terça-feira, 14 de abril de 2009

Na Nova Corda Bamba

Não há quase nada mais parecido com o trabalho do equilibrista quanto entrar num novo ambiente, de trabalho e de amigos. Começar um novo trabalho é andar na corda bamba. Não saber o quanto se pode cair para um lado ou para o outro, andar devagar para saber que tipo de corda se está pisando, sentir que qualquer passo em falso pode significar uma queda.
Há o medo de ousar, de fazer de mais, de menos, igual aos outros, diferente dos outros, melhor que alguém, pior que qualquer um. Adiciona-se a isso o novo grupo social do qual se começa a fazer parte. Não há muita intimidade, nem pouca, já que o contato é diário. Não se sabe o que pode se falar, o que se deve calar, é como um passo devagar e delicado sobre a corda, temendo que pisemos com muita força, temendo que a leveza não seja suficiente.
Alguns passam por essa corda com a firmeza de equilibristas experientes, não temem os passos, o peso, o avanço. Outros, com tanto medo de cair, acabam não se arriscando a trilhar a nova corda que surge. Ficam para traz. Deixam de passear por um novo caminho, de construir novas amizades, de crescer profissionalmente. Os que avançam rápido também tem seus percalços. Podem cair, numa distração, podem ser pesados de mais pelo tamanho do orgulho, não andam com um pé após o outro, tentam pular um pedaço da corda.
O desafio do equilibrista é andar pé ante pé, sentindo o peso da corda em todo o corpo, balançando ora para um lado, ora para o outro, equilibrando o corpo e a mente.
Começar num novo trabalho exige equilíbrio dinâmico. Precisa-se fazer pouco daqui, muito dali, compensando um lado com o outro. Dando um passo para trás quando for preciso.
Entrar num novo meio exige coragem. Coragem de se arriscar, de vencer o medo de não ser aceito, de aceitar que não pode agradar e ser amado por todos. Andar nessa corda bamba exige levantar a cabeça todos os dias avançando um pouquinho mais a cada momento que se encontra uma brecha; ser gentil, querer aceitar o outro, dizer sim, quando muitas vezes o medo faz querer não. Exige principalmente paciência.
Andar nessa corda é uma escolha. Escolha de semear para o futuro, de plantar as semente sem saber se darão frutos, mas sabendo que foi-se um bom semeador, que seguiu o tempo de arar a terra,de plantar, de regar, de podar e de colher.

Respira, desequilibra, reequilibra e segue em frente.

Nenhum comentário: