domingo, 3 de fevereiro de 2008

A volta

A volta pro Rio de Janeiro foi um tanto quanto conturbada... Talvez eu, nas minhas andanças européias com tanta saudade de casa e dos que estavam aqui, não imaginasse o quanto a vida estaria para mudar... Mas mudou. Dizem muito que é uma fase de mudanças, que Deus fecha uma porta e abre uma janela, que é melhor que as mudanças aconteçam agora; e todas aquelas outras frases que a gente conhece pra consolar aqueles que passam por um turbilhão inesperado.
Fato é que uma viagem como essa muda muito, não só a nossa cabeça como o nosso próprio jeito de ser e estar no mundo. Ando me deparando com uma pessoa que não conheço muito bem, ando me estranhando com ela, mas aos poucos vou me acostumando e gostando da minha própria compania.
Esperava chegar no Brasil, matar as saudades de todos e naõ sentir mais aquela solidão imensa de pessoa sozinha em país desconhecido, com língua desconhecida, tendo um mundo inteiro a conhecer pela frente e tendo que enfrentar um dia de cada vez. Balela. Cheguei aqui sozinha, num pais conhecido, fato; mas ainda tendo um mundo inteiro a conhecer e tendo que enfrentar um dia de cada vez. A grande descoberta, que parece uma obviedade, é que nascemos sozinhos, vivemos sozinhos e enfrentamos as adversidades sozinhos . A grande descoberta é de estar sim sozinho, de ter uma vida única e de ser o único responsável por ela, sendo claro ajudado pelos amigos e família; mas viver? a gente vive, sente, sofre e anda sozinho.
É como se minhas andanças pela europa tivessem sido uma amostra maior e mais difícil do que se vive aqui todo dia, com a vantagem de ter lindos lugares a conhecer, muitas coisinhas a comprar e muitas fotos para tirar.
Algumas coisas me foram tiradas pela vida desde que cheguei, coisas que passam, coisas que realmente não eram minhas e que por isso meforam tiradas. Mas fica a certeza de que aquilo que eu vi, vivi e venci e que as fotos não mostram; ah, isso ninguém me tira.
Ninguém me tira a felicidade de ver o Davi em tamanho maior do que o real pela primeira vez. A estonteante imagem da Torre Eiffel em Trocadero. Olhar para o castelo de Chenanceau, debaixo de um temporal e imaginar reis e rainhas, príncipes e princesas passando a cavalo por ali, vivendo histórias que só vemos em filmes. As lindas amizades que fiz e que, por pouco que me acompanhassem pela viagem, são pessoas que vão ficar pra vida inteira. A felicidade de chegar em Portugal e ser entendida assim, de primeira, sem ter que ficar pensando durante alguns minutos. Chegar na Eurodisney e me sentir criança denovo! Andar no dumbo e realmente me divertir com ele subindo e descendo!! Aprender a andar de metro em Paris, a comprar o ticket de onibus antes de entrar nele para não ser expulsa, andar pelas ruazinhas da Itália e encontrar lindas lojas de brinquedos de madeira, ver as Ruínas de Roma e imaginar a história que se passou ali, comer pastel de belém em Belém, olhar a vista de lisboa de cima do castelo de São Jorge junto com o balé das andorinhas, passear por veneza num dia de sol, ver o por do sol lá de cima da PraçaMichelangelo em Florença, entrar na Basílica de São Pedro, andar por varias ruas pequenas e de repente dar de cara com um grande e inesperado monumento, andar de trem...conhecer depois de anos de espera, a Escola da Ponte e ver que ela é realmente tão sensacional como se imaginava, ver que a Torre de Pisa é realmente torta mas mesmo assim permanece em pé! Descobrir que ficar só não é tão ruim como se pensava, que é uma questão de costume apesar da grande falta que faz saber que se pode ligar a qualquer momento para alguém querido. Andar pelas ruas de Paris no frio e deixar a fumacinha sair da boca! Se encantar com os peixes do oceanário de Lisboa, andar pelas ruas despreocupadamente sem medo da violência, ver novelas brasileiras em Portugal, conversar com senhorinhas sempre muito simpáticas, sair pelas ruas fazendo amigos emqualquer esquina, descobrir brasileiros em cada lugar, as casinhas de pedra na Itália, Assis e suas construções de pedra, o túmulo de São Francisco, Padova vazia com alguns moradores andando de bicicleta, falar françês, tentar falar italiano, tomar café no Sympatique e conversar com Yulssef todos os dias, passear pelas ruas de florença a noite, jantar num restaurante italiano em boa compania, jantar sozinha e tirar mil fotos de mim mesma, fotografar, fotografar, fotografar... Ver as ninféias de Monet ali, originais e em tamanho natual numa sala enorme, ver o quadro de Renoir Le Petit Filles au Piano, posar para um pintor em Momatre e congelar enquanto ele me desenhava, me sentir extremamente triste num momento e logo depois imensamente feliz de descobrir uma coisa nova, ver pinochios por toda a Itália, me descobrir forte e corajosa em cada nova etapa vencida. Isso meus queridos, não me pode ser tirado nunca. Continuo a procura da janela aberta, mas enquanto ela não aparece, me ilumino com as lembranças e as vivências.

Um comentário:

Catarina Chagas disse...

Puxa, e eu ainda não consegui te ver!
Vamos nos encontrar nesse findi?
Querop
Beijos