quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Mente calada

Precisava não parar, não pensar, não deixar de viver. O cansaço que lhe tomava o corpo lhe tirava o ar, mas mesmo assim, insistia em manter viva aquela energia pulsante que a mantinha longe de qualquer pensamento. Mesmo assim o corpo continuava insistindo em parar, em pensar, em não dizer ou falar nada, em simplesmente estar. Corpo e mente entravam então numa disputa intensa que dava ao primeiro grande vantagem.
Mesmo não querendo parar, foi delicadamente levada a deixar-se ficar, foi deixando-se tomar conta por aquela onda leve e intensa, parada e calada. Aquilo que pulsava dentro de si continuava querendo falar, tomar palavra, mas já não encontrava mais espaço, tinha sido engolida.
E assim ficou sentada no tempo, contemplando como um filme tudo que se passava na mente. Contemplando todo o sentimento, pensamento, palavra, sem pegar nada para si. Não era uma escolha, era levada a como um barco sem âncora, como folha no vento. Talvez amanhã tivesse outra vez poder sobre seu corpo, talvez amanhã a mente pudesse dizer sim e ser ouvida. Mas hoje não, hoje era só corpo. E corpo, mesmo com aquilo que não sabia o que era e que procurava entender e fugir, pedia silêncio.

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