terça-feira, 29 de julho de 2008

Felicidade Clandestina

Algumas pessoas não entendem, mas gosto mais de livros do que de roupas. Talvez porque a formação acadêmica me exija, talve por falta de dinheiro para comprar as duas coisas. A questão é que me sinto bem melhor na Livraria da Travessa do que na Ecletic. O dinheiro que sobra, vai para comprar livros.
Nunca fui de comprar muitas roupas, nunca liguei muito pra isso, mas o hábito de comprar livros é recente. Também nunca fui muito de ler, mas depois que entrei pra faculdade eram livros, livros e mais livros acadêmicos. O problema foi que fiquei só nisso. Livros sobre educação, psicologia, psicopedagogia. Se lia um livro inteiro por ano já era demais.
De uns tempos pra cá ando querendo ler o mundo. Infelizmente ou felizmente, tenho tempo de sobra, e tenho a sensação de que quero adquirir todo o conhecimento possível através dos livros. A satisfação em escrever me fez querer ler mais para poder escrever mais e alimentar esse blog. Os livros ajudam a refletir, pensar, raciocinar e coordenar, enquanto a televisão (minha companheira de horas e anos) já nos dá tudo pronto. A imagem é praticamente inquestionável (me corrijam os jornalistas mas esse é um ponto de vista pedagógico).
Lendo alguns livros para a minha monografia de pós descobri que a televisão, diferente dos livros, das aulas e discussões, não abre espaço para a pergunta. O que está ali parece inquestionável.
Sempre via televisão demais e lia de menos. Está sendo difícil quebrar essa rotina, mas o interesse pelas linhas é cada vez maior. Leio mais, mas sem abrir mão daqueles programas que mais gosto. Alguns tem horário sagrado.
Agora, por incrível que pareça, estou encantada com Clarice Lispector que, depois de diversas tentativas no colégio, acabo de começar a ler.
O texto fluiu em mim livremente como não acontecia há 10 anos atrás quando era obrigada pelos professores de literatura a ler e interpretar o que essa mulher sensacional escrevia. Lendo agora pensei como é difícil ler Clarice aos 15 anos e me questionei se realmente faz bem obrigarmos os adolescentes a reflexões tão profundas que, em sua maioria eles não atingem. Prova disso é que eu peguei esse livro emprestado da minha irmã caçula de 16 anos, que o leu para a escolahá não menos de um ano e ela nem sequer sabia me confirmar se tinha mesmo lido o livro. Sinal que que não ficou nada ou quase nada para ela.
Diferente dela, o nome "felicidade clandestina" me marcava. Não sabia bem do que se tratava, mas sabia que já tinha lido esse conto. Bastou começar a ler o conto que dá nome ao livro para poder me lembrar perfeitamente do que tinha lido há 10 anos atrás.
Clarice é, assim como a escritora desse blog, uma equilibrista. E como tal, uma Piagetiana. Impressionante como seus textos usam palavras desse vocabulário e se encontram em equilíbrios e desequilíbrios, assimilações, acomodações, adaptações.
Próximo passo: Cidade Partida. Por total influência do filme de ontem,"era uma vez."

2 comentários:

Catarina Chagas disse...

Felicidade clandestina é ótimo. E experimente também Laços de família, da mesma Clarice.

Catarina Chagas disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.