segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Baixa no Alto

Apesar de não ser velha de guerra, já morro no meu pequeno sub-bairro há 20 anos. O Alto leblon era tranquilo, sem engarrafamentos, sem muitos problemas de água, luz ou buracos nas ruas. Com prédios pequenos e algumas casas, mantinha uma tranquilidade que poucos bairros ainda tinham no Rio de Janeiro.
De uns 5 ou 6 anos pra cá as casas foram sendo demolidas, assim como os pequenos prédios. No lugar deles, não posso dizer que subiram espigões; mas com certeza, aonde moravam 10, hoje moram 30. Não há um ponto desse pequeno sub-bairro onde não se escute barulho de obras. Seja pela construção de prédios, pelo conserto de buracos, vazamentos e etc. Eu mesma fui (e ainda sou) vítima dessa especulação imobiliária. Antes, abria a janela e meus vizinhos eram árvores, flores, micos-leões que chegavam a entrar no meu quarto, bagunçando minhas estantes em busca de alimento. Há dois ou três anos (já perdi a conta), derrubaram todas as árvores, mandaram os micos embora e no lugar de tudo isso começaram a erguer um condomínio de dois prédios. OU seja, onde só moravam micos, vão morar aproximadamente 18 famílias. Meus vizinhos de frente passaram a ser os operários construtores que, nem preciso dizer, tiraram toda a minha privavidade e sossego. O barulho vai de segunda a SÁBADO, das 7 às 17h. Falta pouco para o empreendimento ficar pronto, mas durante esses três anos foram incontáveis as horas de sono que eu perdi.
Não bastasse isso, são muitas, como já disse, o número de novas construções por aqui. A rua, toda de paralelepípedo já está fadada a ser asfaltada. Os engarrafamentos às 9h, às 12h e às 18h já são constantes. São constantes também as obras da CEDAE para consertar os buracos causados por tantos carros. Em um mês já foram dois transformadores da light queimados.
Bom, eu só consigo enxergar isso como um aumento absurdo da população desse lugar sem que a estrutura do mesmo acompanhe. Se onde moravam 5, hoje moram 20 e onde não morava ninguém moram 100 é mais do que plausível que as ruas (são somente 2, as outras são ruelas sem saída) fiquem sobrecarregadas, assim como a rede de energia. Não me admiraria se daqui a pouco tivessemos problemas com rede de esgoto e de água.
Há 5 anos não havia engarrafamentos, nem quedas de luz constantes, nem idéias de asfaltamento. Há 5 anos não havia barulho de obra por todos os cantos, não havia tantos buracos na rua, não havia canto de passarinho sendo interrompido por britadeira.
Alguma coisa está fora da ordem. E se não fizermos alguma coisa, a ordem é que vai mudar.

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