sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Amo com todo o peito
Amo sem receio
Amo sem medo do seio
Amo pela tela
Te vejo pela janela

Amo sem razão
Amo sem condição
Amo sem mesmo noção
Do tempo que ainda vai passar
Do caminho que queres trilhar

Amo mesmo assim
Porque amo é quando se diz sim
Sem volta e sem sim.
Na simplicidade daquele que é assim

Era ela que eu via
Na vida todavia pela tela.

Ela em marrom

Ela Ela Ela
O cabelo dela
A pele era dela
O corpo era nela

Ela, sem ela
Com ela muito dela
O marrom algemado
O preto engessado

Ela, não ela
Vista sem ela
O corpo despido
do azul enverdecido
A prata do colo cai
O sono assim se esvai

Era com ela
Sempre com ela
Meu corpo se caía vão
O inverno temeria então
A vida sem ela
O espaço que é dela
O mundo é ela.
Ela. Ela.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013


Há que se ir mais longe
Há que se cruzar mares
Há que se distinguir distante
Há que se opor talvez semelhante.

Há que se ir mais fundo, longe
Há que se procurar destinos 
Há que se pulsar vibrante
Há que se alimentar a alma. 

Procuro no que não vejo
Não acho aquilo que tanto almejo
Porto seguro onde não há cais
Prova de que não existe a paz. 

Parto sem rumo
Buscando a vida aberta
Sem linha reta
Sem aresta, sem meta. 

Em busca daquilo que não se vê
Em torno do mundo que ninguém crê. 

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Em suspenso



Saio do prumo
Me crio um novo rumo
Distante aquilo costumo
Salto de busca soturna.

Me tirastes da reta
Sem seta, sem âncora,
sem estrada correta

Não busco, apenas caminho
Decidindo na incerteza
Indo pra correnteza

Me tirastes do chão
Levaste-me ao sobressalto
àquilo que não se assenta
àquilo que não se contenta
Algo que não representa.

E sigo na borda, sem rota
Sem ponto fixo pra chegar.
Andando de sobressalto
Flanando, vagando.


sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Anseio

Tens o que me falta
Anseias o que em mim retarda
Marchas quando me quedo em falta
Leves liberta-te em pluma

Enquanto voo baixo como chão
És livre e alto
Supondo o não
Destemendo o vão

És fogo aberto
joia simples e rara
Mão seca e espalmada

Liberta, voas num salto
Eu, toda em mim
Me fecho, me escapo
Me quedo
És alma.

domingo, 4 de agosto de 2013

Amo, Amo, Amo
Amo com toda alma
Amo com todo corpo
Amo com todo o espectro
Amo que não cabe dentro

Amo, Amo, Amo, Amo, Amo

Palavra que não cabe dentro
Limite que não se retém adentro
Amo sem fim
Amo, Amo, Amo, Amo.


Se no espaço só coubesse um traço
Se no passo só sobrasse um abraço
Se no semblante só tivesse o percalço.

Mesmo assim
Mesmo no fim
Mesmo te amaria.

Te amaria no meio da praça
Jogada na noite
Sofrendo de escapada.

Te amaria de braços abertos
De lenços cobertos
De lençóis entreabertos.

Te amaria de um jeito ou de outro
Caminho esse meio torto
Indo contra a corrente do vento.

Te amaria no espaço da noite
Na contra mão do mundo
No vestido verde que se fecha.

Te amaria no mundo impossível
Naquilo que não é cabível
No espaço que sobra vazio.