sábado, 23 de agosto de 2008

Texto partido

Por que nos sujeitamos a tantas coisas? Por que deixamos nos levar por ilusões tão claras, tão frágeis que se despedaçam ao primeiro tremor? Por que nos enganamos e nos deixamos enganar tão facimente? Por que nos saciamos com pouco? Por que estamos sempre tentando mudar o outro ou esperamos que eles mudem e se encaixem no nosso mundo?
Por que é tão difícil dizer não ?
Não consigo saber o que pode ser mais difícil: se deixar levar ou se conter, se proteger. O racional cansa, o passional destrói. No fundo no fundo, estamos sempre esperando que a situação mude, que as coisas melhorem, que ele ame, que ela fuja.
Eu tenho uma enorme dificuldade em dizer não. às vezes por vergonha, outras por gentileza, mas a maioria delas simplesmente porque não consigo. Não consigo desfazer as coisas, impor minha vontade, fazer do meu jeito; por mais que a minha própria felicidade esteja em jogo. Sozinha não consigo. Preciso que o outro diga por mim, que alguém feche a porta, que ele se mantenha aonde está. Sozinha não consigo.
E chega. Chega a um ponto que o sim não é por vontade de dizer, mas por impossibilidade de dizer o não. Não é uma escolha. É falta.
Preciso me livrar e não consigo. Preciso sair e deixar uma fresta aberta, mas no fundo quero me manter lá dentro com a porta fechada. Lá dentro não tem luz.
Me quero por inteira, me sinto como pedaços. Um pedaço mais interessante que o outro. Os outros pedaços, por mais pedaços que sejam, são pedaços meus. E tão meus que gosto tanto deles como dos outros, afinal sou inteira. Mas sou vista aos pedaços. E o que fazem com os outros pedaços? Por que eles não interessam? Talvez eu mesma me veja aos pedaços. Texto disconexo.Corpo e mente separados. Sexo e amor em opostos.
Eu sou uma, e como inteira quero ser amada por inteira. Odiada por inteira. Cobiçada por inteira. Entendida por inteira. Não quero só uma parte, o pedaço mais aparente, mais bonito. Quero tudo.
De repente é melhor se colocar por inteira . Botar as cartas na mesa. Entregar o jogo, mesmo que seja perdido.

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