Na folha quadrada e branca
Desenhou um castelo de madeira
Pintado de branco
Com torres altas
Com portas abertas.
Foi desenhando lagos, patos,
árvores e flores coloridas.
Mas eis que o desenho não cabia no Espaço,
Não cabia no Tempo
Pra Vida, ainda não era hora.
Quem deu ordens de desenhar tantas cosias?
E desatou a desconstruir o que a Vida não tinha pedido.
Foi apagando os traços das torres,
Tirando o azul do lago,
O verde das árvores e arrancando as flores uma a uma.
A Vida não deixou que ficasse uma só grama no papel.
Quem era aquela a lhe desafiar? Colocando flores onde ela queria pedras?
Pintando lagos onde ela queria terra?
Por último a Vida mandou fechar as portas do castelo. E que ela só abrisse quando mandasse.
Afinal, era preciso proteger o castelo e era Ela que dizia quando abrir as portas.
Mas a menina queria abrir todas as portas, os vidros, as janelas. Queria grama e flores coloridas.
Mas com a Vida não se discute. Numa rajada de vento fechou as portas.
E a menina obedeceu, na esperança que o Tempo as abrisse.
Um comentário:
Adorei esse! lindo!
Joana Toledo
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