domingo, 27 de novembro de 2011

Quis muito
Teve uma gota.
Gota que não sacia a sede
Sede de pele seca.

domingo, 20 de novembro de 2011

Enquanto o sonho não vem.

Quando o sonho é distante
Se contenta com a realidade
Não deixa de viver o sonho
Não mata a fé na realidade

Quando não acha o que procura
Foge pro bom
Pro distante
Pro sonhado.

Sonhando em um dia achar lugar
Lugar que igual ao sonho não há.
Sonho tomado de vida .
Vive porque precisa sonhar.

Quando o daqui não basta
Pega emprestado dali.
Um pouquinho, só enquanto o amor não vem.
Uma espera, só pra sonhar que tem.

Viver tal como se é
Ser feliz só com o que se tem
Não impede de sonhar
Sonho esse que nunca vem.

É o sonho que alimenta,
É a vida que faz sonhar.
Vivendo na terra firme.
Sonhando em um dia encontrar.

Peça guardada num canto.
Canto vazio de espera.
Espera que o tempo adormece.
Enquanto o sonho não vem.

domingo, 13 de novembro de 2011

Invasão

Me deixe quieta parada num canto.
Me deixe perdida sonhando na esquina.
Me deixe levantar um muro tão alto
Me deixe largada queimando no asfalto.

Me deixe ao relento que eu preciso do vento
Me deixe a deriva que clamo pela brisa
Me deixe ao largo que eu preciso de espaço
Me deixe no chão que eu não preciso de mão.

Não bata na porta
Não entre no vão
Não peça saída
Não puxe minha mão.

Que eu bato a porta
Tranco o portão
Fecho a saída
Encolho a mão.

sábado, 12 de novembro de 2011

Porta Fechada

 Me encolher
Como papel amassado
Caco quebrado
Roupa molhada.

Manter tudo grudado
Como papel queimado
Vidro estilhaçado
Casal enamorado.

Quero o canto do quarto
O berço engradeado
O sono velado.

Espaço apertado
Corpo fechado
Lábio cerrado
Braço cruzado.

Caco juntado pra ver se cola
Cola cerrada pra ver se junta.

Clamo pelo silêncio da alma.
Slêncio de escola vazia.
Vazio de porta fechada.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Poema pendular

Oscilo entre o doce e o amargo
Entre o escuro e o claro
Entre a pureza e a solidão

Oscilo entre vento, temporal
Cais, mar, âncora e chão
Oscilo entre um lado e outro
Como um pêndulo que não se encontra são.

Oscilo entre vida e destino
Acaso e verdade
Pássaro suspenso
Semente plantada no chão
Oscilo entre paz e dor
Suspiros e louvor

Oscilo porque não posso
Oscilo porque não meço
Oscilo no espaço
Crasso

Oscilo entre mente e corpo
Espaço e pedaço
Cheio e vazio
Perene e Fulgás

Oscilo entre medo e ar
Dessassosego e perdão

Oscilo porque não posso
Não meço, padeço, mereço
Oscilo tentando parar.
Não paro.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Sentidos

Sempre
Nunca
Acaso
Verdade
Senso bom
Sentido ruim

Vida que segue
Acaso que passa
Destino que embassa

Sim e não
Casa abraço
Embaraço do lado
Virado pro chão

Senso de vida
Sentido partido
Caço palavras
Caço sentidos
Pra sentir

Despretenciosamente

Um tempo de mudanças é tempo que se amadurece sem saber como. A gente só se dá conta do que fez, do que sabe, do quanto andou, quando trilha caminhos parecidos. Assim dá pra descobrir a genialidade da vida. Poder passar por diversos caminhos, olhar pra trás e ver os atalhos que pegou, os que deram certo, os que levaram a outros rumos, os que tinham mais espinhos, os que levavam a lugar nenhum...
A delicadeza certeira da vida se mede pelas aprendizagens. É encantador ter a chance de viver várias coisas de formas diferentes, de aprender com os erros, de refazer, reviver, sempre num movimento em espiral. "Um homem não entra no mesmo rio duas vezes." O homem rio já não é o mesmo, o homem também não.
Me orgulho dos meus acertos assim como prezo cada um dos meus erros, cada tropeço, cada queda vivida, sentida, chorada, frustrada. Do chão não passa, já dizia a minha mãe. "Opa, caiu? Ah, foi só um susto" diziam as professoras da escola antes que a criança começasse a chorar pela queda. "Levanta, limpa o joelho e volta a brincar". Que seria da gente se ficássemos parados com medo de levantar, e tornar a cair?
As vezes sinto que a vida nos leva de volta aos mesmos pontos, como se dissesse: "Tenta de novo." E se a gente tenta e ainda não conseguiu daquele jeito, ela espera o susto passar e novamente nos bota frente ao mesmo ponto, dizendo: "E agora, quer tentar de novo?"
As vezes tentar de novo não significa querer acertar, e sim saber tentar. Aliás, me pergunto onde fica o acerto, será que há mesmo um fim a se chegar? Ou o importante é o caminho, o que a gente aprende com ele, os que passam por ele, o que os outros aprendem com a gente. Não é isso que fica? .Tudo é aprendizagem,já dizem por aí...
 "Você um dia vai rir disso tudo, acredite!" "Tudo passa". São frases que a gente tá tão acostumado a ouvir das mães, avós e conselheiras, e que na hora do aperto, a gente diz "Você diz isso porque não é com você." Claro, e justamente por isso. Na hora do temporal a gente quer que passe mesmo. Quer mandar a dor embora, juntar os pedacinhos bem juntinhos pra ver se eles grudam de novo. As vezes a gente consegue, as vezes, não. As vezes em muito tempo, as vezes não. Mas que passa, passa... e a temos a oportunidade divina de olhar pra vida novamente com olhos curiosos, apaixonados, extasiados.Não é a toa que essas frases viraram senso comum. Não é a toa que a maturidade faz bem. Há que se ganhar alguma coisa com o envelhecer do corpo, com a história, com o tempo, com as tempestades. Nem que seja o fato de não dar tanta grandeza pra elas, nem que seja botar um belo casaco e um enorme guarda-chuva pra enfrentar o tempo lá fora. Nem que seja pra se surpreender porque ela passou antes de você descer do onibus e você nem precisou do guarda-chuva.
Crescer é aprender a conviver com os "nao sei" "talvez" da vida... porque no fundo ela tudo mesmo um grande não saber. Não se sabe a hora de nada, não se pode controlar o tempo, o acaso, o destino.  É a vida é uma sucessão de supreender-se, de caminhos que não se sabe onde vão dar, de cruzamentos imprevisíveis, novos atalhos...
Sempre quis entender tudo, explicar o inexplicável e, saber o fim da linha, prever o futuro! Sempre tentando evitar surpresas, boas ou ruins. Assim não me decepcionava, mas também não tinha alegria das boas surpresas! Tentava prever o fim de um caminho, antes de começar  a andar, pra poder escolher se ia mesmo por ele ou se tentava outro mais seguro. Se alguém me falava de um filme, perguntava antes se o final era triste ou feliz, na intenção de decidir se veria ou não. Com isso perdia o meio, o caminho, o processo. Quantas coisas poderia ter aprendido com um simples filme de final triste? Talvez esses sejam esses os melhores...
Viver despretenciosamente é mais leve, mais tranquilo, e também mais difícil.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Tempo e espaço.

O tempo perdido no tempo
O tempo perdido no espaço
O tempo perdido na espera

O caos misturado em passos
Passos pra trás, pra frente
Passos e entre passos
O que fica no meio?

A espera do tempo
Tempo que se move no caos
Tempo que não espera
Espera que não suporta a chegada
Chegada do ponto final.

Medo do tempo
Medido no espaço
Sem passo no claro
Passo que anda no escuro
Passo às cegas, cadarço no chão.

Tropeço, queda, levante, em diante.

É o tempo do passo.
É o espaço do escuro.
Sobre a alma, sente a espera.
Espera que não dá passo.
Espera que não dá tempo.