segunda-feira, 30 de junho de 2008

Para comerçar bem a semana!


Foto de Renato Aguiar, também conhecido como meu pai!!
Smile! Sorriam!!!

sexta-feira, 13 de junho de 2008

"O essencial não cabe nas palavras"




Durante todo o meu curso de Pegagogia, meus estágios e minha pós graduação, sempre ouvi falar da escola da Ponte. Sabia que era uma escola diferente, experimental que não tinha séries mas não sabia direito como funcionava aquilo. Fiquei encantada, curiosa e com muita vontade de conhecer.
Quando resolvi ir à Europa e que ia passar por Portugal, tive a certeza de que não podia deixar de visitar a tão falada Escola da Ponte. Marquei a visita e no fim da minha viagem passei por essa incrível experiência que irei vos contar.
A Escola da Ponte é uma escola experimental, não seriada, onde os alunos escolhem o que querem aprender. Eles se reunem por grupos e montam um plano quinzenal onde pesquisam, fazem fichas e tem uma meta a cumprir. Os professores ficam na sala à disposição dos alunos para perguntas e problemas. São vários professores em cada sala e algumas salas nem chegam a ter paredes como divisão. Os grupos trabalham silenciosamente, numa harmonia inacreditável para quem vive a realidade educacional brasileira.
Vocês podem dizer que isso não funciona, que o programa não é cumprido, que essa escola é uma enganação ou que não acreditam que algo assim possa ser realidade. Eu também não teria acreditado se não tivesse visto e principalmente vivido essa linda realidade.
Talvez enquanto estive lá, não tivesse conseguido digerir e entender o tamanho da importância da Escola da Ponte. Fiquei encantada, maravilhada, mas não conseguia entender muito bem aquilo que poderia mudar em mim.
Pois bem, eis que na minha reconfortante volta aos estudos me deparo com um livro de Rubem Alves sobre a Escola da Ponte. Para quem não sabe, Rubem Alves é psicanalista que escreve muito e muito bem sobre educação. Nunca tinha lido nenhum livro dele, já sabia que ele tinha um trabalho sobre a Ponte, mas nunca tinha tido acesso ao livro. E então ele estava ali, na minha frente, pedindo pra ser levado pra casa.
Li em uma tarde todas as crônicas e impressões de Rubem Alves sobre a Ponte e fiquei ainda mais encantada com a experiência que tinha vivenciado. Assim como eu, Rubem não acreditava que tal experiência pudesse dar certo.
Na escola da Ponte os alunos não são educados para a cidadania, eles são educados NA cidadania. As regras são feitas pelos próprios, escolhendo eles mesmos a "punição" para os "indisciplinados". Há uma assembléia toda semana para se debater problemas e debates acontecem todos os dias.
Nessa escola os alunos são formados para serem autônomos. Há nos murais das salas, listas com os títulos:"Posso ajudar em" e "Preciso de Ajuda..." . Ali os alunos se inscrevem para ajudar e serem ajudados, numa troca que independe de idade, série ou status.
Assim como Rubem, eu acredito nessa experiência, pois creio que formar, educar não significa somente acumular conhecimentos para serem depositados em provas, exames e etc. A Educação é algo muito mais amplo que isso. Muito mais intrínseco, enraizado e venal. Nas palavras de uma aluna da Ponte, que escreveu sobre forma de poema o que a escola representava para ela:

"Quando eu era pequenina
Acabava de nascer,
Ainda mais abria os olhos
Já era pra te ver

Quando eu já for velhinha
Acabada de Morrer
Olha bem para os mes olhos,
Sem vida, Te hão-de ver"

Esse poema me emociona profundamente assim como várias frases do escritor ao longo desse belo livro.Imagina o que é para uma criança dizer que o resto da vida e mesmo sem vida, a escola, algo tão odiado por alguns, vai estar lá, presente, incorporada, vivida. Acho difícil alguém passar pela Escola da Ponte e não se encantar dessa maneira. A não ser aqueles que são muito presos às tradições, as regras, aos modelos e não conseguem realmente enxergar a felicidade daquelas crianças.
Segundo Rubem:
"Escola da Ponte: um único espaço, partilhado por todos, sem separação por turmas, sem campainhas anunciando o fim de uma disciplina e o início de outra. A lição social: todos partilhamos de um mesmo mundo. Pequenos e grandes são companheiros numa mesma aventura. Todos se ajudam. Não há competição. Há cooperação. Ao ritmo da vida: os saberes da vida não seguem programas. É preciso ouvir os miúdos para saber o que eles sentem e pensam. É preciso ouvir os graúdos, para saber o que eles sentem e pensam. Sâo as crianças que estabelecem as regras de conviência: a necessidade do silêncio, do trabalho não perturbado, de se ouvir música enquanto trabalham. São as crianças que estabelecem mecanismoas para lidar com aqueles que se recusam a obedecer as regras."

No livro também podemos ler artigos da própria escola que, como não poderia deixar de ser, escreveu em conjunto um artigo em agradecimento às crônicas de Rubem Alves. Num dado momento eles dizem:
"a Ponte é uma passagem e a escola é uma ponte. A Escola da Ponte é uma escola, é uma passagem e uma ponte..."
Bom, não sei se consegui passar pra vocês o que é a Escola da Ponte, afinal acho que é impossível colocar em palavras o que foi visto, lido e vivido. Vivi mais um pouco a Ponte depois de ler esse livro. Mas se vocês imaginarem a paixão com a qual escrevi esse texto, talvez entendam um pouco dessa experiência.
Termino com uma frase que fica bem na porta da escola. É de Clarice Lispector:

"Mude, mas começe devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade."

Para quem se interessar:

ALVES, Rubem A escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir
Campinas,SP: Papirus, 2001

terça-feira, 3 de junho de 2008

Descartes e o Fluminense

Sou uma pessoa muito cartesiana! Planejo, organizo, tento entender os porquês e as minhas atitudes sempre precisam de alguma justificativa lógica.
Uma das coisas que mais me atraiu em Descartes, foi o fato de ele precisar duvidar de tudo para conseguir comprovar a sua existência. Descartes questionou tudo, duvidou de tudo para enfim poder recomeçar, reconstruir.
Descartes dizia não reconhecer "nenhuma coisa como verdadeira se não a reconheço evidentemente como tal".
Bom, tudo isso para dizer que como meu querido filósofo eu também preciso reconhecer as coisas para vê-las como verdadeiras.
Foi assim com a escolha do meu time. Sim, eu escolhi meu time. A maioria das pessoas "herda" do pai, da mãe, do avô e se você perguntar a elas o porque de ser Flamenguista, Botafoguense, Tricolor e etc, elas nada mais terão a dizer do que "porque é o melhor time do mundo!" Boa Justificativa, não pra Descartes.
Eu nasci flamenguista, tentei ser convertida por minha mãe ao botafogo, mas mesmo assim até o meu último namorado (todos eram flamenguistas, aí não tinha como ir contra) continuava torcendo pro meu time de berço.
Até que um dia eu começei a me perguntar : "Porque sou flamenguista?" "Eu gosto do flamengo?" Porque não Botagogo? Vasco? Fluminense? Cruzeiro? Grêmio?" Eu não conseguia achar resposta para todas essas perguntas. Resolvi então que, já que não poderia responder o porquês de ter um time, não o teria mais. Me declarei uma Sem Time. (Nenhum problema já que nunca tinha gostado de futebol, talvez por não ter escolhido um time).
O tempo passou e eu começei a sentir uma certa simpatia por um time carioca. Gostava das cores, dos torcedores... sentia uma imensa identificação com ele.
Para desgosto de toda minha família, me declarei FLUMINENSE. Sim! Eu adoro grená e verde, Chico Buarque é fluminense e pode se dizer que a torcida pó de arroz é muito interessante. Bom, podem não ser as jusficativas mais plausíveis, mais inteligêntes ou interessantes, mas o fato é que depois de anos eu ESCOLHI meu time e passei a adorar futebol! Vejo, torço, sei o nome dos jogadores, técnicos e a tabela do campeonato brasileiro! É... quem me viu, quem me vê...
E vocês que pensaram que Descartes não podia ter nada a ver com o FLuminense...
Rumo ao Boca Juniors e à Final da Libertadores!