domingo, 13 de abril de 2008

E convidou-a pra rodar...

Quando se está imerso em algum problema, quando estamos presos lá no fundo do abismo sem enxergar a luz lá fora, se divertir pode ser uma coisa muito complicada e difícil. Em outros momentos ela pode ser muito simples.
Gosto de dançar. Sempre gostei, desde que me lembro dos tempos de mikonos. Houve uma época, aquela em que a gente se acha desengonçada e estranha, em que achava que não sabia dançar. Dançar qualquer música. Dançar junto era coisa de casal e eu ainda era muito nova pra entender o que era uma gafieira. Depois fui crescendo e descobrindo que cada um dança do seu jeito e que o bom de dançar era a gente se integrar com a música e sentir ela lá, bem no fundo. Tão fundo que a gente precisasse botar ela pra fora, assim por todos os poros.
Então eu dançava, dançava dançava. Em festas, casamentos, boates.E os melhores momentos eram aqueles que tocava aquela música que eu mais gostava ! Era tão bom que parecia que dançar e cantar com todas as forças não era suficiente pra demonstrar toda aquela energia.

"Eu perguntava do you wanna dance,
e te abraçava do you wanna dance.
Lembrar você, um sonho a mais não faz mal."

Depois de um tempo eu descobri o forró. E aí vi que dançar juntinho, além de ser muito bom, não era só coisa de casal. A gente ia pra pista e esperava ser tirado pra dançar. Depois que eu descobri o samba ah.... Aprendi a dançar samba, forró e gafieira, não sou uma exímia bailarina, mas o gosto por aquilo era tão grande que eu acabei aprendendo a me deixar levar.
Dançar desse jeito rodopiando no salão é se sentir livre mesmo tendo que estar no rítmo. A gente vai sendo levada pelo parceiro, rodopia, rodopia, deixa o corpo ir embora dentro da música, do tempo, dos passos.
Ontem tive a oportunidade de me divertir simplesmente com o prazer de ser levada. Alguém que me levava, me movimentava até o ponto em que estava tão imersa naquilo sem saber o lugar de cada coisa. Estava inebriada não sei se com o rítimo, os passos ou a música.
Se deixar levar pela música e pelo parceiro é descansar um pouco da responsabilidade que temos no dia-a-dia. Tomar decisões, ir, voltar, caminhar, dar um passo pra frente, dar outro pra trás, cumprir prazos, regras, trabalhar. Ali naquele salão, eu só tinha que me deixar levar, rodopiar, dançar... era só dar a mão deixar o corpo fluir. E isso era tão bom... Sem pensar, pois quando a gente pensa, erra o passo. É só deixar sentir a música, o rítmo e os passos vem .
E a gente rodopia, rodopia, rodopia
Gira, gira...
É como viver sem ter o peso da vida, das escolhas. Claro que as escolhas nos fazem seres autonomos e precisamos delas para viver com individualidade. Mas às vezes elas tornam a vida bem mais pesada e difícil. É nesss momentos que gostaria de estar no salão, ser tirada pra dançar e dançar a noite inteira, como que não tem hora pra chegar...

Ouçam "Valsinha" de Chico Buarque e acho que vão entender o que eu estou dizendo!

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