quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Despedida literária

Acabo de terminar de ler "Cidade Partida" de Zuenir Ventura. Durante essas estivem imersa no universo de Vigário Geral, da violência urbana do Rio de Janeiro e dos movimentos sociais da década de 90.
Conheci melhor Rubens Cesar, com quem já havia tido contado na adolescência, sem ter a dimensão de sua atividade social. Entrei no mundo de Betinho, Caio Fábio, Caio Ferraz. Flávio Negão, Djalma. Entendi melhor os conflitos que vivemos na nossa cidade, hoje, mas gerei muito mais perguntas. Se a situação já estava desse jeito em 1994, como é que deve estar hoje?
O que a sociedade civil anda fazendo pela nossa cidade? O que leva alguns a seguirem caminhos tão diferentes dos outros . Uns vão pro crime, outros , filhos até dos mesmos mais, viram sociólogos, antropólogos e lutam contra a violência.
Me interessei por esse livro depois de ver o filme de Breno Silveira, "Era uma vez". Por alguns momentos achei que fosse emoção passageira com o filme (não tão interessante assim), mas depois percebi o quanto me cativei por aquele universo que, embora não seja meu, está presente, aqui, na minha porta. Pensando melhor, é sim o meu universo. Deveria ser, pois somos todos moradores de uma mesma cidade, uma cidade partida. Foi como abrir os olhos, abir a mente, enxergar a realidade.
Terminar de ler um livro é como se despedir de um lugar onde se viveu, se relacionou, se entranhou. Assim como Zuenir deve ter sentido sair de Vigário Geral depois de 10 meses praticamente morando lá, eu sinto sair desse universo que me trouxe tantas coisas. Tantos entendimentos, tantas dúvidas, tantas inquietações, tantas tristezas e tantas tragédias.
Gostaria de saber que fim levou Flávio Negão, o chefe do tráfico de Vigário Geral na época. Gostaria de saber como anda a Casa da Paz, a Fábrica da Esperança, os movimentos do Viva RIo.
O que é mais tocante é que não é mais um livro de ficção, onde tudo acaba ali, no passar a última página e fechar o livro. O encantador ou perturbador é que a história de Vigário Geral, da violência no Rio de Janeiro não acaba. Queria mais, queria saber mais.
Fica a despedida. E rumo ao próximo!

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