sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

É preciso um bocado de tristeza, se não não se faz um samba não.

E de repente lhe bateu uma tristeza que ela não sabia de onde vinha. Os olhos marejados, o coração apertado, a mente quieta. Não era angústia daquelas que ela não sabia pra onde correr. Era simplesmente tristeza. Invadia-a como mar que vai e vem, molhando a areia e se recolhendo. Mas naquele momento, naquele exato instante ela parecia ter vindo pra ficar. A tristeza.
Continuou procurando motivos. Não era saúde que lhe faltava, nem paz, nem trabalho. Talvez amor, amor sim lhe fizesse falta e lhe deixasse aberto um grande vazio. Mas já estava acostumada com esse vazio. Já não era pouco o tempo em que convivia com ele. E continuava a se perguntar: mas porque tanta tristeza? Será o ano que chega ao fim, deixando pra traz tudo o que carregava com ele, todos os momentos vividos e sentidos? Seria o medo do que há de vir, do próximo ano, da próxima etapa? Não! Ela não sentia medo. Era só tristeza. Uma tristeza simples,branca, pálida, não profunda e amarga. Tristeza daquelas que dá vontade de chorar, sim, mas não daqueles abismos de onde não se vê a claridade.
Sabia que logo ia passar, que ia rir de um passarinho na janela ou de alguma tirada engraçada. Sabia que ia se distrair com a novela ou com o próprio trabalho, mas mesmo assim ainda não se conformava com a tristeza sentida, assim, sem sentido.
Talvez fosse assim mesmo, pensou. Há dias em que há tristeza, há dias em que há alegria sem motivo. ´Há dias que se acorda com toda a energia criada pelo mundo, noutros como se tivéssemos fatigados por ele. Talvez fosse essa coisa de dia, de fase, de razão nenhuma pra nada. Há que se aceitar que algumas coisas simplesmente não tem razão de ser, são. E a tristeza é uma delas.

Um comentário:

Sr. Despedaça Corações disse...

E a tristeza tem sempre uma esperança
De um dia não ser mais triste não

Me dê a mão, Isabella.