terça-feira, 21 de abril de 2009

Tiradentes e a Ditadura Militar

Hoje é dia de Tiradentes, mas com tantos feriados de tantos motivos por aí, acabamos esquecendo o que nos fazem parar nesses dias. Eu também provavelmente me esqueceria do porque não trabalho nesse dia se não fossem por dois fatores aparentemente sem relação.
Domingo passado assisti ao filme "Batismo de sangue", baseado no livro homônimo de Frei Beto, que conta a história de quatro freis dominicanos durante a ditadura militar no Brasil. Nunca tinha tido a real dimensão do que foi e do tamanho sofrimento que causou a ditadura antes desse filme.
Pensar que um grupo de militares não só tomou o poder a força como teve esse poder legitimado por grande parte da nossa população, ver o quanto sofreram, literalmente, na pele os presos políticos que só queriam libertar a sociedade de um governo violento e sem escrúpulos, pedindo um governo que repartisse os bens entre todos. Em tempos pós Osama Bin Laden, ver que esses intelectuais, artistas, freis, cidadãos eram chamados de terroristas é, se não inconcebível, um pouco inacreditável. Minha geração viveu a maior parte da vida na "democracia", se é que podemos dizer que nosso país tenha uma democracia real, que não seja só política.
O filme retrata diversas cenas de tortura, fortes, com peso de verdade, e as consequências que elas trouxeram àqueles homens e mulheres. Difícil entender como muitos conseguiram sobreviver sãos depois de tanto sofrimento. Alguns não puderam resistir, não pelo corpo, mas pela mente e pela alma que ficaram para sempre naquelas horas de tortura. Preferiram deixar vida para dar fim ao tormento que os perseguia.
O filme não me mobilizou tanto emocionalmente na hora em que terminou quanto no dia seguinte. Era algo que precisava ser pensado e digerido (se é que é possível digerir isso em algum momento).
No dia seguinte, na escola quando falávamos às crianças quem foi Tiradentes, o que ele tentou fazer pelo Brasil e como foi punido, todo o filme me veio a mente, fui profundamente tocada e ferida.
Nesse momento, em que a outra professora explicava, algo que, é claro, eu já "sabia" desde a idade de meus alunos, tive uma súbita tomada de consciência. Sofri muito,por saber que aquele homem, que só quis trazer ao nosso país, liberdade e independência, foi humilhado,morto enforcado e esquartejado. Logo então me vieram as cenas do filme, cenas que como a da morte de Tiradentes realmente aconteceram, não foram somente um parágrafo escrito num livro de história. Senti enorme tristeza por ser membro de um povo que tenha feito isso com seus homens e mulheres. Senti enorme dor por pertencer a esse povo, que pune tentativa de liberdade com tortura, impulso à vida com a morte. E chorei, chorei e continuo chorando por Tiradentes, por Beto, por Tito e por tantos outros que tiveram que sentir dor, sede, fome, saudade, medo, desespero e que tiveram que morrer por amor a nossa pátria.
Tentei, mas acho que ainda não consegui e talvez nunca consiga, expressar aqui, em alguns parágrafos de um texto, a real tomada de consciência do que aconteceu (e ainda acontece) no Brasil.

domingo, 19 de abril de 2009

Carinhoso

Abriu os olhos. Eram seis da manhã e aquele pensamento atormentava-a. Decidiu então ir ao encontro do tormento. Tomar uma decisão, sair da rotina de um domingo pacato e sem vida. Partiu rumo ao desconhecido com ponta de conhecimento. Partiu em busca daquilo que mais queria. Tinha medo de tudo dar errado, de sair do normal e controlado numa busca desenfreada para acalmar o coração. Saiu em busca. Saiu.

O coração estava naqueles dias de bater forte, lembrando-a a todo tempo que ele estava ali. Sim, ela foi atrás dele.

Estava sendo guiada pelo impulso, seu companheiro não muito frequente, pois ela gostava de manter tudo controlado, sem imprevistos, sem novidades, tudo ao seu alcance de controle. Mas aquilo que sentia já saia de seu controle, então por que não ir em busca.

Chegou. O tormendo parou por alguns momentos. Olhou as pessoas, os prédios, viu que aquilo era comum. Ninguém a olhava, a observava por estar só. Sentiu- se grande, maior do que já tinha estado antes. Sentiu-se madura, adulta, inteira.

Foi encontrada pelo que tanto almejava, como se já não bastasse o encontro, tinha sido achada. Sorriu.

Oscilava entre uma tempestade e uma calmaria. Não tinha mais aquela sensação de que tudo ia acabar no próximo instante. Sentia que esse instante duraria a eternidade. E durava.

Ele a levava para o seu mundo, um mundo fora do dela, o mundo real. Ela tentava entrar no seu mundo, com medo de parecer fora do mundo. Olhava, chegava mais perto. Mas era só chegar perto que o tormento, agora já de encontro com sua razão de ser, voltava a fazer tempestade.

Misturava uma felicidade incabível,transbordante, com um tanto de vontade de chorar. Não era tristeza nem alegria. Era poesia. Que nem palavra pode dar nome. Que nem nome pode ser suficiente. Se dividia agora entre a poesia e a realidade. Arriscar o maior do seus mundos pra abraçar com toda força aquilo que nem ela sabia se cabia dentro de si? Desistir para acabar com a tormenta poética?
Não fez nem uma coisa nem outra. Voltou pra casa com a quase maior da felicidades (sim, pois ela ainda não estava completa). Felicidade simples de criança que vê a mãe buscá-la na escola, felicidade de dia de céu azul, felicidade de filme do Chaplin que consegue misturar lágrima e sorriso num mesmo instante.
O medo da poesia em vão? Esse ela deixou pra depois.
E quando chegou em casa só restava de tudo isso, um Carinhoso de Pixinguinha que cantou, cantou sem parar.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Pérolas do Dia a dia

A professora tenta explicar que não se deve reclamar quando se ganha um presente que já se tem:
- Turma, o que que a gente faz quando ganha um presente que já tem?
- Troca!

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A professora e as crianças brincam com bonecos em formas de animais e,olhando para o tigre, diz:

- Olha, é o thundercats!
- Não professora, não é thundercatas é Wild Cats!

Pano Rápido!

terça-feira, 14 de abril de 2009

Na Nova Corda Bamba

Não há quase nada mais parecido com o trabalho do equilibrista quanto entrar num novo ambiente, de trabalho e de amigos. Começar um novo trabalho é andar na corda bamba. Não saber o quanto se pode cair para um lado ou para o outro, andar devagar para saber que tipo de corda se está pisando, sentir que qualquer passo em falso pode significar uma queda.
Há o medo de ousar, de fazer de mais, de menos, igual aos outros, diferente dos outros, melhor que alguém, pior que qualquer um. Adiciona-se a isso o novo grupo social do qual se começa a fazer parte. Não há muita intimidade, nem pouca, já que o contato é diário. Não se sabe o que pode se falar, o que se deve calar, é como um passo devagar e delicado sobre a corda, temendo que pisemos com muita força, temendo que a leveza não seja suficiente.
Alguns passam por essa corda com a firmeza de equilibristas experientes, não temem os passos, o peso, o avanço. Outros, com tanto medo de cair, acabam não se arriscando a trilhar a nova corda que surge. Ficam para traz. Deixam de passear por um novo caminho, de construir novas amizades, de crescer profissionalmente. Os que avançam rápido também tem seus percalços. Podem cair, numa distração, podem ser pesados de mais pelo tamanho do orgulho, não andam com um pé após o outro, tentam pular um pedaço da corda.
O desafio do equilibrista é andar pé ante pé, sentindo o peso da corda em todo o corpo, balançando ora para um lado, ora para o outro, equilibrando o corpo e a mente.
Começar num novo trabalho exige equilíbrio dinâmico. Precisa-se fazer pouco daqui, muito dali, compensando um lado com o outro. Dando um passo para trás quando for preciso.
Entrar num novo meio exige coragem. Coragem de se arriscar, de vencer o medo de não ser aceito, de aceitar que não pode agradar e ser amado por todos. Andar nessa corda bamba exige levantar a cabeça todos os dias avançando um pouquinho mais a cada momento que se encontra uma brecha; ser gentil, querer aceitar o outro, dizer sim, quando muitas vezes o medo faz querer não. Exige principalmente paciência.
Andar nessa corda é uma escolha. Escolha de semear para o futuro, de plantar as semente sem saber se darão frutos, mas sabendo que foi-se um bom semeador, que seguiu o tempo de arar a terra,de plantar, de regar, de podar e de colher.

Respira, desequilibra, reequilibra e segue em frente.

domingo, 12 de abril de 2009

Feliz Páscoa


Feliz Páscoa para todos nós equilibristas!
Que a alegria da ressurreição preencha o coração de todos!

Poema contemporâneo

Passa tempo
Passa hora
Corre tempo
Corre Corre

Vida passa
Vida fica
Vida busca
Infinita

Falta tempo
Falta ar

Gira roda
Roda a máquina
Não pode parar
Não pode parar

Gira o tempo
Fica o ponteiro
Não passa o tempo
Não passa momento

Falta tempo
Falta ar
Sobra tempo
Falta ar

Sempre movimento
Parar jamais
Não anda vivendo
Vai vivendo correndo

Muito longe
Muita busca
Longo o caminho
Longe o alcance

Não falta tempo
Não sobra o ar
Não quer o tempo
Quer de volta o ar

Outro tempo
Outro tanto
Tanto tempo
Menos tempo

Parece infinito o caminho
Parece escasso o espaço
Parece curta a via
Que faz escolher a estrada

Muitas vias
Poucas escolhas
Muita vontade
Muita saudade

Do tempo que havia tempo
Do tempo que havia ar
Da estrada que perdia tempo
Da estrada que sobrava ar

Tarefa de descompromisso

O sitio é daqueles lugares mágicos onde podemos ficar horas parados contemplando o céu, olhando as plantas, a paisagem. Ando com a sensação de que preciso aproveitar tudo logo, antes que se acabe. É como um carpe dien exacerbado, onde impera a necessidade e pressa de poder de curtir tudo o que é possível ao mesmo tempo.
Saí da cidade no intuito de fugir desse clima de pressa, pouco tempo, muitas coisas, pouco tempo, que acabam nos deixando num estado de aceleração tamanho que é difícil nos desfazermos, mesmo nos finais de semana.
Qual a minha surpresa ao chegar aqui e continuar no mesmo estado de aceleração que me encontrava antes. Tinha que aproveitar os dias fora para ler, pensar, escrever, tomar sol, balançar na rede, olhar a paisagem, relaxar (sim, relaxar estava dentre os meus deveres de vir ao campo), ir a piscina, acordar cedo, dormir cedo, relembrar a infância, tomar café da manhã no sítio (coisa que eu mais adoro, desde criança), olhar o céu, não dormir no sol para olhar o céu, passear, não pensar em nada, aproveitar ao máximo. Ufa!
De repente tudo virou uma tarefa como aquelas do cotidiano do qual eu pretendia fugir. Como eu disse, vim para o sítio no intuito de me desligar da rotina, da cidade e das tarefas e acabei com mais uma lista delas para cumprir.
Nunca entendi muito bem quando as pessoas falavam do stress, da vida corrida, dos maus hábitos alimentares, da ansiedade que vem crescendo a cada dia mais. Não tinha vivido, até esse ano, uma rotina pesada, dessas que imploram por uma fuga para um lugar como esse em qual me encontro agora no momento em que digito esse texto.
Desde o início do ano entrei em uma rotina pesada de muito trabalho e estudo, mais pesada do que eu imaginava e que tem meu causado um mal estar constante. Isso talvez não fosse problema se tivesse os finais de semana para sair da rotina, mas não os tenho. Em breve terei, aguardo ansiosamente dia 23 de maio, dia em que acabo minha pós-graduação aos sábados e que os terei de volta para mim, assim como os domingos que atualmente uso para estudar.
A questão é, que, com a necessidade que temos hoje de trabalhar, criar projetos, pensar no futuro, pensar em nós, nos filhos (não os meus, não os tenho), em namorar (não nos meu, não o tenho), em, em sair, se divertir, procurar alguém interessante para namorar, esperar o alguém, descansar e etc. tudo, até a diversão e o descanso acabam virando mais uma tarefa a ser cumprida. Talvez seja a odisséia dos vinte e tantos anos, talvez os que estejam passando por isso leiam isso e se identifiquem. Sabemos que é uma fase em que temos que plantar tudo para colher no futuro, e isso inclui saídas para conhecer pessoas interessantes, descanso para agüentar a semana de trabalho, estudo e trabalho para estruturar a carreira, enfim, são muitos “tem que” pensando no futuro, plantando para mais tarde colher.
A avidez por dar conta de tudo, por conhecer tudo, aproveitar tudo, sentir tudo, trilhar todos os caminhos possíveis acaba fazendo com que não consigamos aproveitar nada em sua completude. Nada nos completa, nada consegue dar-se por finito. E a ansiedade vai aumentando cada vez mais. Nem um paraíso como esse em que me encontro agora é capaz de sanar ou abrandar esse sentimento de incompletude e pressa que temos aos vinte e tantos anos.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Wagner e Hamlet

Não sou dessas entendedoras de teatro, mas me arrisco aqui a falar, tamanha a minha comoção pelo espetáculo que vi ontem.
Um ator no palco, inteiro, pleno, dedicado. Um texto e uma história tão intensa quando a entrega do ator. Essa foi a experiencia de ver Hamlet, encenado por Wagner Moura, desejo que quase me levou a São Paulo mas que pude ontem mesmo sanar.
Não tinha dúvidas da grandeza e talento de Wagner. Acompanho esse baiano desde " A máquina", peça que trouxe grandes talentos para o Rio de Janeiro. Lázaro, Vladmir, João Falcão.
Nunca tinha visto encenação alguma de texto de Shakespeare, não tinha noção de tamanha intensidade. Wagner simplesmente correspondeu a todas a minhas expectativas, me fazendo admirá-lo cada vez mais. Não sai surpresa, mas comovida.
O texto do autor inglês cai como uma luva para Wagner, que o absorve, se envolve, se entrega, assim como Hamlet se entrega à suas dúvidas, e à sua morte.
A tradução de Aderbal Freire deixam o texto oscilando entre a leveza cômica brilhantemente traduzida por Wagner e pelo personagem Polônio (infelizmente não sei o nome do ator, mas ele é primoroso!). Mateus Solando (parqueano e colega de tablado) continua mostrando a que veio e confirma o que começou a mostrar em Mayza.
.
É sim uma peça longa, que pode cansar mesmo aqueles que estão sugados pela história e pelas belas atuações. Mas vale cada segundo e cada centavo.
Fico olhando Wagner Moura e imaginando-o daqui a 20 anos... é um ator desses que vai fazer (e já está fazendo) história.
Recomendo! Vejam Hamlet e aproveitem também para apreciar o novo teatro Casagrande!

"O resto é silêncio"
William Shakespeare

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Meme??

Tirado do blog da Cata!

ONTEM
1. Eu era... Estudante
2. Eu queria... namorar
3. Eu tinha... uma caixinha de música com uma bailarina
4. Eu sabia...
5. Eu adorava... a batty boop
6. Eu gargalhava... com pouquíssimas coisas
7. Eu duvidava... que o amor não durasse para sempre
8. Eu escutava...Fabio Junior, Mauricio Mattar, Guns and roses, roupa nova, paquitas...
!9. Eu viajava... pro sítio com a familia, todo carnaval
10. Eu queria conhecer... a Itália
11. Eu vestia... uniforme da escola!
12. Eu me assustava... com os policiais nas ruas
13. Eu esperava... a fada do dente!
14. Eu dizia... que ia casar com 19 anos! (ahahaha)
15. Eu bebia... cerveja, só cerveja
16. Eu sonhava... casar e ter filhos

HOJE
1. Eu sou... uma profissional
2. Eu quero... fazer mestrado, dar aula em faculdade.
3. Eu tenho... uma cadela linda chamada Nina
4. Eu sei... muito, mas muito mais do que sabia antes!
5. Eu adoro... ler, pegar sol, viajar
6. Eu gargalho... com o Marcelo Médici
7. Eu duvido... atualmente não duvido de nada...
8. Eu escuto... chico, edu, tom...(olha o pulo!!!)
9. Eu viajo...pra lugares mais distantes
10.Eu quero conhecer... Madrid, Barcelona, Praga, o interior da França
11. Eu visto... uniforme da escola ahahaha
12. Eu me assusto... com o aquecimento global
13. Eu espero... terminar meu francês, viajar, casar, ter filhos
14. Eu digo... mais "nãos" do que antes
15. Eu bebo... vinho, tequila, caipirinha, cerveja, chopp, marguerita, michelada
16. Eu sonho... tantas coisas...

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Desabafo 1: tudo ao mesmo tempo agora gera 12h de trabalho por dia e uma carga de cansaço que tá duro de aguentar.

Desabafo 2: O que é do homem o bicho não come. Comprar uma briga e ganhar tem um gostinho de vitória e de justiça, apesar da marca que fica.

Desabafo 3: Começar a ver as sementes plantadas dando broto é felicidade compensa o cansaço, e as marcas que ficam das lutas travadas.