quinta-feira, 27 de março de 2008

Meus heróis

Mais um dia na terra de Edu Lobo, de Paulo Freire, de Luiz Gonzaga, de João Cabral e de tantos outros. Vim aqui para trabalhar, para formar, mas o que eu mais tenho feito é aprender. Hoje falamos sobre heróis, líderes e, quando cada um teve que fazer um desenho ou texto sobre seu herói, nada me veio a cabeça se não aqueles com os quais eu estava aprendendo.
São professores, coordenadores e assistentes sociais que trabalham com jovens que tem e tre 18 e 24 anos que não completaram o ensino fundamental. São jovens com problemas naturais dessa idade e que, não bastasse isso, já tem que lidar com filhos, o sustento de uma casa, uma família e muitos outros problemas que vocês já podem imaginar.
É um programa do governo federal onde cada jovem recebe 100 reais para fazer todo o ensino fundamental em 1 ano com um aproveitamento médio e ensino semi profissionalizante. Alguns alunos não recebem bolsas, a maioria tem que trabalhar, as condições das escolas são precárias, os professores muitas vezes não recebem.
São meus heróis porque essas pessoas estão na busca incessante de soluções pra seus problemas, são sonhadores e idealizadores incansáveis não só de uma melhoria na educação mas como na melhoria da vida de cada um dos jovens do programa. São homens e mulheres ou super homens e mulheres que lutam, que fazem do ímpossível difícil e do difícil possível. "O difícil a gente faz, o impossível a gente tenta" , disse uma das coordenadoras . É visível e emocionante a preocupação com cada aluno, a angústia de não conseguir completar um programa, a felicidade de ter tirado alguém das drogas e de vê - lo completar o programa. Isso sem contar que são indivíduos com casa, família e que como todos nós tem seus problemas.
A experiência que tenho vivido aqui esses dias é indescritível. Tenho aprendido mais do que em muitos anos de faculdade, tenho visto a realidade da educação brasileira, tenho compreendido o real sentido da profissão de professor. Amanhã é o último dia da formação. A idéia é transformá-los em articuladores sociais, mal sabem que são eles que estão me transformando...
Meus heróis hoje são esses professores e professoras de Olinda, Paulista e Jaboatão dos Guararapes. Acredito que como eles devemos ter muitos pelo Brasil. Dou graças a Deus de ter conhecido esses heróis e heroínas, de ter visto como e o que é possível fazer com o pouco e com o nada. Sou abençoada por poder compartilhar de experiências tão tocantes e transformadoras.

"Viver e não ter a vergonha de ser feliz
Cantar e cantar e cantar a beleza de ser um ETERNO APRENDIZ"

2 comentários:

Zé Henrique disse...

Que bom, Bella!
Espero que agora entenda o verdadeiro sentido da educação que Paulo Freire sempre colocou - educar é um diálogo eterno com o outro, que transforma tanto o educando quanto o educador.
Bom trabalho por aí e aproveite o máximo!!!

Anônimo disse...

Que experiência legal, né Isabella?! E você , que é sensível, vai aprender muito com esse trabalho. E, quem sabe, acaba ajudando esse país a avançar na educação?
beijos