segunda-feira, 22 de outubro de 2012

À espera

Tempo curto
Noite esguia
Em parte estremeço
Em parte me guias

Tu és de poucas palavras
Meus verbos a torto se alargam
De ti sigo seca aos pedaços
De mim segues plena aos percalços.

Tempo extenso
Noite vagueia
À espera das suas letras
À espera do seu tempo

Tempo que custa a passar
Espera se recusa a calar
Palavras que em mim não se calam
Palavras em que a ti custam falar.


domingo, 21 de outubro de 2012

Alma em cansaço

Se o espaço te invade
No enquanto se parte
Pedaço de alarde
Alvoroço metade

Se queimas e em parte ardes
Se tilinta mantendo o alarde
Não escapo porém do fato
Não descanso nem cedo um pedaço

Se em mim invades do topo ao passo
Se em mim manténs o espaço fechado
Não compro nem mato o que é crasso
Não comungo nem ato o desato

Queimas por dentro até cansar
Cansa por tanto de divagar
Divaga até o corpo parar
Para pra alma poder descansar.


quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Sapato perdido 2


Sapato perdido
Espaço encontrado
Gira-se no vão do retrato
Momento ainda não falado.

Perde-se no instante do trem
O passo que aperta e se esparsa
Anda, nas batidas
Corre querendo ficar.

Encontros e desencontros de almas perdidas
Talvez nunca encontradas no poder ser da vida.
Sentido não traçado, do corpo não esperado
Calça-se o sapato que antes nunca havia cabido.

Aperta o passo
Mesmo com o sapato apertado
Sofre de perto calado.

Oferece-se em flor
Não compreende o que pode ser amor
Sentimento escondido
Talvez já traçado
Talvez já perdido
Talvez ...

Sapato Perdido


Sapato perdido
Caminho encontrado
Manhã tão esperada
Corpo de pernas coladas

Sapato encontrado
No tempo perdido
Espaço engatado
No instante infinito

Sapato estendido
Antes escravo restrito
Da vida que havia prometido
Agora se alarga ao mundo.