem desetempero

Com hora
Com tempo
Com regra.
Com pavio que queima e tem fim.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Por bem ou por mal

De repente se viu encurralada por aqueles valores, que sempre cultivou e aprendeu que eram os certos. Aprendeu a viver assim e se orgulhava disso. Talvez fosse um pouco inflexível, mas como ser flexível com valores. Não existe meio valor! Meia honestidade, meia bondade, meio respeito. Não sabia viver sem eles e gostava de tê-los assim bem arraigados, bem próximos, bem queridos.
De repente percebeu que aquilo que tanto prezava, alimentava a fazia cair numa armadilha. A armadilha de ser diferente dos outros, de não se enquadrar naquilo que te pediam e exigiam. Era demais. Tinha que ser assim? Abrir mão do que pensava, acreditava e seguia em função de uma necessidade maior? Fazer diferente, mais, oposto do que pregava e sentia com toda a sua alma que era o certo? Fazer errado porque lhe pediam que fizesse? E como lhe pediam.
Tentou se acalmar. Tinha de haver um jeito que pudesse combinar flexibilidade de ações, mas a mesma crença, os mesmos valores sentidos, a mesma fé professada. Tinha de haver um jeito de conseguir separar o joio do trigo. Sim, o joio do trigo. Pois no meio do trigo havia muito, muito joio. Tanto que era difícil enxergar o trigo.
Mais uma vez se desequilibrou. A tontura foi forte, forte o suficiente para fazê-la cair no chão e pensar se queria mesmo se levantar e continuar seguindo aquela corda. Ainda não sabia. Ainda não sabe. Não pode pensar, precisa continuar. Precisa subir novamente e continuar trilhando aquela corda, mesmo que seja cheia de espinhos.
Há de haver um jeito de não se sentir tão ferida pelos valores contrariados. Há de haver um jeito de viver ética, correta e profissionalmente apesar daqueles que tentam tirá-la desse caminho. Há de haver um jeito de viver, sem camaradagem. Há de haver um meio termo, um meio da corda, um meio do pé que atravessa, um meio que não doa tanto. Um lugar onde o espinho não machuque, um espaço para acomodar a pedra no sapato.
Sim, a contragosto ia ter que aprender a viver com a pedra no sapato. Não ia mais jogá-la fora como fez antes pois com ela lhe foi todo o sapato seminovo. Agora ia se acostumar com a pedra, aprender a conviver com ela até que não a sentisse mais, até que o incomodo fosse diminuindo, diminuindo até desaparecer. Mas como se havia aprendido sempre e sempre que as pedras no sapato foram feitas para serem tiradas? Como, se ela mesma sentia aquela dor enorme de pedra no sapato e sabia que tinha que tirá-la?
Essa pedra agora não podia ir embora. Ia ter que se acostumar, por bem ou por mal.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Completude e alegria!

Sensação de dever cumprido. Sensação de produto meu, feito, elaborado, pensado, acarinhado, embalado, criado por mim. Fruto da minha história, das minhas vivências, minhas leituras, minhas experiência, minha vida. Feito com todo cuidado, como quando a gente cuida de uma planta no jardim. Perseverado, acreditado como quem quer que seu aluno aprenda, como quem quer subir uma montanha, uma trilha, descer uma correnteza.
Felicidade de quem sabe que é só seu e ninguém tasca. Felicidade de ter criado, acreditado e percebido que nem era tão difícil assim como diziam. Perceber que é sim uma de suas grandes habilidades fazer crescer, discorrer, escrever.
Sentir que deu mais um passo na corda, que agora se transformou mais uma vez. Sentir que tem mais firmeza, mais equilíbrio, menos medo.
E melhor, sensação de primeiro. Primeiro passo, primeira obra. Caminho apenas iniciado
Monografia Pronta, entregue!

domingo, 10 de maio de 2009

80 anos


Minha avó é daquelas criaturas que parecem ter saído de um livro de histórias., Matriarca maior dessa família, reúne todos à mesa, conta casos, histórias, ouve, às vezes se espanta com tanta modernidade. Não gosta de internet, não se entende com o celular, e se dá o direito de depois de tanto tempo, não querer se envolver com a tecnologia. Dona Apparecida, ou Dona Benta, gosta de é cuidar! Dos filhos, dos netos, dos futuros bisnetos...
Vó que sabe ter alma de criança, força de mentora desse lar, que chora, que ri, que ainda leva cantada do moço na rua e dá risada, deixando a neta horrorizada! Vó que já viveu poucas e boas, que já perdeu muito, já ganhou um outro tanto, mas que consegue como ninguém unir essa italianada toda!
Vóvozinha me lembra risada, carinho, colo, ternura sem fim. Comida caseira, com gosto que só a dela tem, gosto de família, de união, tempero de amor mesmo. Amor de Vó.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Tudo novo, denovo

Nada como novas amizades e um fim de semana no sítio!


Nada como olhar pra cada canto da casa e ter uma história pra contar:

Nada como rever conceitos, pré-conceitos, imagens e percepções das coisas. Nada como se abrir ao novo, ao diferente, ao desequilíbrio, mesmo que pareça angustiante num primeiro momento.
Nada como tentar nascer denovo, descobrir que não se está só, que não se sofre só e que partilhar pode ser a melhor solução pra se sair de onde está.
Nada como ir passo a passo ganhando terreno, construindo a casa, arrumando os móveis, fazendo do lugar novo um lar.
Nada como se deixar conhecer, agradar.
É tudo novo, denovo.