sábado, 5 de julho de 2008

Monica, Chico e a OSB

Como alguns de vocês já sabem eu sou professora de música. Trabalho musicalização infantil. Ensino a elas o que é grave, agudo, de onde vem o som, como ele se propaga, os instrumentos, a orquestra, enfim, ajudo eles a se interessarem e a entenderem dentro das suas estruturas, o que é a música.
O que vocês não sabem, é que eu, por incrível e absurdo que pareça, eu nunca tinha ido a um concerto no municipal. (Oooohh)
Toda a minha formação musical foi em música popular e é o que eu acabo levando aos meus alunos; um pouco do nosso cancioneiro popular, tão pouco difundido entre as crianças. O máximo que eu ouvia de música erdudita eram as músicas de fundo do metrô (sempre as mesmas, diga - se de passagem, já decorei todas elas).
Para dar aula sobre orquestra, li, estudei, pesquisei na internet, e sabia de um lado a outro, no papel, a posição de todos os intrumentos, todo o misanceni que acontecia. Tudo no papel.
Qual foi a minha grande emoção ao ver ontem pela primeira vez, eles todos ali, reais, cada um sentado em seu lugar! Parecia que o desenho tinha saido do papel! Me senti uma criança descobrindo o mundo! Sim, os contrabaixos ficavam mesmo naqueles lugares, o violino espalla afinava mesmo os outros instrumentos e cumprimentava o maestro. Parecia um sonho tornado realidade.
Entretanto, o que me levou ao teatro municipal (que aliás, por si só já é uma obra de arte e motivo de emoção) não foi só a orquestra sinfõnica e sim, minha cantora favorita: Monica Salmaso.
Tenho verdadeira paixão pela voz dessa mulher. É doce, suave, aveludada e me traz uma mistura de anjo e mãe. A sensação que eu tenho quando ela está cantando é de tranquilidade, paz; como se eu estivesse completamente protegida, no céu, no colo de mãe.
Onde Monica está, eu estou. Vou a todos os seus shows aqui no Rio desde que a conheci infelizmente há somente 2 anos atrás. Como se já não bastasse ela ter essa voz fascinante que faz dela, segundo Edu Lobo, uma das maiores cantoras da atualidade; ela ainda gravou um CD com músicas de Chico Buarque! Ai Não! Aí já era demais! Era o paraíso! O lirismo de Chico e a delicadeza de Mônica só podia ser o nirvana! E era.
Mas, para completar o total êxtase, Monica não ia cantar somente músicas de Chico. Ia cantar músicas de Chico acompanhada pela orquestra sinfonica brasileira. Isso queria dizer que as músicas de chico, gravadas por Mônica iam ter arranjos para orquestra! Era demais para meu coraçãozinho e eu não poderia perder isso de jeito nenhum! Mesmo descobrindo o show em cima da hora, comprei o lugar que tinha (hoje graças a Deus (o lá de cima, não o Chico) temos a facilidade de comprar pela Internet, que benção!) , chamei uma amiga louca por música e fomos!
O concerto começou com uma peça de Camargo Guarnieri, que conhecia de nome, mas nunca tinha ouvido. Eu não sabia se prestava atenção no maestro, na música, nos movimentos. Ah, os movimentos! A sincronia da orquestra é outro espetáculo a parte! Eles chegam a virar as folhas das partituras ao mesmo tempo.
É fantástico ouvir os sons e descobrir de que instrumento eles estão vindo, ver que cada pedacinho faz a obra inteira e ter a certeza de que todo aquele som, é mesmo produzido por aquelas pessoas naquele momento.
Observava o maestro. Suas mãos pareciam uma flor que passeia com o vento.
Logo depois, uma peça linda de Villa Lobos, Bacchianas No 6 . O Primeiro movimento é uma das coisas mais bonitas que já escutei. Não preciso nem dizer que foi a orquestra começar a tocar e eu, com todas aquelas descobertas, começar a chorar.
Veio o intervalo e então... Monica.
Ela começou cantando Ciranda da Bailarina, uma das minhas músicas preferidas do Circo Místico, o musical de Chico e Edu. Não conseguia me conter imaginando como seria o arranjo para orquestra, como ficaria linda aquela música envolvida em sopros, cordas e xilofones. A música é tão delicada quanto a cantora e, foi tudo exatamente ou mais bonito do que eu imaginava!
Então veio "Construção", a música que pede trompas, bumbos e trombones! A orquestra reproduzia o caos do trânsito, a ruptura, o cotidiano, a mudança daquele trabalhador.
Foram seis músicas e ela saiu do palco ovacionada! Voltou, logicamente para um bis! Saiu. O grupo Pau Brasil , que a acompanha nesse cd, tocou "Bye Bye Brasil" com a orquestra. E Monica voltou, para fazer de bis "Construção". E foi ovacionada junto com a orquestra mais uma vez. E quando, arrasados, achávamos que o show literalmente tinha acabado... Opa, olha a Monica aí denovo! Dessa vez para dizer que contávamos com a ilustre presença de Edu Lobo que, depois de alguma insistência de Monica e do público subiu ao palco para cantar, junto com ela para cantar... Ciranda da Bailarina.Não sem antes botar os óculos e pedir para ler a letra. (para quem não sabe, Edu fez a mùsica e Chico a letra).
Não haveria final melhor para um show como esse. Monica e Edu, juntos no palco cantando, ao som da orquestra Sinfõnica Brasileira uma música que parece, só parece, ter sido feita para crianças.
Não reparem toda a impulsividade do texto! Ainda estou sob efeito daquelas duas horas de descobertas, emoções e perplexidades, diante de um espetáculo tão bonito.
Sò espero que isso se repita, muitas e muitas vezes.

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