domingo, 10 de fevereiro de 2008

Acabou o nosso carnaval

Antigamente carnaval pra mim era só aquela semana em fevereiro em que as escolas de samba saíam todas coloridas pela avenida disputando um campeonato e um standarte de ouro. Eu, quando criança e adolescente, junto com meus irmãos e primos, me refugiava, contra a minha vontade, no sítio de minha família tentando assistir aos desfiles, principalmente ao da Mangueira, minha escola de coração. Tentava pois, antes do final da primeira escola estávamos lá, todos dormindo na santa paz que uma casa de campo pode proporcionar.
Dizíamos sempre que iríamos acordar de madrugada para ver o desfile da Mangueira, escola de quase toda a família com exceção de um primo que torcia fervorosamente pela Mocidade. Ele sim acordava no meio da noite para assistir o desfile de sua escola. Na quarta feira de cinzas a tarde estávamos todos la, sentados na sala da televisão munidos de biscoitos de chocolate e sorvete de maracujá feito pela tia avó, prontos para assistir à apuração e descobrir se ganhava mangueira ou mocidade. Independente do resultado tudo terminava com uma chuva de confetes na varanda e um pulo na piscina. O tempo foi passando, a gente foi crescendo e alguns de nós não iam mais passar o carnaval no sítio. Eu durante muitos anos me rendi a isso e a cada ano levava uma amiga para fazer compania, afinal o carnaval de rua de Piraí é imperdível, que nos digam as amigas companheiras.
Há 3 anos atrás descobri o carnaval do Rio, o carnaval de rua. Alguns dizem que já descobri tarde pois o carnaval do Rio não é mais como era antes, foi tomado por playboys e patricinhas que antes passavam o carnaval na bahia, os blocos já estão lotados e muitos foliões são alvos de assaltos. Fato é que há 3 carnavais saio pelas ruas fantasiada, munida não só de confetes como de alegria, disposição e porpurina. Fui descobrindo que o mais divertdo do carnaval não é simplesmente ficar no bloco, encontrar pessoas e sair da linha normal do dia a dia. O mais divertido do carnaval é se fantasiar, poder sair na rua com cores que não usaríamos jamais para ir trabalhar, é colocar a fantasia de pierrot, de colombina ou de empregada doméstica sem vergonha nenhuma e sair, andando pela rua.
O carnaval é a fantasia que vira realidade, a alegria que toma conta das ruas (atualmente de quase todas elas) é o momento que a gente para só pra cantar as marchinhas e os sambas há anos no nosso inconsciente coletivo. Carnaval é passar dias e dias na cabeça com "bandeira branca amor, não posso mais pela saudade que me invade eu quero paz" ou então com "quem não chora não mama segura meu bem a chupeta, lugar quente é na cama ou então no bola preta". É só nessa pequena época do ano que cantamos todas essas marchinhas compostas há tantos e tantos anos atrás, sem letras complicadas ou melodias complexas, são simplesmente marchinhas de carnaval.
São 4 dias de pura folia e mesmo aqueles que não gostam acabam se rendendo e cantando as marchinhas, parando na rua para ver os blocos, e se enriquecem com a alegria do povo.

"Acabou o nosso carnaval
Ninguém ouve cantar canções..."

E que venha o do ano que vem!

Um comentário:

Anônimo disse...

é, eu ainda to revezando entre a calma da casa de campo e a folia dos blocos de rua... esse ano foi a vez do sítio do vovô, mas que venha ano que vem!