quinta-feira, 24 de julho de 2008

A árvore, o terreno e o jardineiro.

Como eu já disse uma ou duas vezes nesse blog. Os sonhos me perturbam. Os meus, claro. Tenho a mania de tentar interpretá-los sempre, principalmente quando eles mexem comigo. Essa noite sonhei bastante. Na verdade os sonhos foram bem fortes já que me lembro deles agora como se tivessem realmente acontecido. No primeiro encontrava um amigo com quem não falo há bastante tempo e como ele estava uma pessoa importante com quem infelizmente tive um desencontro amoroso, temi em passar por eles. Não é difícil entender que não encontro o amigo na decorrência de ele ser próximo ao desencontro...
Fato é que o sonho não era muito bom e o desencontro amoroso, que já aconteceu há alguns meses e já deveria ter ficado pra semente, parece que ressurgiu como raiz.Parece que acordo aqui, comigo. Complicado isso. Algumas pessoas ficam ou teimam em ficar na nossa vida, mesmo que a gente não queira. Como aquelas árvores que estão hás anos no mesmo lugar, que enfincaram raízes no asfalto, nas casas próximas. Algumas plantas simplesmente morrem por não se adaptarem a determinado local, às condições de luz, de temperatura,ao terreno. Essa, resiste em ficar, mesmo não querendo o terreno, que já cansou dos estragos das árvores, e nem a mesma, já que não se adaptou a ele, não conseguindo dar a ele aquilo que ele precisava, machucando-o profundamente.
O terreno já tenta expulsá -la há meses, dias, horas... mas ela resiste em ficar. O Jardineiro, coitado, já nem sabe mais o que fazer.
Quando eu acho que esqueci das coisas que me marcaram, elas voltam em sonhos. Quando acho que superei determinada perda, ela volta em sonho. Freud chama isso de inconsciente, de questão mal resolvida. Aquilo que não nos é possível viver no consciente, fica no inconsciente e vem através de sonhos, atos falhos...
Talvez não tenha mesmo resolvido a questão do desencontro, do desafeto, da decepção. Talvez ainda não tenha aparecido outra árvore pra expulsar a teimosa do terreno. Talvez o jardineiro ande sem muitas plantas pra cuidar e assim fique prestando atenção somente naquela, naquela que teima em ficar. É assim, como diz o ditado: Cabeça vazia... casa do diabo! No meu caso, casa de erva daninha, de árvore teimosa, de terreno vazio.
Dizem que o tempo cura tudo. Não sei, talvez cure mesmo, mas sozinho ele não consegue. Quando a gente acha que a árvore se foi, ela volta. Quando achamos que o tempo curou, aquela dorzinha, no fundo do coração, volta. E assim não há outra planta que consiga achar lugar.
É... esse terreno tá mesmo estranho. Esse jardineiro não está sabendo cuidar.
Jardineiro não consegue entender mesmo. Já tentou tantas coisas, já deixou o tempo passar, já conversou com a planta, já se afastou dela... Dá vontade de se render... de deixar a planta ficar ali mesmo, mesmo contra a vontade do terreno, tão machucado por ela e suas raízes. Já pensou em enfrentar, em deixar as raízes crescerem por outro lado, em ficar amigo da planta. Mas as raízes ainda machucam muito. Talvez um dia elas deixem de machucar e assim os três: árvore, terreno e jardineiro consigam viver em harmonia.
Por enquanto ainda não dá. Apesar do tempo. 6 exatos meses. Quando é que a raíz vai parar de machucar?

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