quinta-feira, 19 de junho de 2014

A incrível geração de mulheres que foi criada na contradição.

Realmente, como disse Ruth, não somos criadas para ser o tipo de mulher que o homem quer. Fomos criadas para ser boas profissionais, falar várias línguas, ser pró ativas e principalmente independentes. Não cozinhamos muito bem, mas lemos os clássicos, não sabemos passar roupa, mas lemos os jornais e sabemos tudo o que acontece no mundo. 

Pode parecer absurdo, mas também fomos criadas para casar e ter filhos. Compramos uma imagem de que a felicidade está na vida a dois, ou melhor, a três... de preferência a cinco (um marido, dois filhos e um bichinho de estimação). A casa bem cuidada, o marido feliz, as crianças correndo... não são esses até hoje os comerciais de margarina? Não é esse ainda o final da telenovela?  A mulher conquistou seu espaço, mas a imagem do seu futuro ainda é arraigada em preceitos antigos: casa, casamento, filhos que devem combinar com independência, proatividade, cultura, inteligência. Só de escrever já me sinto sufocada com tantas necessidades. Não seriam contraditórios sonho e realidade? O que buscamos e aquilo com o que sonhamos? 

Serão as mulheres independentes (financeira e emocionalmente) felizes sem uma família nos moldes margarina? Essas mulheres (poderia dizer nós) cresceram  vendo a mídia, a escola, a família e a sociedade venderem para ela a imagem de que esse é o modelo de felicidade."Não quer casar? Não quer ter filhos? Como assim? Em que mundo você vive, mulher?" "Ah, tenho certeza de que isso é uma defesa, que de no fundo esse é seu sonho." 

 Sim, pode ser. Mas na busca pela sua independência, esse sonho pode acabar ficando para trás. Não estaríamos entrando em uma incoerência sem saída?  E não deveríamos admitir que para muitas mulheres sim, esse é um sonho difícil de se conquistar? Devemos então ficar presas a uma imagem de felicidade, frustradas por ter conseguido emprego, independência, liberdade e cultura, e não família e filhos?  Ah...faltou amor... um companheiro pra vida, um amante, um ombro pra descansar... Mas essa necessidade é interna de cada uma, e não tem ligação estreita com família e filhos... pode haver um, dois, três, cinco amores e vinte viagens na vida de uma mulher e ela se sentir feliz, completa e desejante ao mesmo tempo. 

Ainda depois de tanto tempo, nós mulheres, mais do que nunca, vivemos uma contradição sem fim... uma contradição que é tripla: o que queremos, o que devemos querer e o que conseguimos dessa vida. 


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