quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Adeus Ano Velho

Começar um novo ano significa renovar a vida. Reconstruir o que não foi bem construído, construir aquilo que não fizemos por medo, preguiça, desleixo. Um ano que se começa é uma nova oportunidade de se fazer melhor, de se lutar pelo que se quer, de ser sujeito da própria história, ator principal da sua vida.
A cada novo ano, se inicia um novo ciclo, se reinicia a rotina, os trabalhos, as incertezas, os desafios. A cada novo ano é nos dada a chance de recomeçar, de apagar, de reescrever ou de escrever coisas novas.
2008 passou. Ficaram as desilusões, as decepções, os despedaços e as perdas. Passou-se um ano difícil, daqueles que não se quer nem lembrar. Mas como todo ano, todo dia, toda a vida, promoveu encontros encantadores, oportunidades imperdíveis, peças chaves para um novo ano melhor. É importante deixar pra tras um ano, mesmo ele tendo sido ruim, sabendo que sem ele não haveria esperança e mudança para um ano melhor. 2008 pra mim talvez tenha sido a antítese do que quero pra 2009. Mas sem antítese não é possível a síntese. Sem saber do que não se quer, é difícil saber o que se quer.
Desejo, pra mim, um 2009 de ação, sem medo, sem ressentimentos. Um 2009 de novas construções, novas amizades, novos amores. Tudo isso posso ver, ainda daqui, de 2008, que só depende de um movimento, uma ação. Um querer e 2009 já está sendo construído em 2008. "Um ano novo sem medo de perder." Um ano novo sem medo de fechar a porta para o que passou. Sem medo de deixar pra trás, sem medo de começar de novo. Um 2009 completamente novo, cheio de vontade de viver e de mudar. Cheio de esperança, de força, de saúde pra cumprir as metas. Cheio de sensatez para rever as metas, mudar os desejos, acreditar no bem querer do destino.
Um 2009 com alegria de viver, fé na vida e esperança naquilo bom que há de ser.
Um Feliz Ano! Um feliz recomeço! Uma alegre vida!
"É melhor ser alegre que ser triste
A alegria é melhor coisa que existe
É assim como a luz no coração"
Vinícius de Moraes

Ano Novo


Fim de ano
Fim de dia
Finda tarde
Findo o dia

Recomeço
Re partida
Reinício do tempo
Recontagem dos dias
Reciclagem do que foi
Retorno ao ponto de partida
Passagem pro próximo ano
Passagem pra nova vida
Tempo de mudar
Tempo de voltar
Tempo de transformar
Tempo de deixar passar
Findo ano
Finda tarde
Mais um dia
Novo dia

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

We wish you a Merry Christmas!


O Na Corda Bamba deseja a todos um Feliz Natal! Que vocês tenham uma noite cheia de alegrias, ao lado de pessoas que amam e que Deus ilumine todos os corações!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Sem Presa, com delicadeza

Pegou o fio do novelo com toda sua delicadeza. Ia desenrolando, desenrolando, sem pressa de chegar ao fim, olhando pedaço por pedaço,fio por fio, sentindo a leveza e a maciez da lã. Sabia que ia chegar ao final do novelo, queria saber como era, se a linha era bastante para um chapéu ou somente para um sapatinho de bebê. Mas agora só apreciava o momento de percorrer cada pedaço, como se deles não precisasse fazer peça alguma. Esquecia-se por alguns instantes de pensar; em como fazer as peças, em dar os nós e os pontos certos. Queria sentir o aconchego da lã. Parava, olhava o novelo e pensava: sei fazer um chapéu, mas quero fazer sapatos, meias. E a inquietação da serventia da lã logo voltava a lhe incomodar. Podia enrolar e desenrolar o novelo quantas vezes quisesse. Podia dormir agarrada a ele, passear com suas mãos diversas vezes por aqueles fios tão macios. Talvez nem precisasse nem quisesse fazer nada com eles. Ou pudesse demorar dias, meses, anos para tecer aquilo que mais lhe fosse necessário, que mais lhe agradasse. Poderia esperar aprender a fazer pontos novos, mais bem construídos. Talvez precisasse de mais tempo pra aprender a fazer um cachecol, daqueles grandes e bem juntinhos, que esquentam um inverno inteiro.
Era isso. Queria um cachecol que durasse um inverno inteiro, ou muitos invernos. Pra isso precisava aprender novos pontos, e ir deixando os fios se tecerem. Sem pressa, com delicadeza.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Larica Total

Eis que surge um novo programa na televisão brasileira! Um programa totalmente diferente dos formatos que estamos acostumados. Se chama Larica Total. Pra quem não sabe, eu detesto Youtube, mas todas as semanas me pego conferindo se há a nova edição do Larica postada. Como eu disse, o programa passa na televisão, mas precisamente no canal Brasil, sexta feira, meia-noite e meia. Mas como eu não consigo ficar acordada até essa hora, acabo tendo que procurar no youtube.

Escrevo isso porque Paulo, o protagonista e único personagem do programa, é um verdadeiro equilibrista e merece ser citado nesse blog.

Larica total é um programa de culinária para solteiros. Paulo é homem que mora sozinho e, enquanto faz receitas mirabolantes e em princípio esquisitas, filosofa da maneira mais simples e eficaz que conheço. Pode-se tirar, como verdadeiro humor, diversos toques, idéias e soluções práticas pra a vida em geral.

Paulo, ou melhor, os redatores do programa, simplificam tudo, fazendo a vida parecer uma verdadeira brincadeira. É é isso que torna o programa, além de divertido, intenso (para aqueles que querem enxergar).

Recomendo! Vejam o programa do Docinho AQUI
E se gostarem, hoje tem!!!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Feliz Aniversário Pra Mim!

Esta que vos fala, a bailarina equilibrista (mais equilibrista do que nunca), completa mais uma ano atravessando a corda hoje!
Se pudesse desejaria muitas coisas pro próximo ano a seguir, mas como só podemos assoprar a vela fazendo um pedido, acho que pediria força motora de transformações! Isso mesmo! Pois pra continuar seguindo a corda sem cair e ficar parada no chão, só se transformando e melhorando a cada dia!!
Alegria!!!!! Alegria pra andar na corda sem medo de cair!! (tá vendo, já fiz mais de um pedido!!)

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

É preciso um bocado de tristeza, se não não se faz um samba não.

E de repente lhe bateu uma tristeza que ela não sabia de onde vinha. Os olhos marejados, o coração apertado, a mente quieta. Não era angústia daquelas que ela não sabia pra onde correr. Era simplesmente tristeza. Invadia-a como mar que vai e vem, molhando a areia e se recolhendo. Mas naquele momento, naquele exato instante ela parecia ter vindo pra ficar. A tristeza.
Continuou procurando motivos. Não era saúde que lhe faltava, nem paz, nem trabalho. Talvez amor, amor sim lhe fizesse falta e lhe deixasse aberto um grande vazio. Mas já estava acostumada com esse vazio. Já não era pouco o tempo em que convivia com ele. E continuava a se perguntar: mas porque tanta tristeza? Será o ano que chega ao fim, deixando pra traz tudo o que carregava com ele, todos os momentos vividos e sentidos? Seria o medo do que há de vir, do próximo ano, da próxima etapa? Não! Ela não sentia medo. Era só tristeza. Uma tristeza simples,branca, pálida, não profunda e amarga. Tristeza daquelas que dá vontade de chorar, sim, mas não daqueles abismos de onde não se vê a claridade.
Sabia que logo ia passar, que ia rir de um passarinho na janela ou de alguma tirada engraçada. Sabia que ia se distrair com a novela ou com o próprio trabalho, mas mesmo assim ainda não se conformava com a tristeza sentida, assim, sem sentido.
Talvez fosse assim mesmo, pensou. Há dias em que há tristeza, há dias em que há alegria sem motivo. ´Há dias que se acorda com toda a energia criada pelo mundo, noutros como se tivéssemos fatigados por ele. Talvez fosse essa coisa de dia, de fase, de razão nenhuma pra nada. Há que se aceitar que algumas coisas simplesmente não tem razão de ser, são. E a tristeza é uma delas.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Andar de Bicicleta

Para aprender a andar de bicicleta são necessárias três etapas:

1- Andar com a bicicleta de rodinhas, para que conheçamos a bicicleta toda com segurança, possamos decidir a direção, medir o tamanho do guidon, nos acomodarmos ao banco.

2 - Andar com a bicicleta ja sem rodinhas mas com alguém segurando, para que possamos sentir um pouco o desequilíbrio, mas sabendo que alguém estará nos segurando.

3- Por fim, precisamos andar SEM as rodinhas e sem alguém nos segurando. Caindo, levantando, nos desequilibrando e retomando o equilíbrio, agora sim, sozinhos. Pois a bicicleta é um transporte individual, não dá para seguirmos para qualquer lugar com alguém nos segurando. Andar sozinho é decidir nosso destino, pra onde vai o guidon. Construir e reconstruir equilíbrio é formar nossa identidade, crescer e amadurecer.

Pois tem gente que tem dificuldades de deixar o outro seguir sozinho pela bicicleta, de largá -la e deixar o outro seguir sozinho, se desequilibrar, cair, se reerguer. Tem medo que o outro caia. Mas para se levantar, é preciso cair.
É preciso aprender a deixar ir.

domingo, 23 de novembro de 2008

Antes do Amanhecer


Não se conheciam. Marcaram um encontro na Piazza de la Signoria às 19h em frente à estátua de Perseu segurando a cabeça de Medusa.
Andou o dia todo por Florença, a cidade arte da Toscana, passou pelo Duomo, pela Ponte Vecchio, andou pelas ruas estreitas com chão de pedra. Antes da hora marcada já estava no ponto de encontro. Olhava para todos os homens que passavam pensando que pudessem ser ele, uns mais estranhos, outros mais bonitos,uns velhos, outros moços. Não sabia seu rosto, sua idade, seu jeito. Só tinha um nome e um ponto de encontro. Circulou por todas as estátuas e pensou diversas vezes em fugir do encontro. Como iria se encontrar com alguém que nunca tinha visto, numa cidade desconhecida, num país outro? Não fugiu. Não tinha mais como. Já tinha enfrentado medos muito mais escabrosos pra fugir de um tão simples.
De repente o viu andando em sua direção. Já tinha se perguntado se estava frente à estátua certa, na praça certa, no horário certo. No momento em que o viu, sabia que era ele. Era como se sempre se conhecessem. Ela cheia de sacolas, ele cheio de aventuras. Ela temerosa e cansada, ele com fôlego para mais 4 meses de andanças pela Europa.
Andaram por toda a cidade, passaram por diversos lugares, muitos ela já os tinha visto de dia. Mas agora era diferente. Era de noite, não estava mais sozinha.
Ele falava da estonteante arquitetura da Duomo e ia lhe explicando cada detalhe. Ela falava de seus medos, de sua tristeza de estar só. Ainda faltava Roma e Portugal a seguir sozinha.
Procuravam um restaurante para jantar. Andavam, se perdiam. Já não fazia mais tanto frio.
Entraram em um. Resolveram não ficar. O chapéu comprado em Paris foi perdido. Ficou como pedaço daquela noite meio mágica meio salvadora. Tudo bem, ela nem gostava dele tanto assim. Do chapéu.
Não tomaram vinho, tiraram fotos, conversaram como se fossem grandes amigos, há grandes tempos. Planejaram reencontros no Brasil. Eram de naturezas diferentes. Ele era do mundo. Ela era das pessoas. Ela presa, ele livre. Ele cidadão do universo, ela um pássaro contido, precisava de dono.
Um não tentava convencer o outro, mas as palavras dele soavam para ela como sonho distante . Quis ser daquele jeito. Não pensar no amanhã, no ontem, no que tinha ficado. E apesar de fechado, trancado e nomeado, aquele coração teve medo de cair. Já tinha caído, mas ela não quis perceber a queda. Pegou - o colocou de volta no lugar e continuou.
Ele a chamou pra sair. Ela era presa. Combinaram outra coisa pro dia seguinte. O coração quis fugir de novo rumo ao desconhecido, ao novo, a aventura. Ela, como boa sentinela, não deixou. Fugiu pra Assis no dia seguinte.Achou que Francisco talvez pudesse salvá-la daquele coração inquieto. E depois pra Roma, outra fuga.
Não mais se encontraram em terras européias. Não viveram nada além de uma caminhada por Florença, a cidade arte da Toscana. Ficou somente a lembrança de uma noite entre Davi, Perceu, Medusa e Pinnochio. Um jantar e uma bela conversa. Ela com massa, ele com risoto.Trocaram emails, tentaram se reencontrar em terras portuguesas. Não conseguiram. Talvez houvesse mesmo que ficar só em Florença.
Ela quando voltou ao Brasil, teve o coração nomeado despedaçado. Agora já não tinha mais nome.
Ele? Bem, ele era um cidadão do mundo.

sábado, 22 de novembro de 2008

O ministério Na corda Bamba adverte e corrige: todos andam descalços nesse mundo.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Sapato alto de salto agulha

Algumas pessoas tem o dom de magoar como quem pisa de salto alto agulha num pé descalço. A própria descrição da metáfora já me causa uma enorme aflição. Mas quem fere assim não provoca dor física, é dor de alma. Nos tira a paz. E é como se quanto mais pisasse mais insatisfeito fica com o buraco deixado. E continua pisando, pra ver até onde o pé aguenta sem tirar. Mas tem pés que cismam em voltar pro mesmo lugar, mesmo sabendo que ali correm sapatos altos de salto agulha. Sapatos que não olham por onde andam, sapatos que pisam pela simples alegria de se pisar. Pisar no chão é um ato sem dor. Nós empurramos o chão, o chão nos empurra de volta, e assim andamos. Nesse caso o pisar é pré-requisito para a caminhada, pra ir pra frente.
O pisar no pé não. Pisa-se por distração, por maldade, por curiosidade de saber até onde vai a força do próprio pé contra a força do outro.
As vezes o pé de baixo também é curioso, teimoso, chega a ser até masoquista. Se vê e se sente pisado, não tira o pé de baixo. Fica vendo até aonde aguenta a dor, quanto tempo consegue ficar em baixo do outro pé. Tem gente que só ao ameaçar da sombra de um sapato alto de salto agulha já tira seu pé no mesmo instante. Já sente a dor antes de tê-la fisicamente presente.
Tem um sapato alto de salto agulha perfurando meu pé, mas não consigo tira-lo de onde está.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Porta de Saída

Tentou sair por onde tinha entrado. Não encontrou saída. Precisava então desenhar uma porta para que saísse ilesa, sem nenhum arranhão. Era impossível. A porta pela qual tinha entrado era larga, leve, bem aberta, desses portões de casa de . Com tão pouca sabedoria em desenhar portas não saberia fazer uma que lhe desse tanto conforto. Então era uma certeza: iria sair machucada.
Mas tinha que sair. O ar ali dentro já se tornava intragável, os dias começavam a ficar intermináveis e o gosto já não era como o de antes. Antes ela ia experimentando o gosto, o cheiro, o ar. Ia pisando em ovos, agora pisava em vidros.
Decidiu então desenhar e construir a porta, com toda a força que lhe sobrava e, por mais que lá fora o ar já não fosse tão doce, iria se levantar da pequena porta e se acostumar a vida nova um dia já vivida. Não tinha sido uma decisão fácil, afinal, decidir não era das melhores coisas que fazia. Morria de medo do outro lado ser melhor, de abdicar de um para ficar com o outro. Mas aí se lembrava que sempre sabia o era melhor para si. E decidiu.
Pegou o lápis preto (já não havia mais lápis colorido lá dentro), a pá, a tesoura, e foi desenhando, construindo e recortando sua nova porta de saída. Há que ter muita vontade pra se construir uma porta nova. Talvez ela não tivesse tanta coragem assim, o que tinha era medo de se afundar lá dentro, cada vez mais.Tão fundo, tão fundo, que uns dias ela até esquecia o quão ruim era ficar lá dentro.
Mas uma brisa soprava no rosto e lhe mostrava, como quem diz: "ei! olha aí, não vá ficar por aí muito tempo!" E lhe jogava um punhado de areia nos olhos, para que o susto e a dor a levassem de volta a realidade.
Pronto. Porta desenhada, construída e recortada ela podia então sair. Foi chegando perto, chegando perto e... Opa! Bateu um vento e lhe arrastou de volta para dentro. Encostou a porta. E, como ela não era dessas que desistia fácil, foi de novo ao encontro da nova maçaneta. Abriu, se agachou, se espremeu, se arranhou e saiu.
Como era grande o mundo lá fora! - Pensou. Porque ficar tanto tempo presa num cantinho quando há tanta coisa para se ver?
E foi andando, andando, vendo ruas, avenidas, parques, árvores, praias, carros. Opa! Ai! Cuidado! Tanto tempo num pequeno quarto e não sabia mais andar por entre os carros, as árvores, era como se tudo fosse uma massa cinzenta. Não sabia mais por onde ir. Estava perdida.
Até que alguém lhe estendeu a mão, dizendo: " Vem, eu te ensino de novo!" Mas a mão estava longe. Ela teria que caminhar, se orientar, mas vendo a mão ao fundo, sabendo que quando chegasse lá, alguém iria lhe ajudar. E foi. Caminhando, caminhando devagar, olhando para os dois lados, andando na ponta dos pés. Mas quanto mais andava, a mão mais se afastava, era como a linha do horizonte. E então ela percebeu que a mão era apenas uma ilusão de ótica, uma forma de ajudá-la a se reerguer e reaprender a andar por esse velho mundo novo.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

O sorriso mais doce de todos

Desceu do onibus em direção a rua. Andava como nas nuvens, num campo de margaridas ou numa estrada deserta. Queria guardar aquele sentimento pra sempre. Parou. Tinha medo que ele fosse indo embora conforme fosse andando em direção a sua casa. Não ia deixa-lo escapar. Poderia viver uma vida inteira assim. Chovia. Era noite.Queria olhar os pingos que caiam e iam sendo iluminados só pela luz do poste. Só ali se sabia que chovia. Parou novamente. Olhava os pingos da chuva. Não se importava mais com o resfriado. Sò queria deixar-se sentir. Deixar bater, deixar vir. Os pingos iam caindo, música tocando. Aquele sorriso mais doce de todos. Não podia deixar escapar, ir embora. Os minutos pareciam uma eternidade, e ela poderia passar todos eles assim, sem pressa, sem a vida correr. O sorriso mais doce de todos lhe vinha a mente. O coração batia, saltitava. Não queria deixar de sentir. Mesmo que não fosse verdade. Mesmo não sendo paixão vivida, só paixão sentida. Paixão sentida também tem a sua valia. Faz a gente sonhar, sonhar sem precisar acordar. E ela só queria continuar a sonhar, com o sorriso mais doce de todos.

domingo, 9 de novembro de 2008

"Palavras apenas Palavras pequenas Palavras, momentos Palavras, palavras, palavras, palavrasPalavras ao vento" Cassia Eller

verbetes

Cumplicidade - s.f. Ato ou qualidade de cúmplice; participação num crime, num delito. / Conivência, entendimento.
Companheirismo - s. m., lealdade entre companheiros.
troca - de trocars. f., acto ou efeito de trocar;permutação; escambo.
trocar - dar uma coisa e receber outra em paga;permutar;tomar uma coisa por outra;
partilhar - v. int., tomar parte em; comparticipar.
amizade - do Lat. * amicitates. f., afeição;amor;boas relações;laço cordial entre duas ou mais entidades;dedicação;benevolência.

É demais?

domingo, 2 de novembro de 2008

Estudo de canto, piano, eduação musical - 5000 reais
Faculdade de pedagogia - 7.200 reais
Pós graduação em Psicopedagogia - 6.000 reais

Ouvir a sua aluna perguntando para a mãe, em pleno domingo a tarde: "Mamãe, quando vou voltar aqui?" - não tem preço!

É por essas e outras que eu amo a minha profissão!

sábado, 1 de novembro de 2008

Sei que estou em falta. logo volto.

domingo, 19 de outubro de 2008

"Bandido do Crime ou Bandaide do Creme?"

Acabo de ler "Abusado" de Caco Barcellos. Esse livro, junto com "Cidade Partida", de Zuenir Ventura, abriu meus olhos para um mundo que corria paralelo a mim e que só me despertava um sentimento: medo. Não passarei mais pelo morro Dona Marta e por nenhuma outra favela com os melhos olhos de antes, nem com a mesma alma. Alma de quem tem medo, que quer distância, que quer separar o joio do trigo.
A vontade que tenho agora é de entrar naquele lugar, olhar o rosto das pessoas, entender como vivem, como pensam, como partem.
Sempre tive muito medo de bandidos, desde criança. Acho que minha geração, (e mais ainda as que estão aí e as que hão de vir) não viveram na infância só o medo do monstro, do saçi pererê, dos vampiros, do Esqueleto e do Coringa. Nossas gerações vivem agora o medo do crime.
Eu, quando pequena, tinha "medo do ladrão." Achava que, a qualquer momento, minha casa ia ser invadida por desconhecidos que roubariam tudo que eu tinha. Na minha fantasia infantil eles arrombariam a porta ou mesmo tocariam a campainha, na esperança de que um desavisado abrisse a porta sem olhar.
Todo o medo que sempre tive "do ladrão" me fazia não levantar de madrugada com receio de escutar algum barulho, fazia meu coração saltar a cada vez que uma campainha tocava tarde da noite ou de madrugada.
Talvez por isso hoje eu tenha tanto interesse por esse mundo, do qual sempre tive tanto pavor. Vontade de desmistificar, de entender as relações exsitentes entre eles, e de ver que a maioria entra nessa vida por precisar lutar por um futuro melhor. Como dizia Juliano VP, personagem principal do livro de Caco Barcellos, "é o lado certo da vida errada."
Sei que atrocidades são cometidas por causa disso e não estou aqui para jusficar nada, só entendi que eles, como todos nós, buscam uma saída para a vida; uma solução para a pobreza e para a miséria.
São muitas interrogações e tristezas que esse livro vai deixar. Mas vale apena ler e descobrir o que há por trás daquilo que temos tanto medo.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Antes ele era fechado, calado, medroso. Antes não se abria pra ninguém, com medo do que pudesse vir para frente.
Um dia resolveu experimentar a vida, sair por aí andando, sem medo de ser feliz, de se doar, de se machucar, de se perder. Acabou indo longe de mais. Se vendeu por pouco, tinha medo de ficar só, achava que precisava experimentar demais, por ter ficado tanto tempo fechado. Achava que tinha que recuperar o tempo perdido.
Agora ele se encontrou. É dono do seu nariz, das suas vontades, do seu caminho. Agora sabe o que quer, e principalmente, o que não quer. Aprendeu a dizer não, aprendeu a equilibrar o sim.
Agora ele é dono de si.
Agora ele é meu, e ninguém tasca.
Essa moça tá diferente.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Feliz Dia dos Professores


Parabéns a todos nós, que acreditamos na Educação como forma de transformar as pessoas, de transformar o mundo.
Parabéns a nós que olhamos cada um como ser único e cheio de possibilidades.
Parabéns a nós que pensamos, repensamos e não nos aquietamos enquanto não ajudarmos eles a sererm construtores do conhecimento!
Parabéns a nós que passamos horas a fio preparando atividades, materiais, sonhos.

Parabéns a nós, professores! Que nunca percamos o sonho, o infinito e a vontade de ver florescer!

domingo, 12 de outubro de 2008

Carta ao antigo amigo.

Primeiro queria te dizer que é uma pena. É uma pena não dividirmos mais a vida, não compartilharmos mais as risadas,as tristezas, os planos. Você foi fazendo sua esolha aos poucos, indo para um outro lado, pra outra casa. Não que essa casa e esse lado nos mantivessem longe, mas você preferiu assim. Mesmo tentando diversas vezes, não te resgatar e promover o nosso encontro. O encontro das nossas almas, das nossas risadas, das nossas imagens e momentos. Você escolheu assim. Não conseguiu enxergar que, mesmo do outro lado da rua, mesmo da outra casa, ainda podíamos continuar compartilhando nossas vidas. E resolveu que, ao invés de se somar com os outos, ia se doar a uma só.
Ou resolveu que outras coisas eram mais importantes, que outros momentos prioridade. E os nossos, os nossos que poderiam estar sendo vividos até hoje; ficaram só na lembrança. Ou num encontro casual, numa conversa banal, no vai e vem da vida.
Pode ser que as coisas sejam mesmo assim, que você seja mais feliz nesse caminho. Mas não me conformo, não mesmo, de ver amigos partirem por motivos banais. Por isso, querido amigo (a), declaro aqui, nesse exato instante, desisto de tirar do baú nossas lembranças. Desisto de tentar nos transformar em amigos de verdade ao invés de amigos que agora são só colegas de trabalho, de aniversários em comum, de enganos. Desisto. Não mais te procurarei fingindo esquecer que você não me procura mais; não mais te chamarei pra um cinema, um café, uma memória, pois assim você não quer mais.
Uma pena as amizades tão próximas terem que ficar enterradas num baú, como se só pudessem ser resgatadas anos depois, quando se relembra, quando se vive o passado. Não quero amizade de passado, quero compartilhar o presente, planejar o futuro, rir da moça de chapéu na esquina. Mas assim você não quis mais. É dever do ser humano respeitar a escolha do outro. E assim permanerecei.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

A dádiva da escolha.

Alicia Fernández, uma famosa psicopedagoga argentina, fala sobre a construção da autoria na criança. Segundo ela, só aprendemos quando somos autores do nosso processo de aprendizagem, ou seja, quando somos atores principais no nosso filme.
A aprendizagem não é algo passivo, não é transmissão de conhecimento; vem do colocar em prática aquilo que se construiu, de exercer aquilo que já é seu.
O que muitas pessoas não se dão conta é que não são só as crianças que precisam construir autoria e serem autoras da própria vida e da prória história. Muitos adultos por aí se esqueceram de serem sujeitos donos de sua vida, escolhedores dos próprios caminhos, detendores da própria vontade. E vão abrindo espaço para que os outros escolham por eles, façam por eles, sintam por eles. Vão levando, empurrando a vida com a barriga, ou deixando serem epurrados por outros.
Escolher é uma das maiores dádivas que ganhamos na vida. Adão e Eva já tinham o livre arbítro. E ainda ganhamos cada vez mais o poder dessa escolha. Escolhemos nossas profissões, se vamos casar, se vamos ter filhos. Escolhemos em quem votar, em quem não votar, quem amar, quem casar. Escolhemos se vamos ao teatro ou ao cinema; à praia ou a piscina; à chuva ou ao sol. A gosto da liberdade presente nisso e o poder de tomar as próprias decisões, são, pra mim, das melhores coisas da vida.
E tem gente que abre mão disso. Pra viver uma vida sem escolhas, pra deixar os outros influenciarem demais, ouvindo-se cada vez menos. E vão perdendo a habilidade de ouvir aquela vozinha lá no fundo (que uns chamam de intuição, outros de sexto sentido, outros de coração), que nos diz exatamente o que fazer. Eu ando treinando cada vez mais a audição dessa vozinha. E tem dado certo. Ela raramente erra. E assim vou aprendendo, sendo sujeito de minha história, autora dos meus livros, dos meus erros, dos meus acertos. E sigo exercendo esse poder.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

A vitrola

Fui levar uma das minhas turmas de musicalização à exposição sobre os 50 anos da bossa nova, no SESC do Flamengo. São três meninas entre 7 e 8 anos que não tinham muito conhecimento sobre a bossa nova e muito menos sobre o que acontecia nas décadas de 50 e 60, muito distantes de sua realidade.
A exposição mostra um paralelo entre o que ocorria nos anos de 58 a 68 no Brasil, no mundo e na Bossa nova.
Quando descobriram que a televisão era em preto e branco e que os programas eram ao vivo, uma delas colocou:
"Ao vivo? Como? E se eles errassem as falas?"
Vendo na parede fotos e nomes de Vinícios de Morais, Tom, Nara, viram que o primeiro nome, João Gilberto, não tinha foto. E me perguntaram por que. ... Elas realmente não conhecem João Gilberto...
E ao longo da exposição elas foram descobrindo tudo aquilo que, se é novidade para mim, imagina para elas.
Entretanto, o ápice da excursão aconteceu numa sala temática que reproduzia uma sala de estar de uma casa, no final dos anos 50. Havia uma televisão em preto e branco passando comerciais da época, sofás, abajur, relógio, poltronas e... UMA VITROLA com vários discos de vinil da bossa nova para serem ouvidos.
De repente me pego vendo a guia da exposição explicar para aquelas meninas, que já nasceram com o ipod no ouvido, que não sabem o que é fita kassete e muito menos disco de vinil; como funciona uma vitrola.
Eu nasci ouvindo vitrola e disco de vinil. Eu preciso é que alguém me explique como funciona um Ipod, um Iphone. E de repente vi que o tempo passa.
Não sabia se ria ou se me encantava com aquela situação.
Logo após sairmos da sala, onde tinha outros visitantes, as meninas quiseram voltar, agora sem a guia. E me pediram para ligar a vitrola. E foi aí que eu percebi que não sabia mais ligar a vitrola.

domingo, 28 de setembro de 2008

Só e sós

Impressionante ver que, enquanto algumas pessoas lutam para aprender a viver sozinhas, gostar de sua própria compania, entender que tem que ser inteiras para se dividir com o outro(e se fazerem inteiras); outras perdem isso com uma facilidade que amedronta.
Vejo ao meu redor lindas moças que parecem não gostar mais de sair sozinhas, não dormem mais sem a presença de seus namorados, não fazem mais programas por elas, para elas, com as amigas.
Deixam de ser elas, mulheres, e passam a ser acompanhantes de seus companheiros (ou companheiras). "Ele não quer", "ele não gosta", "ele prefere assim". Uma certa irritação toma conta de mim quando escuto essas expressões. Não sei se é por ter lutado muito (e ainda estar lutando) para viver só, gostar da minha compania e não depender de nada e de ninguém. Não sei se é porque sinto que, ouvindo essas frases, me ligar a alguém fosse perder toda essa luta (que foi e ainda é intensa).
De qualquer maneira acho que deve (e tem que) existir um lugar do meio, um caminho central. Ter companheiros não significa ter um privilégio na vida, é só mais uma maneira de estar no mundo. Uns estão sós (e são de todo mundo) e outros escolhem uma compania para viver.
Ter uma pessoa ao lado não é ter uma prioridade na vida, todos temos prioridades e devemos colocá-las numa ordem sensata, para que não nos percamos em meio a vida ou ao chão que se abre quando uma delas cai por terra.
Antes de se partir, é preciso estar inteiro. Para dar um pouco de si, é preciso ter muito. Se temos pouco e dermos uma parte, não nos sobrará para usufruirmos. Ficamos assim pequenos, frágeis, vulneráveis.
É preciso viver o amor com parcimônia, bondade e serenidade para que não nos percamos de nós mesmos, para que não façamos do outro a prioridade; para que o chão não se abra.
É preciso ter amor antes de viver o amor. Não há de se dividir, há de se partilhar. Cada um inteiro em si, partilhando com o inteiro do outro. E não duas metades se fundindo.
Talvez ainda tenha muito o que aprender sobre a vida a dois. Mas antes é preciso aprender a vida em um. Inteiro.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Marolas...

Na linha tênue, no meio da corda, respirando fundo pra não cair para um lado; pedindo imensamente para cair para o outro.
Como se tivesse parado no meio, empacada, estanque. Nem feliz nem triste, meio. Nem euforia de viver, nem pesar de sofrer. Respiro e continuo onde estou. Sem pensar, sem questionar, simplesmente tentando viver um dia após o outro, empurrando com a barriga aquilo que não me deixa subir.
Me rotulo, não me deixando sair do lugar onde estou. Não vejo motivo pra euforia, nem fator de grande alegria. Estou, mais uma vez, no mesmo lugar.
Nada me comove muito. Talvez o que mais me comova seja a possibilidade da grande euforia, do estado de alegria. Choro por sentir aquela energia que pulsa, que da votade de viver. É só sentir um pedacinho daquele estado pra chorar como uma criança,que sente o gosto do doce na boca, mas sabe que não pode comê-lo.
Por que não posso comer o doce?
Por que o estado não vem pra ficar, de uma vez e se instaura dentro de mim?
Ainda não gosto do morno. E acabo vivendo no morno, no mais ou menos, no existir.
Não vivo, existo. E existindo vou esperando o dia em que vou viver de verdade,enquanto rememoro aqueles em que já vivi.
A mim não é permitido tanto. Como se vivesse dormindo, na esperança de um dia acordar. Vou navegando com a maré, que é de marolas, não de ondas grandes. Que não balança muito, balança, balança...
Não sinto nada ou vou apagando aquilo que vem emergindo, com medo da marola se transformar em onda grande e me engolir, me levando junto com ela. Já cansei de lutar contra as ondas grandes, elas se cansaram de tentar me engolir. Ou deram uma trégua, uma pausa.
O mar deu descanso. Mas quem disse que é descanso que quero?
Quero vida, energia, vontade de viver!
Gosto bom de cada dia, energia que move, vontade que nos leva pra frente, que nos tira o sono, que nos dá um sentido.
Cade o sentido, cade a vontade, cade a vida?
O que vier é bom, o que não vier é conformado. Sem expectativas, sem ansiedades.
Tempo demais, vida de menos.
Sono. Sono. Sono.

domingo, 21 de setembro de 2008

Eu tenho inveja. Pronto, falei.
Não entendo porque não vivo. Não vivo porque a vida ainda não quis assim. E sigo sem entender, com vontade de viver e ver se dá mesmo pra fazer diferente.

Saco sem fundo

Sabe quando a gente tem vontade de engolir o mundo? Dá vontade de fazer tudo, entender tudo, escrever e ler tudo. Tenho vontade de ler o que me aparece pela frente, de fazer coisas diferentes, pintar, estudar matemática, escrever um livro, um artigo, uma reportagem.
Aquela sensação de que o mundo é muito pequeno e o tempo é muito pouco pra tanta coisa que há. Como se tivesse descoberto agora as mil possibilidades que tem uma vida, os mil caminhos e as diversas formas de se chegar lá. Por que me contentar com pouco, se posso ter mais?
A profissão do jornalista me encanta por causa disso. Fazem diversas reportagens sobre os assuntos mais variados, e acabam sabedo um pouco de tudo! Por que se especializar se pode-se saber tanto? Por que me aprofundar só na educação, se posso entender a política, a economia, a sociologia, a história? Não me basta entender o aluno, quero entender o mundo ao seu redor.
As vezes me perco nessa vontade saber de tudo. É como se sabendo mais pudesse controlar mais as coisas, prever melhor o futuro, entender o de fora talvez facilite o entender de dentro.
Ainda não consigo entender pra onde vai o meu barco e se ele está indo na direção certa. Por enquanto vou navegando, mas com tanta sede que sou capaz de beber a água do mar.
Nunca consigo ficar satisfeita com o que está, com o que é. Sempre quero mais. Agora que, pela primeira vez, leio com prazer e, com muito prazer, descobri nos livros (não didáticos), uma fonte de conhecimento, quesitonamento, entendimento.
Parece que há um saco sem fundo dentro de mim. Quanto mais sei, mais quero saber e acabo gerando um ciclo vicioso de inquietações. Inquietações boas que me movem, não necessariamente na direção do trabalho, mas na direção do mundo.
Não me contento com pouco. Quero mais. Vou em busca.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Despedida literária

Acabo de terminar de ler "Cidade Partida" de Zuenir Ventura. Durante essas estivem imersa no universo de Vigário Geral, da violência urbana do Rio de Janeiro e dos movimentos sociais da década de 90.
Conheci melhor Rubens Cesar, com quem já havia tido contado na adolescência, sem ter a dimensão de sua atividade social. Entrei no mundo de Betinho, Caio Fábio, Caio Ferraz. Flávio Negão, Djalma. Entendi melhor os conflitos que vivemos na nossa cidade, hoje, mas gerei muito mais perguntas. Se a situação já estava desse jeito em 1994, como é que deve estar hoje?
O que a sociedade civil anda fazendo pela nossa cidade? O que leva alguns a seguirem caminhos tão diferentes dos outros . Uns vão pro crime, outros , filhos até dos mesmos mais, viram sociólogos, antropólogos e lutam contra a violência.
Me interessei por esse livro depois de ver o filme de Breno Silveira, "Era uma vez". Por alguns momentos achei que fosse emoção passageira com o filme (não tão interessante assim), mas depois percebi o quanto me cativei por aquele universo que, embora não seja meu, está presente, aqui, na minha porta. Pensando melhor, é sim o meu universo. Deveria ser, pois somos todos moradores de uma mesma cidade, uma cidade partida. Foi como abrir os olhos, abir a mente, enxergar a realidade.
Terminar de ler um livro é como se despedir de um lugar onde se viveu, se relacionou, se entranhou. Assim como Zuenir deve ter sentido sair de Vigário Geral depois de 10 meses praticamente morando lá, eu sinto sair desse universo que me trouxe tantas coisas. Tantos entendimentos, tantas dúvidas, tantas inquietações, tantas tristezas e tantas tragédias.
Gostaria de saber que fim levou Flávio Negão, o chefe do tráfico de Vigário Geral na época. Gostaria de saber como anda a Casa da Paz, a Fábrica da Esperança, os movimentos do Viva RIo.
O que é mais tocante é que não é mais um livro de ficção, onde tudo acaba ali, no passar a última página e fechar o livro. O encantador ou perturbador é que a história de Vigário Geral, da violência no Rio de Janeiro não acaba. Queria mais, queria saber mais.
Fica a despedida. E rumo ao próximo!

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Te procuro nas ruas, esquinas, nos pontos de ônibus. Não te encontro. Te procuro em outros, não me contento. E continuo assim, a te procurar a cada dia, a cada passo, a cada rua que passa.
Só me restam os momentos. Os bons, o ruin fiz questão de perder, de deixar partir. Passo pela janela, não te vejo. Só lembro. Nunca mais vi, mas continuei te procurando. Nas esquinas, nos pontos, nas músicas...
E só a sensação de que quero deixar aqueles momentos intocáveis, aquelas horas ali, aqueles dias parados. Dias que não voltam e que se voltassem não seriam como aqueles. E continuo achando que, por mais que procure, nunca mais vou te encontrar.
"Solidão é lava. Que cobre tudo. Amargura em minha boca. Sorri seus dentes de chumbo."
Paulinho da Viola

Já escrevi sobre a solidão nesse espaço. Esse tem sido um tema muito recorrente pra mim nos últimos tempos. Talvez porque eu tenha me dado conta da solidão humana, da solidão do dia-a-dia, da solidão inevitável.
Talvez por me perceber só e entender que só depende de mim mudar o estado que chamo de solidão. Gosto de estar só sabendo que poderia não estar. Não gosto da solidão não escolhida. Como sempre, não gosto da falta de escolhas. Solidão mesmo é aquela que não se escolhe. Que é porque é. Pode - se estar só na multidão, pode-se estar só em casa, pode-se estar só no infinito. Mas a escolha é a de ficar só. Estar só não é escolha. Estar só é um acontecimento não planejado, não escolhido e muitas vezes não desejado.
Não desejo a solidão. Estou imersa nela. E vou me percebendo a cada dia mais emaranhada nessa teia, que vai entrando, me desfazendo. É lava. Vai cobrindo tudo e, ou nos conformamos com ela, ou passamos o resto de nossas vidas tentando lutar contra. E a luta é dura. É cansativa, é longa.
Livros são bons companheiros, músicas são boas companias. Mas não riem junto conosco, não temos troca de olhares, de toques, de vida.
Livros, discos e filmes servem pra tapear a solidão, pra nos dar uma alegria momentânea frente aquele estado que não é escolhido por nós. Servem para engrandecer a alma, enriquecer o espírito, dar leveza. Mas não são de carne e osso. Pra quem fala, precisa-se ouvidos atentos, olhares serenos, mãos protetoras. Pra quem gosta de ouvir, basta uma presença, uma palavra, um olhar simples e já não há mais solidão.
Eu gosto de tudo. Gosto de gente, da humanidade, da troca de olhares, palavras, gestos. Gosto de falar(principalmente de falar), de ouvir, de cantar junto, de olhar nos olhos, de rir, de chorar.
Simplesmente não sei estar só.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

"tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta, e o coração tranquilo."

terça-feira, 9 de setembro de 2008

É pena

É Pena.

Pena que as palavras não voltem
Que a dor não sare
Que as portas fiquem fechadas

Pena o sentimento perdido
O tempo passado
O jogo vencido

Pena deixar passar
Deixar de não doer
Deixar de amar

É pena as folhas que caem
As frutas que morrem
Os gritos ao vento

É pena.

É pena deixar partir
O barco ir embora
a maré ficar pequena

É pena o vazio
O morto
O escuro.

É pena as lágrimas cairem
Os olhos se cerrarem
As páginas se rasgarem

É pena que o tempo não volte
Que as estações passem
Que o inverno volte.

É pena.
E a pena se foi.
A gente não é enganado, se deixa enganar. Ninguém acredita naquilo que não quer acreditar.

A falta não cabida


Às vezes acho que queria outra vida. Nascer denovo, começar denovo, ter outra profissão, outros amigos, outras dúvidas, outros gostos. As vezes gosto do que faço, em outras tantas me canso,me irrito. Queria uma vida mais regular, mais certa. Em outros momentos quero só tirar um dia incerto, pra fazer só o que der na telha.
Vejo as pessoas felizes com seus trabalhos, suas vidas, suas casas. Ou elas não tem coragem de dizer seus problemas, suas angústias, seus medos ou eu mesma é que tenho algo fora do lugar por me perguntar e reclamar de tantas coisas.
Se tem algo errado, só eu que posso mudar. Mas onde foi que deixei passar? Onde é que está o x da questão? Do que gosto? Do que não gosto? O que quero mudar? Por onde começar?
A gente vai arrumando a nossa vida de um jeito que nem se pergunta se era aquilo mesmo que a gente queria, se estamos felizes, pra onde estamos indo, se queremos ir pra lá...
E vamos levando, sabendo que tem um pontinho que incomoda, jogando as infelicidades pra outros campos, jogando as certezas pra outras áreas que ainda não conquistamos. E vamos caminhando. Ou nos arrastando talvez.
Não tenho uma vida rotineira, tenho até bastante tempo livre. Um livre meio destinado, não tão livre assim. Não bato ponto, não tenho chefe. Uns até poderiam achar que tenho a vida que eles pediram à Deus. Talvez eles, não eu.
Fico rondando sempre em cima dos mesmos pontos, como um animal que vai ruminando, ruminando. Algo está fora do lugar... falta alguma coisa, falta tesão na vida... falta joie de vivre. Mas onde? Onde meu Deus?? Se isso é só uma sombra que paira, uma alma que me assombra e não diz de onde veio e nem pra onde vai!
É possível que eu esteja esperando por uma felicidade total, estável e inerte. Felicidade como estado eterno de espírito e não como momentos vividos.
Talvez isso tudo seja culpa do tempo, das nuvens e da chuva que não me deixam ver o sol. O sol me trás uma alegria imensurável. Me tras vida, energia, vigor, alegria.
É. Pode ser que falte o sol.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Haja equilíbrio, com tanta gente querendo te derrubar.

Exercício de Coletividade

Andar de ônibus no Rio de Janeiro pode ser um exercício de paciência melhor do que qualquer técnica oriental. Além disso, serve também como exercício de democracia, coletividade e, por que não, de serenidade.
Em primeiro lugar, você tem que ter a sorte do ônibus que vai te transportar ao seu destino não ser um daqueles mitos, como o 524 ou o 584. Não sendo, você deve esperar que o motorista tenha a bondade de passar pelo ponto por dentro, parando exatamente aonde tem aquela plaquinha com o deseinho do ônibus, sabe? Caso contrário reze, feche o corpo e se jogue no asfalto em busca do seu ônibus quase perdido.
No caso do seu ônibus ser um daqueles mitos já descritos acima, bom... não pense duas vezes, se jogue no asfalto!
Já dentro do ônibus, você tem que aprender a não se preocupar com a hora. O motorista do 157 não se preocupa com ela, vai andando devagariiiiinho, assim como quem passeia pela orla de copacabana num domingo de sol. Os demais vão parando em todos os pontos onde parece ter alguém e aí, chega o ponto do fiscal. Meu querido leitor, apele para todos os santos, para não haver um fiscal o seu caminho num dia de pressa. O nosso querido amigo motorista pára, fala "trinta e três", pergunta o resultado do jogo do flamengo, comenta a comida que a patroa mandou pra ele, enfim, e lá se foi aquele sinal aberto que você tanto precisava passar.
Mais um ponto. Ele para. Aparece aquela senhorinha perguntando:
- Passa na N. Sra da paz?
- Passa, responde o motorista.
- Naquela praça da Igreja? Pergunta novamente a senhorinha enquanto o onibus está parado para que ela se resolva.
- Sim senhora, na praça da Igreja.
- Ah tá, ela responde, deixa de entrar no ônibus e mais uma sinal foi perdido.
Quando você acha que finalmente começou a andar de maneira decente, entra no coletivo aquele grupo de turistas, com suas mochilas. O primeiro na fila pára a roleta para abrir a bolsa, tirar a carteira, o dinheiro e contá-lo devagarinho. Atrás dele, diversos outros turistas querendo entrar, e, é claro, o seu ônibus parado.
Com todas essas paradas citadas, um percurso que duraria quinze minutos, passa a durar meia hora. Claro que eu não estou contando com o trânsito, que é figurinha fácil nas ruas do Rio de uns anos pra cá. Mas esse assunto já foi devidamente citado, descrito e esperneado nesse blog.
Bom, você está sentado na sua poltrona, tentando manter a calma com as milhares de paradas que o ônibus dá, olha para os lados, tenta ver a paisagem, ouve uma música e, quando já está perto do seu ponto, senta alguém cheio de malas e bolsas do seu lado. Parece lei de Murph, e é.
Você respira fundo, levanta com toda a calma possível depois de uma viagem como essas, tenta apertar o botão, mas estão todos bom aquele esparadrapo isolante. O ponto está chegando, você corre, pula e alcança a cordinha. Não, o motorista não parou no seu ponto, ali aquele ônibus não faz ponto.
Mais uma vez, você respira fundo e desce.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Amiga Solidão

Um dos meus maiores medos é o da solidão. Talvez não o medo, mas ela em si. Já deveria ter me acostumado com a solidão do dia-a-dia, mas tenho medo de uma solidão futura. Ás vezes acho que tudo isso é um passo para chegar a nunca mais ter solidão. Mas ela nunca some. Nunca vai embora. Talvez devesse ficar amiga dela, tentar saber seus segredos, do que gosta, do que não gosta,como é por dentro, como é por fora, para então poder entendê-la e assim convivermos pacificamente.
É, talvez eu devesse aceitá-la do jeito que ela é. Aparecendo lá pelas seis da tarde, num sábado a noite, num domingo de manhã... Indo embora quando eu vou pro trabalho, encontro um amigo querido, um novo amor. Mas ela nunca vai embora de vez. Não sei porque tanto gosta daqui. Eu tento fingir que não a estou vendo, deixo ela passar por mim desapercebida, mas ela insiste. Insiste que quer ficar. Eu reclamo, debato, cedo, argumento, cedo denovo... às vezes chegamos a um consenso. Muitas outras não. Os amigos somem, as amigas namoram, mas a solidão... ah, essa é companheira fiel. Ela aparece quando todos somem. É daquelas pessoas que vem pra dizer: "olha aí, só restei eu..."
A sexta feira vai chegando e ela vai vindo de mansinho, devagarinho... e vai perguntando: " oque você vai fazer hoje à noite, ein? E amanhã? E domingo? Vai me fazer compania??" Ela insiste, você foge, tenta um jantar com amigos, uma saída com as meninas, mas não recebe resposta... e ela vai se chegando mais perto. "Pra que sair? Por que não vemos juntos o Zorra total sábado a noite? é bem melhor que sair com esses seus amigos pra lugares que vc não gosta" e continua: " não adianta, aquela sua amiga vai furar e você vai ter que ficar comigo." Até que, quando você viu, ela te tomou todo o final de semana. E quando a maioria se desespera ao ouvir a musiquinha do fantástico porque está chegando a segunda feira; você dá graças a Deus que mais um final de semana está acabando e que segunda feira a solidão começa a te dar uma trégua. Segunda feira é dia de trabalho, você encontra os colegas de trabalho, os amigos e não tem aquela terrível obrigação de se divertir.
Acho que não é questão de falta de amor... é falta de outra coisa que eu ainda não sei o que é. Talvez falta de farra, falta de muitos amigos que gostem de fazer as mesmas coisas, que estejam no mesmo momento. Ou falta de mim, não sei...
Só sei que não quero mais ela como companheira de fim de semana nem de fim de tarde.
Quero praia, gargalhadas muitas, choppinho no final da tarde, conversa boa até o amanhecer, dançar até cair no chão, cumplicidade pra toda vida.
Mas como faz isso? Por que não há mais isso? Será que deixei pra tras? Será que deixei passar? Ou será que é o mesmo problema do amor?
Será que é da vida? Será que é de mim? Será que é da fase?
Pergunto. Não respondo. ELa insiste em ficar. Eu deixo. Choro. Mando ela embora. Ela vai,mas diz que volta depois.

O caos nas palavras do escritor

Ferreira Gullar já disse, em 1958:
"Estou em plena cidade brasileira. Sair de casa cansa mais que trabalhar"

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Retrato do Caos

Trabalhar como professora horista, dando aula em escolas de música e casa de alunos pode ter diversas vantagens. Não tenho chefe direto (a não ser os donos das escolas que não interferem no meu trabalho), ganho mais por hora trabalhada, faço o que gosto. Claro que tem milhares de outras desvantagens que todo trabalho instável traz, mas nenhum, nenhum se compara ao TRÂNSITO CAÓTICO que tenho que enfrentar todos os dias.
Dando aulas em cantos opostos da cidade como Flamengo, barra, copacabana, jardim botânico e ainda estagiando em botafogo e morando no leblon passo quase todos os dias, mais tempo no trânsito do que dando aula realmente.
Vocês poderiam até pensa que o pior que faço é ir a Barra da Tijuca, que devo pegar um engarrafamento enorme na estrada do joá e na chegada à barra. Engano. O meu maior terror, o meu maior ódio é a rua jardim botânico em direção à gávea. NÃO HÁ NADA PIOR. Não há dia e nem horário em que aquela rua não esteja engarrafada. Hoje mesmo peguei por duas vezes (em horas distintas) o mesmo engarrafamento, no mesmo trecho da jardim botanico.
Não, eu não estou estressada.
Se nós passamos um terço de nossas vidas dormindo, eu passo o outro terço entre os ônibus do rio de janeiro. E o que me sobra??
É nesses momentos que eu sinto saudades da minha vidinha FRM... O dia todo no mesmo lugar, um engarrafamento só por dia... É insuportável o que essa cidade virou. Cheguei a ouvir em algum lugar que em cinco anos estaremos com o trânsito igual ao de São Paulo. Ahn??? Eu não consigo imaginar o que poderia ser pior que isso. A minha profissão se tornaria impossível.
Demoro às vezes uma hora para ir, outra para voltar. Infelizmente não consigo ler no ônibus, por isso preciso descobrir alguma atividade produtiva pra todo esse tempo que passo no meio de transporte urbano.
Se querer ser esnob ou coisa do tipo, nessas horas me dá uma saudade imensa de Paris... O metrô chega a qualquer lugar. E metro não pega trânsito. Se fosse em Paris eu sairia de casa, entraria numa estação de metro e sairia bem perto do meu destino, tendo que andar uma ou duas quadras no máximo.
Chegar em casa depois de um dia como o de hoje é praticamente um ato de sobrevivência ao stress urbano. Por isso me dispenso de reler esse texto e vou deixá-lo assim como está, como um retrato do caos, como um desabafo de quem não aguenta mais essa vida nômade.
Preciso andar a pé, qualquer coisa que não tenha vários carros enfileirados no meio, principalmente num dia louco de calor como o de hoje. Ponto final chega.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Falta TESÃO na vida. Na minha.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Baixa no Alto

Apesar de não ser velha de guerra, já morro no meu pequeno sub-bairro há 20 anos. O Alto leblon era tranquilo, sem engarrafamentos, sem muitos problemas de água, luz ou buracos nas ruas. Com prédios pequenos e algumas casas, mantinha uma tranquilidade que poucos bairros ainda tinham no Rio de Janeiro.
De uns 5 ou 6 anos pra cá as casas foram sendo demolidas, assim como os pequenos prédios. No lugar deles, não posso dizer que subiram espigões; mas com certeza, aonde moravam 10, hoje moram 30. Não há um ponto desse pequeno sub-bairro onde não se escute barulho de obras. Seja pela construção de prédios, pelo conserto de buracos, vazamentos e etc. Eu mesma fui (e ainda sou) vítima dessa especulação imobiliária. Antes, abria a janela e meus vizinhos eram árvores, flores, micos-leões que chegavam a entrar no meu quarto, bagunçando minhas estantes em busca de alimento. Há dois ou três anos (já perdi a conta), derrubaram todas as árvores, mandaram os micos embora e no lugar de tudo isso começaram a erguer um condomínio de dois prédios. OU seja, onde só moravam micos, vão morar aproximadamente 18 famílias. Meus vizinhos de frente passaram a ser os operários construtores que, nem preciso dizer, tiraram toda a minha privavidade e sossego. O barulho vai de segunda a SÁBADO, das 7 às 17h. Falta pouco para o empreendimento ficar pronto, mas durante esses três anos foram incontáveis as horas de sono que eu perdi.
Não bastasse isso, são muitas, como já disse, o número de novas construções por aqui. A rua, toda de paralelepípedo já está fadada a ser asfaltada. Os engarrafamentos às 9h, às 12h e às 18h já são constantes. São constantes também as obras da CEDAE para consertar os buracos causados por tantos carros. Em um mês já foram dois transformadores da light queimados.
Bom, eu só consigo enxergar isso como um aumento absurdo da população desse lugar sem que a estrutura do mesmo acompanhe. Se onde moravam 5, hoje moram 20 e onde não morava ninguém moram 100 é mais do que plausível que as ruas (são somente 2, as outras são ruelas sem saída) fiquem sobrecarregadas, assim como a rede de energia. Não me admiraria se daqui a pouco tivessemos problemas com rede de esgoto e de água.
Há 5 anos não havia engarrafamentos, nem quedas de luz constantes, nem idéias de asfaltamento. Há 5 anos não havia barulho de obra por todos os cantos, não havia tantos buracos na rua, não havia canto de passarinho sendo interrompido por britadeira.
Alguma coisa está fora da ordem. E se não fizermos alguma coisa, a ordem é que vai mudar.

domingo, 31 de agosto de 2008

Destinatários

Escrevo porque é meu escape. Escrevo porque necessito, porque se não escrevo vou amontoando uma bola de neve dentro de mim.
Não escrevo pra ser lida. Escrevo por mim e para mim. Alguns podem se perguntar por que então publico aqui, em uma via pública de acesso mundial, os meus escritos. Por que me exponho tanto, deixo transparecer tantas angúsitas, dores, felicidades, me colocando desnuda na frente dos que conheço e dos que nunca vou conhecer?
Porque, assim como li alguns, vi que aqueles sentimentos não eram só meus, que não era sozinha por esse mundo, que partilhava, no fundo das mesmas angústias, dores, inquietações e transformações de muitos. Lendo me senti uma entre todos quando antes me achava diferente, que pensava demais, que sentia de mais. Eu espero poder ser isso pra alguns, pra poucos, pra muitos, pra uma única alma que seja. Se, além de despejar minha bola de neve para que ela fique pequenininha e partilhar com o mundo aquilo que sinto; puder, com isso ajudar outros a fazerem o mesmo, meu trabalho já será mais do que completo. Assim como li Martha, Clarice, Anna entre tantos outros, posso ser lida por marias, elisas, danielas, marianas que vendo que não são únicas, sigam tentando se equilibrar nesta corda.
Esse blog não é para todos. É para aqueles que acreditam ser a vida uma corda bamba. Para aqueles que tem coragem de tentar atravessá-la. Para os que tem coragem de, olhando para fora, olharem para dentro. Para os que querem não vêem a vida destraidamente. Esse blog é para poucos. Nem melhores nem piores, simplesmente aqueles a quem a vida deu o dever de refletir,refletir às vezes com mais peso, às vezes não. Quisera eu poder desligar o botão que me faz pensar. Mas, como não posso, vou partilhando esses pensamentos com vocês, pra ficar mais leve, mais fácil, mesmo que seja me colocando em evidência. Transformo em arte aquilo que não consigo expressar de outra forma. Transformo em arte as angústias, os transtornos. Porque escrever é a minha arte. Escrever é minha forma de viver em paz.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Quando a gente faz muita coisa ao mesmo tempo, acaba não fazendo nada direito.

domingo, 24 de agosto de 2008

As mães nunca deviam poder ficar mal humoradas.

Nua, crua e sem rodeios

O fim de semana me traz o vazio, a obrigação, o medo. Tenho que me divertir,ter compania, espairecer da rotina da semana.
Vejo os casais, as mãos dadas, os cinemas, os passeios, os sorrisos.
Me percebo só. Esperando que o fim de semana acabe para poder voltar a rotina. Acho que sou mais feliz durante a semana do que nos dias de descanso. A única vantagem do meu domigno é poder acordar tarde e ter meu querido almoço com a avó. De resto, me sinto só.
As amigas namorando, as que não estão acabam tendo seus compromissos. Me sinto meio perdida, no meio do mundo onde se vive em par. Me sinto inacabada, imcompleta, faltando um pedaço, algo que encaixe. Compania. Quero compania eterna.Pra me sentir inteira. Alguém pra ir ao cinema, pra falar de coisas banais, pra ir ao Jardim Botânico, pra ir à praia, ao café, ao almoço, pra jantar, pra ficar em casa, pra não faze nada. Pra andar de mãos dadas, pra fazer carinho, pra olhar nos olhos. Pra sorrir com a cumplicidade de quem ama, pra dormir junto, acordar junto, pra ver o mundo com olhos diferentes.
Quero um amor pra toda vida, ou pra uma semana, um mês, um dia. Quero um olhar apaixonado, um beijo roubado, uma música.
Quero um alguém de verdade, livre, sem medo de ser, de viver, do fim.
Sonho com isso, como se fosse dançar sobre as nuvens, andar no espaço, comer algodão doce.
Quero um colo pra chorar, uma cama pra sonhar, um abraço sem esperar.
Não quero pela metade, quero tudo. Não quero meio termo, quero oposto. Quero quente, morno não serve.
Os domingos seriam mais lindos, mais floridos, mais românticos. Os sábados teriam menos cobrança, menos medo, mais leveza.
Quero um amor pra toda a vida. Quero filhos, família, cachorro, casa. Mas agora, agora nesse momento, só quero o amor. A noite de sábado, o cinema no fim da tarde de domingo, as flores inesperadas deixadas na portaria sem nome, os quatro pés na areia, alguém pra cuidar, alguém pra me cuidar. O telefonema antes de dormir, o bom dia ao acordar.
Alguém pra dividir os segredos, as risadas, os desafios. Alguém que acredite, que me entenda, me admire, me ouça. Quero ouvir, entender, acreditar, admirar também. Quero trocas.
A vida é muito pesada pra ser vivida sozinha. Precisa ser dividida, contada, partilhada com alguém que se ame.
Por sonhar com tudo isso, talvez sonho impossível, acabo me contentando com o que vem, o que aparece, o que de longe me lembra o sonho. E vou vivendo, mesmo sabendo que não é o todo, que não é oposto, que não é inteiro. Vou comendo as migalhas como se a mim ñão fosse possível ter um prato inteiro. Não se trata do que se deve, e sim do que se é, do que se sente, do possível, do real instantâneo. Não estou aqui pra dizer o que gostaria que fosse. Se assim fosse esse blog não teria esse nome. A mulher moderna-bem sucedida-sozinha-bem resolvida-solteira-sem expectativas nunca diria que vive na corda bamba. Pois eu vivo, e atualmente ando mais pro chão, do que pra corda.
Cansei. Quero colo.

A culpa é de quem?

Quando a culpa é do outro é mais fácil. A gente fica com raiva, diz que não merece, fica confortável no papel de vítma, acolhida, sem culpa. Acho até que culpa é uma palavra muito forte pra isso. Mudaria pra responsabilidade. Quando a responsabilidade é do outro, apesar de duro, a dor é mais leve. É única, é jogada pra fora, projetada no outro.
Agora, quando nós mesmos sabíamos o final do filme e mesmo assim, resolvemos assistir sabendo que ofinal não é agradável aos nossos olhos... aí tudo parece mais pesado. É quando os outros dizem: eu sabia, eu avisei, você sabia. Aí a questão é dupla. A gente sofre pelo que está passando e pela culpa do que está passando. Além de machucada, parece que cutuca a ferida dizendo: "está vendo? Eu sabia que ia ser assim, ficar assim e mesmo assim fui pagar pra ver."
FIco me perguntando se a gente paga pra ver pra testar as próprias forças ou pra testar o outro. No fundo as duas coisas. Testamos o outro pra saber até onde vai a nossa força sobre ele. Até onde ele se transforma a partir de nós, o quão influentes somos nós . E aí vira tudo uma questão de ego. Ego imenso, ego que se quer ver expandido, e no final das contas acaba destruído. É uma medição de forças.
Ou seja, você tentou provar pra você mesmo algo, lutou, lutou e acabou perdendo contra você mesmo. Mas que briga é essa? Praticamente um auto-boicote! Que país é esse que trava uma guerra consigo mesmo, sabendo que vai perder de qualquer maneira?
Como nos machucamos por besteiras... por vaidade, por medo da solidão, por comodismo... sem entender que quando achamos que estamos nos livrando de um mal, estamos é nos afundando mais ainda. É uma troca ruim. Uma troca ingênua e superficial. Uma troca que não enxerga o futuro e não reflete o passado.
A gente sofre pelo outro? Besteira. Sofremos por nós mesmos. Por causa de, por consequência de. É um ego ferido, uma dor não evitada, um sofrimento desnecessário, uma paz roubada. Tudo por nossa conta. Difícil carregar isso tudo. E parece que o todo, que deveria ser parte, toma uma dimensão enorme frente à todas as outras partes da vida. A parte vira todo, quando o todo não deveria se repartir. Mais uma vez, volto a querer ser inteira, equilibrada.
Mas esse é outro assunto.

sábado, 23 de agosto de 2008

É fácil falar.

Texto partido

Por que nos sujeitamos a tantas coisas? Por que deixamos nos levar por ilusões tão claras, tão frágeis que se despedaçam ao primeiro tremor? Por que nos enganamos e nos deixamos enganar tão facimente? Por que nos saciamos com pouco? Por que estamos sempre tentando mudar o outro ou esperamos que eles mudem e se encaixem no nosso mundo?
Por que é tão difícil dizer não ?
Não consigo saber o que pode ser mais difícil: se deixar levar ou se conter, se proteger. O racional cansa, o passional destrói. No fundo no fundo, estamos sempre esperando que a situação mude, que as coisas melhorem, que ele ame, que ela fuja.
Eu tenho uma enorme dificuldade em dizer não. às vezes por vergonha, outras por gentileza, mas a maioria delas simplesmente porque não consigo. Não consigo desfazer as coisas, impor minha vontade, fazer do meu jeito; por mais que a minha própria felicidade esteja em jogo. Sozinha não consigo. Preciso que o outro diga por mim, que alguém feche a porta, que ele se mantenha aonde está. Sozinha não consigo.
E chega. Chega a um ponto que o sim não é por vontade de dizer, mas por impossibilidade de dizer o não. Não é uma escolha. É falta.
Preciso me livrar e não consigo. Preciso sair e deixar uma fresta aberta, mas no fundo quero me manter lá dentro com a porta fechada. Lá dentro não tem luz.
Me quero por inteira, me sinto como pedaços. Um pedaço mais interessante que o outro. Os outros pedaços, por mais pedaços que sejam, são pedaços meus. E tão meus que gosto tanto deles como dos outros, afinal sou inteira. Mas sou vista aos pedaços. E o que fazem com os outros pedaços? Por que eles não interessam? Talvez eu mesma me veja aos pedaços. Texto disconexo.Corpo e mente separados. Sexo e amor em opostos.
Eu sou uma, e como inteira quero ser amada por inteira. Odiada por inteira. Cobiçada por inteira. Entendida por inteira. Não quero só uma parte, o pedaço mais aparente, mais bonito. Quero tudo.
De repente é melhor se colocar por inteira . Botar as cartas na mesa. Entregar o jogo, mesmo que seja perdido.
O barco está indo longe demais. Hora de voltar pra casa.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

As vezes a gente confunde paixão com vício. Vício de ter alguém pra falar todos os dias e contar as novidades, vício de ter alguém com quem sair, rir e se divertir; vício de carinho, atenção, sexo.
Ele pode não ser o amor da sua vida, mas está ali, todos os dias, mesmo que virtualmente. Vocês se falam diariamente, discutem sobre o que passa na TV, o que leram no jornal, o que comeram ontem.
Ela pode não ter nenhuma das qualidades que você quer numa pessoa para se relacionar, mas vocês conseguem conversar sobre os seus dia -a -dia como se eles fossem um só. Ele te entende como ninguém. Ela te dá a atenção que você precisa. Ele te admira. Você o entende, o instiga, o desafia.
E esse vício vai os consumindo até não saberem mais aonde estão. Como passar um dia sem falar com ele e saber das novidades? Como não telefonar pra ela e não convidar pra te fazer compania? E assim vão vivendo, sem bem saberem pra onde vão.
Ela com medo. Ele também, mas se fingindo de seguro. Ele gosta do seu coque. Você acha graça em tudo que ele diz. Acha engraçado tentar entender porque dele, da sua vida, da sua arte.
Dependência de compania, de outro, por mais que esse não seja o outro que você quer.
E depois de travar essa rotina estranha, que nem mesmo queriam, acabam se perguntando como chegaram tão perto estando tão longe.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

"Ninguém vive a paixão inpunemente." Clara Averbuck

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Lágrimas nos olhos à uma, duas três da manhã? Emoção às dez da noite? Me transformaram numa mantega derretida? Não. Sinal das olimpíadas.
Não tenho mais medo do rumo que o barco toma. Acho que estou até começando a gostar de não ter destino certo pra chegar.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Mulher é bicho burro.

domingo, 17 de agosto de 2008

Estátua de Sal

Me sinto refém de mim mesma. Presa às minha próprias amarras, imóvel diante da armadura que eu mesma me coloquei. Construo castelos, barreiras, imensas muralhas para nada sair do ponto, para tudo ficar no lugar. Faço isso pra me sentir segura, mestre e dona de mim mesma, mas acabo me sentindo sufocada, presa e inerte à algemas que eu mesma me coloquei. Me sinto tentando respirar, nadando para sair de lá do fundo do mar e alcançar a superfície. Não consigo. Estou presa na proteção. Contida dentro dos muros. Tudo programado, tudo planejado. Um ponto sequer não pode sair do lugar. Tenho medo de desmoronar. Acabo intacta, imóvel, como uma estátua que não respira.
Quando vivia uma religião, me presa, precisava de liberdade e larguei tudo em busca de um próprio vôo, sem regras, sem doutrinas, sem culpa. Não dei conta de total liberdade. A liberdade é desesperadora em alguns momentos. Saber que se pode fazer tudo dá medo. Acabei inventando minhas próprias regras, pra sossegar diante de toda aquela nova liberdade. Resultado: continuo presa, entre doutrinas e dogmas. Que são meus. Não foi me imposto por ninguém, a não ser por mim.
Assim a vida se torna pesada, pouco divertida, tensa e rígida.
Queria poder transitar diante da vida, cedendo um pouco aqui sem medo, avançando para lá com ousadia. Equilibrada. Sempre equilibrada.
Quando resolvo me livrar das regras, seguir a intuição ou o coração, como se diz por aí, acabo caindo do outro lado do rio. Fico vulnerável demais, e isso me incomoda. A sensação é a de que vou ser levada pelo rio para um lugar que não quero ir, e de onde não vou poder voltar sem alguma carga de sofrimento. Gostaria de ser um barco a vela (com um motor instalado para qualquer problema ocasional), onde eu pudesse controlar o destino do barco, de acordo com o vento que sopra. Claro que para isso eu teria que ser uma grande velejadora, forte para segurar a vela, corajosa para soltá-la.
Queria poder acalmar o mar em dia de tempestade. Ficar dentro de casa, só olhando e esperando ela passar. Não gosto de estar no olho do furacão. Não sou boa velejadora. Não tenho muita força pra controlar sozinha, não tenho ousadia para deixar o barco ir até onde o vento levar. Já deixei, e fui parar em terra estranha, terra seca.
Não tenho coragem pra fazer o barco parar, no fundo gosto do movimento que ele faz e de para onde ele me leva. Parece que só consigo avistar um caminho, uma terra firme, quando em volta há dezenas delas. Acabo me deixando levar. A terra é seca, árida e não dá frutos. O chão é de pedras, e por mais que se tente andar por entre elas, acabo me machucando com uma ou outra no caminho.
Quero navegar o barco, leva-lo para outro lugar. Mesmo que seja no meio do mar, sem terra firme, mas onde as ondas sejam calmas, onde não haja tempestade, onde o sol brilhe. Mas o barco teima em me levar para outro lugar...

??

Porque tomar uma decisão simples às vezes se torna tão difícil?

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

A roda,o caminho e a vida


Tem coisas as quais a gente pode, um dia, não querer mais.

Não precisar mais, não ter mais que viver. É bom chegar num ponto onde a gente pode escolher, onde não se sente preso a um sentimento, a uma necessidade. É libertador poder escolher pra onde se quer ir e principalmente aonde não se quer ficar.

É bom ver as mudanças que o tempo e as experiências trouxeram. Se deparar com uma situação nova e ver como se poderia agir de um jeito e agora se age de outro. A gente estranha não ser mais aquela pessoa de antes, não se sentir mais presa e obrigada a fazer certas coisas. É difícil se desfazer de coisas que eram realmente nossas. Difícil é viver uma coisa diferente, mesmo que seja melhor. Parece que não nos reconhecemos. "Onde está aquela outra que estava aqui antes?" "Não era assim que eu agia. Não era assim que eu sentia." Mas, mesmo não nos reconhecendo não dá pra viver como antes, pensar como antes, agir como pessoa antiga, vai contra a nossa nova e denovo nossa, natureza.

São novos valores, novas necessidades e outras necessidades que ficaram pra trás. Não precisar de algumas coisas espanta. A liberdade dá medo. Até se acostumar com o que se é agora...

As coisas que a gente vive mudam a nossa vida. Algumas nos deixam mais protegidas, mais duras, mais céticas. Outras nos fazem ter o pé atrás, não dar tanta importância, dar valor a outras coisas, deixar passar. É por isso que viver é importante. É preciso deixar a roda viva da vida passar, nos transformar, mesmo que naquele momento a gente não se de conta de tamanha mudança. Só depois, como uma criança que aprende e põe à prova no brinquedo novo, vamos entender o quanto sentimos, o quanto deixamos de sentir, o quanto nos deixamos transformar.

Mesmo assim, continuamos voltando a alguns mesmos erros, às vezes andamos pra trás, nos pegamos vivendo um pouco como outra que já tinha sumido. É assim mesmo. Como já dizia Piaget, grande inspirador desse Blog, novas estruturas são construídas em cima de estruturas antigas. E é por isso mesmo que a gente vai e vem, dá um passo pra trás, dois pra frente, num eterno espiral.

Não sem uma pontinha de tristeza, por deixar o já conhecido, o já querido e o já cativo. Não sem uma pontinha de medo, do novo, do transformador, do desconhecido.

As vezes nos achamos mais espertas e nos deixamos enganar, assim, mesmo que por querer. Tem sempre algo no fundo da alma que diz o que nos faz bem, o que vai fazer mal. Em alguns momentos dá pra ser forte, resolvida, convencida e abrir mão. Em outros queremos mesmo é nos deixar levar, cansadas de lutar. Mas o fundo da alma dá um jeito e nos mostra o caminho dentro de nós, aquele que realmente queremos e podemos seguir.

Se todos conseguissem olhar pra dentro e ver, sem medo,o caminho a seguir...

domingo, 10 de agosto de 2008

Feliz dia dos Pais

Feliz dia Dos Pais pro meu pai!
Que às vezes é pai,
às vezes é filho,
às vezes é retrato,
quase sempre fotógrafo!
Hoje cozinheiro
Amanhã motoqueiro!

Pai de longe
Pai de Perto
Pai internético

Pai de carona
Pai de direção
Pai de Pai

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Equilibrista e Professor

Tenho um prazer imenso em ensinar, em ajudar a descobrir a ver o equilíbrio-desequilíbrio-reequilíbrio. Sou completamente piagetiana. Acredito que estamos sempre nos desequilibrando, ou então não teria sentido o nome desse blog.
Adoro ver as descobertas das pessoas, me encanto profundamente com a aprendizagem ,mas gosto demais de analisar e entender os outros.
Nem sempre tenho sucesso nisso. Uns se entendem melhor, outros são. Mas eu fico ali tentando desvendar as ações, as palavras, o que tem por trás delas, a verdade escondida, o sentimento reprimido.
E vivo fazendo isso comigo. Nada é em vão, nada é simples e puro. Tudo tem uma razão, um sentido por trás e, mesmo às vezes, o sentimento se mostrando ali, fervilhante e vivo, eu encontro nele uma razão, para que ele se torne menos vivo, mais seco. Talvez proteção demais, já que depois das quedas o equilibrista passe a prestar mais atenção nos passos. Talvez mais auto-conhecimento. O equilibrista já sabe o peso de seu corpo, já sabe as quedas, as falsas quedas e já controla o medo de ir andando pra frente.
O equilibrista pensa e repensa seus movimentos, por mais que não tenha tempo pra isso, por mais que queira chegar logo ao fim da corda. Ele já usa esparadrapos nos pés, joelheira, capacete. Depois das quedas ficou mais prevenido, não tem medo de cair, mas precisa cair com proteção.
Mas de vez em quando ele tem vontade de tirar tudo. Joelheira, cotoveleira, barreira, armadura e simplesmente correr pela corda,até o fim pra ver onde vai dar. Cair, levantar ou mesmo chegar ileso ao fim da corda.
As vezes depende do fim da corda. As vezes do meio. As vezes do chão.
A cada equilíbrio novo ele se sente mais forte, mais dono da sua corda, mais parte daquele mundo circense.
O equilibrista é de carne, osso, sente dor, fome e frio. Sente medo. Mas vive na alegria. Andar na corda é seu trabalho, é a sua vida.Não tem como não amar aquilo que faz, não há percalço que o faça desistir. Uma quedinha aqui, outra ali, mas ele volta e começa tudo denovo.
Mais feliz ele fica ainda em ajudar os outros a atravessar a corda. Em ver e enxergar os desequilíbrios de outros, que, em cima da corda não conseguem. Em fazê-los enxergar que é olhando pra dentro que se anda pra frente. Que o equilíbrio é interno e não externo. Que o medo de se ver, o medo de cair, só atrapalha o ofício.
Momento maior de felicidade é ver um equilibrista se entender, se reequilibrar, se conhecer pra continuar a andar, rumo ao fim da corda, que nunca termina, sempre se transforma.

domingo, 3 de agosto de 2008

Mulher de pouca fé

Sofro de falta de esperança, de falta de fé. Sempre fui uma pessoa bem religiosa, apesar de de uns tempos pra cá ter me desligado das doutrinas. Há pouco descobri, que depois de tanto tempo frequentando a igreja, rezando, acreditando e sentindo mesmo a presença de Deus, era (e ainda sou) mulher de pouca fé.
Não tenho a liberdade e nem a confiança de deixar a vida fluir para ver o que ela me trás. Tenho que controlar tudo, prever tudo. Saber o que fazer hoje, amanhã, depois, daqui a 10, 20 anos. Tenho medo de deixar Deus ou a vida se encarregarem de tudo e, como numa festa de aniversário que nós não organizamos, que eles se esqueçam dos detalhes que eu mais gostaria.
Planejei tanto a minha vida. Desde que me entendo por gente, vivo planejando. Planejava o presente, o futuro. Queria estar casada aos 23, com filhos aos 25, ser bem sucedida profissionalmente aos 30. Verdade seja dita, nada disso aconteceu. Não sou casada, não tenho filhos, tenho 25 anos e ainda tenho a vida profissional longe de ser bem sucedida. A isso responsabilizo o fato de não ter fé na vida, de não ter fé em Deus. Talvez ache que eles tenham me esquecido ou que programaram pra mim algo de que não vou gostar. Ás vezes chego a achar que eles planejaram mim uma tia solteira, daquelas que vive pra profissão, como vejo em muitas Pedagogas que viveram pras suas escolas e alunos. E isso, isso eu não quero. Vivo brigando com aquilo que acho que o destino está reservando pra mim. Não sei deixar tudo fluir, não sei deixar nada acontecer, e esse papo de que: "uma hora você encontra", "quando menos procurar aparece" e "alguma hora aparece a pessoa certa" não cabe em minha desconfiança total dos desígnios divinos.
As vezes me torno amarga, outras tenho inveja, recalque, na maioria delas fico ansiosa e triste. Como se eu tivesse que brigar pela minha felicidade, como se tivesse que resolver tudo antes que o destino viesse e tomasse a sua decisão, fazendo da minha vida algo que nunca quis.
Infelizmente é assim que penso, é assim que me torturo, é assim que tento não viver. Não sei se tento não viver ou se simplesmente tento esquecer que a vida pode estar planejando pra mim algo que não é do meu desejo. Queria ter o meu destino em mãos, e acho que só vou passar a acreditar nele quando tiver vendo e vivendo, ali na minha frente, tudo aquilo que sempre sonhei.

"Mas como é bonito o inseto (esperança): mais pousa que vive, é um esqueletinho verde, e tem uma forma tão delicada que isso explica por que eu, que gosto de pegar nas coisas, nunca tentei pegá-la" Clarice Lispector, Uma Esperança

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Vivo dizendo e prometendo que não faço mais. Acabo fazendo.

terça-feira, 29 de julho de 2008

"Amizade é matéria de salvação." Clarice Lispector

Perguntas que não querem calar!

  1. Como eu faço pra saber quantas pessoas visitaram o meu blog?
  2. Como eu faço para personalizar meu blog e colocar uma foto minha no título?
  3. Como eu boto aquelas coisinhas mostrando o que eu tenho lido?
  4. Como mudar tudo que tem do lado esquerdo pro lado direito?

SOS blogueiros de plantão! Ajudem o Na Corda Bamba a fica mais bonito!

Felicidade Clandestina

Algumas pessoas não entendem, mas gosto mais de livros do que de roupas. Talvez porque a formação acadêmica me exija, talve por falta de dinheiro para comprar as duas coisas. A questão é que me sinto bem melhor na Livraria da Travessa do que na Ecletic. O dinheiro que sobra, vai para comprar livros.
Nunca fui de comprar muitas roupas, nunca liguei muito pra isso, mas o hábito de comprar livros é recente. Também nunca fui muito de ler, mas depois que entrei pra faculdade eram livros, livros e mais livros acadêmicos. O problema foi que fiquei só nisso. Livros sobre educação, psicologia, psicopedagogia. Se lia um livro inteiro por ano já era demais.
De uns tempos pra cá ando querendo ler o mundo. Infelizmente ou felizmente, tenho tempo de sobra, e tenho a sensação de que quero adquirir todo o conhecimento possível através dos livros. A satisfação em escrever me fez querer ler mais para poder escrever mais e alimentar esse blog. Os livros ajudam a refletir, pensar, raciocinar e coordenar, enquanto a televisão (minha companheira de horas e anos) já nos dá tudo pronto. A imagem é praticamente inquestionável (me corrijam os jornalistas mas esse é um ponto de vista pedagógico).
Lendo alguns livros para a minha monografia de pós descobri que a televisão, diferente dos livros, das aulas e discussões, não abre espaço para a pergunta. O que está ali parece inquestionável.
Sempre via televisão demais e lia de menos. Está sendo difícil quebrar essa rotina, mas o interesse pelas linhas é cada vez maior. Leio mais, mas sem abrir mão daqueles programas que mais gosto. Alguns tem horário sagrado.
Agora, por incrível que pareça, estou encantada com Clarice Lispector que, depois de diversas tentativas no colégio, acabo de começar a ler.
O texto fluiu em mim livremente como não acontecia há 10 anos atrás quando era obrigada pelos professores de literatura a ler e interpretar o que essa mulher sensacional escrevia. Lendo agora pensei como é difícil ler Clarice aos 15 anos e me questionei se realmente faz bem obrigarmos os adolescentes a reflexões tão profundas que, em sua maioria eles não atingem. Prova disso é que eu peguei esse livro emprestado da minha irmã caçula de 16 anos, que o leu para a escolahá não menos de um ano e ela nem sequer sabia me confirmar se tinha mesmo lido o livro. Sinal que que não ficou nada ou quase nada para ela.
Diferente dela, o nome "felicidade clandestina" me marcava. Não sabia bem do que se tratava, mas sabia que já tinha lido esse conto. Bastou começar a ler o conto que dá nome ao livro para poder me lembrar perfeitamente do que tinha lido há 10 anos atrás.
Clarice é, assim como a escritora desse blog, uma equilibrista. E como tal, uma Piagetiana. Impressionante como seus textos usam palavras desse vocabulário e se encontram em equilíbrios e desequilíbrios, assimilações, acomodações, adaptações.
Próximo passo: Cidade Partida. Por total influência do filme de ontem,"era uma vez."

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Jabá

Vez em quando tenho que fazer propaganda do meu artista pai nesse blog.
Segue o link de Renato Aguiar

domingo, 27 de julho de 2008

Chorei até ficar cansado de ver os meus olhos no espelho.
Menos amigos, mais linhas. Mais segredos, mais textos. Tudo na vida tem sua vantagem.

Razão sem sentido

As vezes cansa tentar lutar contra o que achamos que é errado, mas sentimos de outra forma. As vezes o duelo razão/emoção pode ser muito difícil, e fazer a razão vencer todas as vezes se torne um trabalho pesado e não eficaz.
Talvez precisemos mudar o rumo, a solução, a prosa; tentar de outra maneira, recriar a fórmula, não usar a fórmula, deixar a emoção vencer pra ver se resolvemos a questão.
Eu, apesar de romântica incorrigivel, sou uma racional feroz. Acredito na mente, no entendimento. Penso -logo existo- que em tudo deve haver uma razão e que uma ação sem razão não é justificável. Sou rígida, dura, tento segurar as rédeas da minha própria existência.
Mas ai vem uma forcinha contra, uma forcinha que vai se tornando cada vez maior e maior, quanto mais eu a empurro pra dentro. É como um rio transborandando durante uma tempestade. Por mais que diversas barragens tentem conter, ele vai transbordar e levar com ele diversas casas, pessoas, caminhos.
As vezes cansa segurar. Aplacar. Racionalizar. Os motivos reais, sensatos corretos simplesmente não bastam mais pra conter a barragem que teima em querer se quebrar. Talvez tenha memso que quebrar e deixar o rio correr com toda a sua força. Talvez aí ele chegue mesmo aonde ele quer e a barragem sem saber está impedindo aquilo que ele mais quer.
Ás vezes nos fazemos mal quando achamos que estamos nos fazendo bem. Quando queremos nos manter rígidas, imóveis do mesmo lugar, na mesma postura, mesmo que essa não nos esteja fazendo feliz. Mas é a postura correta, é a postura da razão. Não devemos mexer nela, com medo daquilo, que não precisa de motivo, que sente que pulsa, sair por aí, desgovernado sem saber por onde vai.
Não sei aonde o rio vai parar, mas de repente ele consiga ficar melhor assim, do que preso a uma razão sem sentido.

Hoje deixei o rio seguir. Abri a barragem. Fui de encontro. Pro bem, pro mal. E precisei me justificar aqui.

sábado, 26 de julho de 2008

Eu bem que tentei, mas não consegui me lembrar de nada interessante para dizer às 3h50 da manhã.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Rabugentices


  • Cinema é coisa de casal. Ir sozinho ao cinema (ainda mais estando solteiro) e ver todos os casais felizes e contentes, aumenta o grau de solidão e irritação.



  • Recebeu uma ligação, ligue de volta. Recebeu uma mensagem de texto, responda. Recebeu um scrap mande outro. Recebeu um sinal de fumaça - acene



  • Vida de casal não é vida de monge . Algumas pessoas tendem a sumir da vida dos amigos quando namoram, casam ou jutam escovas de dentes.



  • Acordar as 6h30 da manhã de um sábado é tortura.



  • Ter uma orientadora que vive em marte do século XVII é uma realidade que eu gostaria de não ter que viver.



  • As calçadas do Rio andam muito disformes, ainda vou tropeçar,cair e processar a prefeitura.



  • Todos os netos da vovó em clima de romance, incluindo aí irmã caçula.
Mais?? Acho que nem eu nem vocês aguentamos!

Margarida e a escola

Margarida nunca foi boa aluna na escola. "É a aluna do seis", diziam os professores. Penava para passar de ano, dependia de professores particulares. Quando chegou a universidade era uma das melhores alunas da turma, chegava às melhores do departamento.
Nunca entendeu como pôde ter tanta dificuldade no colégio e de repente desabrochar como uma borboleta que sai do casulo. Uns podem dizer: "ah, ela foi estudar o que realmente gostava." "A faculdade não exigia tanto quanto a escola."
Fato é que Margarida nunca foi muito enturmada na escola. Não tinha muitos amigos, não fazia parte das populares e chegava até a sofrer do que hoje se chama de Bullyng (aqueles que são sempre sacaneados, excluídos, etc.)
Margarida nunca esqueceu o que sofreu na escola e talvez por isso tenha escolhido a profissão que escolheu. Não quis sair da escola, nunca.
Hoje, depois de anos ela descobriu que não era a toa que não era boa aluna na escola. Afinal, como os pedagogos,psicólogos e psicopedagogos não cansam de dizer, para aprender são necessárias diversas condições afetivas, sociais e cognitivas. Margarida só contava com as cognitivas dentro da escola. As outras estavam meio entruncandas devido aos fatos sucessivos.
Ela achava, até então, que era ruim mesmo, que tinha dificuldades, que não entendia matemáticao, que física era muito difícil. Mas fazendo vestibular depois de 6 anos sem estudar, acertou metade das questões da prova, e principalmente as questões de matemática, física, química.
Ela entendeu então que hoje, como o pensamento mais leve, a vida mais livre de tantas imposições e regras da adolescência, ela já podia aprender melhor, entender mais e talvez fosse uma excelente aluna se pudesse voltar à escola.
Como a história presente se faz de entendermos o passado para seguir em frente, assim como um clic, Margarida descobriu, entendeu e prosseguiu.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

SOS

Preciso de uma aula sobre como configurar blogs! Alguem se habilita?

A árvore, o terreno e o jardineiro.

Como eu já disse uma ou duas vezes nesse blog. Os sonhos me perturbam. Os meus, claro. Tenho a mania de tentar interpretá-los sempre, principalmente quando eles mexem comigo. Essa noite sonhei bastante. Na verdade os sonhos foram bem fortes já que me lembro deles agora como se tivessem realmente acontecido. No primeiro encontrava um amigo com quem não falo há bastante tempo e como ele estava uma pessoa importante com quem infelizmente tive um desencontro amoroso, temi em passar por eles. Não é difícil entender que não encontro o amigo na decorrência de ele ser próximo ao desencontro...
Fato é que o sonho não era muito bom e o desencontro amoroso, que já aconteceu há alguns meses e já deveria ter ficado pra semente, parece que ressurgiu como raiz.Parece que acordo aqui, comigo. Complicado isso. Algumas pessoas ficam ou teimam em ficar na nossa vida, mesmo que a gente não queira. Como aquelas árvores que estão hás anos no mesmo lugar, que enfincaram raízes no asfalto, nas casas próximas. Algumas plantas simplesmente morrem por não se adaptarem a determinado local, às condições de luz, de temperatura,ao terreno. Essa, resiste em ficar, mesmo não querendo o terreno, que já cansou dos estragos das árvores, e nem a mesma, já que não se adaptou a ele, não conseguindo dar a ele aquilo que ele precisava, machucando-o profundamente.
O terreno já tenta expulsá -la há meses, dias, horas... mas ela resiste em ficar. O Jardineiro, coitado, já nem sabe mais o que fazer.
Quando eu acho que esqueci das coisas que me marcaram, elas voltam em sonhos. Quando acho que superei determinada perda, ela volta em sonho. Freud chama isso de inconsciente, de questão mal resolvida. Aquilo que não nos é possível viver no consciente, fica no inconsciente e vem através de sonhos, atos falhos...
Talvez não tenha mesmo resolvido a questão do desencontro, do desafeto, da decepção. Talvez ainda não tenha aparecido outra árvore pra expulsar a teimosa do terreno. Talvez o jardineiro ande sem muitas plantas pra cuidar e assim fique prestando atenção somente naquela, naquela que teima em ficar. É assim, como diz o ditado: Cabeça vazia... casa do diabo! No meu caso, casa de erva daninha, de árvore teimosa, de terreno vazio.
Dizem que o tempo cura tudo. Não sei, talvez cure mesmo, mas sozinho ele não consegue. Quando a gente acha que a árvore se foi, ela volta. Quando achamos que o tempo curou, aquela dorzinha, no fundo do coração, volta. E assim não há outra planta que consiga achar lugar.
É... esse terreno tá mesmo estranho. Esse jardineiro não está sabendo cuidar.
Jardineiro não consegue entender mesmo. Já tentou tantas coisas, já deixou o tempo passar, já conversou com a planta, já se afastou dela... Dá vontade de se render... de deixar a planta ficar ali mesmo, mesmo contra a vontade do terreno, tão machucado por ela e suas raízes. Já pensou em enfrentar, em deixar as raízes crescerem por outro lado, em ficar amigo da planta. Mas as raízes ainda machucam muito. Talvez um dia elas deixem de machucar e assim os três: árvore, terreno e jardineiro consigam viver em harmonia.
Por enquanto ainda não dá. Apesar do tempo. 6 exatos meses. Quando é que a raíz vai parar de machucar?

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Dúvida cruel

Tem gente que vive de passado. Chamam de museu. Eu vivo de futuro, como é se chama?

segunda-feira, 21 de julho de 2008

´100!!

Tristeza rolou nos meus olhos
Do jeito que eu não queria
Invadiu meu coração
Que tamanha covardia
Afivelaram meu peito
Pra eu deixar de te amar
Acinzentaram minh'alma
Mas não secaram o olhar
Afivelaram meu peito
Pra eu deixar de te amar
Acinzentaram minh'alma
Mas não secaram o olhar
Saudade amor, que saudade
Que me vira pelo avesso
E revira meu avesso
Puseram a faca em meu peito
Mas quem disse que eu te esqueço
Mas quem disse que eu mereço
Saudade amor, que saudade
Que me vira pelo avesso
E revira meu avesso
Puseram a faca em meu peito
Mas quem disse que eu te esqueço
Mas quem disse que eu mereço

Yvone Lara E HermÍnio Bello De Carvalho

Em crise profissional.

Dizem que todo mundo em algum momento passa por isso. Eu estou passando agora. Não sei o que fazer, o que quero fazer, o que não quero. Sò sei que preciso de um emprego que nem todo mundo. Sair as 9h e voltar as 18h. O ócio está acabando comigo.
Acho que estudar livremente também!
Ainda tenho uma pós e uma monografia pra fazer. Não consigo estudar. Não tenho trabalho.
Acho que vou curtir as férias livremente!
E o futuro?
Já nem sei mais...

terça-feira, 15 de julho de 2008

O silêncio dos inocentes.

Mais um inocente morto por policiais. Mais um erro da polícia. Mais uma vez o chefe da polícia dizendo: "esse não era o procedimento ideal" e "esse não era o resultado desejado" . Mais uma vez o nosso Governador dizendo que esta situação é realmente inadmissível.
Procecimento ideal? Resultado desejado? Nós estamos falando de vidas! De famílias que perderam entes queridos. Mulheres que perderam filhos, maridos, irmãos. É tão simples assim assumir um erro como esse?
Enquanto o chefe da polícia dizia calmamente as palavras acima em uma entrevista ao vivo, o âncora do jornal interrompia, irritado e revoltado com a situação: "mas tenente, mais uma vez um inocente foi morto". Os próprios repórteres já não escondiam mais a sua indignação, mostrando a revolta que todos nós estamos vivendo com isso. Eles, que tem que manter a calma, serenidade e imparcialidade para transmitir a informação já se juntam a nós nessa indignação, revolta que não cabe nas linhas desse blog.
Tenho lido e assistido a todas essas notícias quase que diárias de morte de inocentes por simples erros de policiais. Claro que sabemos que isso acontece e sempre aconteceu e que como qualquer outro fato é mais uma especulação da mídia. Quando um assunto dá ibope, logo outros da mesma natureza começam a aparecer.
Isso tudo seria simples se não estivéssemos falando da nossa polícia, daqueles que supostamente estão nas ruas para nos proteger. Daqueles que são os "bonzinhos", que desarmam o inimigo e não saem atirando a esmo tentando matá - los a qualquer custo. Lembram do conceito de polícia?
É claro que isso daria em morte de inocentes.
Quando um médico erra uma vez numa cirurgia e leva um paciente á morte ele é alvo de processo e corre o risco de não mais exercer a sua profissão. Um médico. O policial é preso ADMINISTRATIVAMENTE e logo volta às suas funções normais.
Sei que é chover no molhado, mas que preparo é esse que os nossos policiais tem? O que e aonde eles estudam? O que eles entendem por fazer uso da arma de fogo? E o principal, qual a punição para aqueles que desobedecem as regras??
Como quase tudo em nosso país, essas mortes acontecem por falta de medo! Sim, medo de ser punido ou consciência de que se está lidando com o outro. Nesse caso a vida de outro. Ou de outros como tem sido.
Um policial (que ainda trabalhava como segurança e devia ter um preparo impecável) ao invés de tirar seu protegido da confusão, como deve fazer qualquer segurança, atira para o alto (ou a queima roupa) matando um menino, só um menino e 18 anos.
Outros confundem, vejam bem CONFUNDEM, o carro de uma mulher que carregava dois filhos, com o carro de bandidos, metralhando - o e é lógico, pois não poderia acabar em outra coisa, matando um de seus filhos. CONFUNDEM?? como assim? A polícia pode se dar ao luxo de confundir? Ela tem o benefício da´dúvida e sai atirando???
Outros policiais saem atirando o carro de uma jovem de 24 anos que, por medo de ser parada (muitos policiais as 4h30 da manhã querem extorquir uma menina sozinha), e depois somem com o corpo. Isso é possível? Eles não tem medo da punição?? Parece que não.
Isso sem contar com a crueldade. Crueldade porque não achei palavra pior. Crueldade eu repito, dos tenentes do exército que entregaram 3 INOCENTES à traficantes de uma facção rival. Nem me pergunto o que esses teriam feito com os meninos, pois dos traficantes, bandidos, ladrões; eu espero qualquer coisa. Do exército, da polícia não.
E agora isso: um inocente é morto por policiais porque mais uma vez policiais se confundiram. Acharam que era um roubo de carros e não era, era um sequestro relâmpago. Ahhh eles confundiram... Não pensaram que podia ser mais uma mulher com seus filhos? Não era. Dessa vez era um homem. Um administrador de 37 anos que foi tratado pelos policiais como pedra, lixo. Retirado do carro, ainda vivo, sem o menor cuidado. O que acontece com o respeito à vida?
Bandidos ou Inocentes, não importa! Será que a polícia acha que pode sair por aí atirando a esmo pois uma hora vai acertar seu alvo? Parece que eles acham que estão dentro de um jogo. Uma simulação, onde cada morte é uma vitória. E o que acontece com eles?
A Sensação que dá, para nós que assistimos a tudo isso, é que o valor da vida é mínimo. Que nesse caso, coitados, eles erraram tentando acertar. COITADOS...