segunda-feira, 6 de outubro de 2008

A dádiva da escolha.

Alicia Fernández, uma famosa psicopedagoga argentina, fala sobre a construção da autoria na criança. Segundo ela, só aprendemos quando somos autores do nosso processo de aprendizagem, ou seja, quando somos atores principais no nosso filme.
A aprendizagem não é algo passivo, não é transmissão de conhecimento; vem do colocar em prática aquilo que se construiu, de exercer aquilo que já é seu.
O que muitas pessoas não se dão conta é que não são só as crianças que precisam construir autoria e serem autoras da própria vida e da prória história. Muitos adultos por aí se esqueceram de serem sujeitos donos de sua vida, escolhedores dos próprios caminhos, detendores da própria vontade. E vão abrindo espaço para que os outros escolham por eles, façam por eles, sintam por eles. Vão levando, empurrando a vida com a barriga, ou deixando serem epurrados por outros.
Escolher é uma das maiores dádivas que ganhamos na vida. Adão e Eva já tinham o livre arbítro. E ainda ganhamos cada vez mais o poder dessa escolha. Escolhemos nossas profissões, se vamos casar, se vamos ter filhos. Escolhemos em quem votar, em quem não votar, quem amar, quem casar. Escolhemos se vamos ao teatro ou ao cinema; à praia ou a piscina; à chuva ou ao sol. A gosto da liberdade presente nisso e o poder de tomar as próprias decisões, são, pra mim, das melhores coisas da vida.
E tem gente que abre mão disso. Pra viver uma vida sem escolhas, pra deixar os outros influenciarem demais, ouvindo-se cada vez menos. E vão perdendo a habilidade de ouvir aquela vozinha lá no fundo (que uns chamam de intuição, outros de sexto sentido, outros de coração), que nos diz exatamente o que fazer. Eu ando treinando cada vez mais a audição dessa vozinha. E tem dado certo. Ela raramente erra. E assim vou aprendendo, sendo sujeito de minha história, autora dos meus livros, dos meus erros, dos meus acertos. E sigo exercendo esse poder.

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